Construir alternativas
Realizaram-se em paralelo entre 11e 12 de Maio e 10 e 14 do mesmo mês, a Cimeira União Europeia – América Latina e Caribe (UE - ALC) e a chamada Cimeira Alternativa «Enlazando Alternativas 2» em Viena (Áustria). Tive a oportunidade de participar no encontro alternativo e no conjunto das iniciativas promovidas por organizações e partidos tanto da ALC como de países da UE. Foi um debate vasto e interessante sobre a realidade socioeconómica de ambos os lados do Atlântico, onde se destacou de forma mais veemente para uns e menos para outros, uma clara oposição ao capitalismo neoliberal. Seria negar o evidente se disséssemos que todos coincidiam na análise da situação e na proposta sobre a questão «o que fazer?». As organizações e forças em presença eram diversas, mas no centro de todo o debate estava uma questão central: a necessidade de construir alternativas.
Prosseguindo o objectivo de alargar externamente a influência do capital europeu e das suas multinacionais, os países europeus tinham em carteira para a Cimeira entre governos três objectivos fundamentais: a proposta de criação de uma zona de livre Comércio entre a UE e a ALC, aprofundar os acordos comerciais já existentes com México e Chile e a elaboração de um acordo do mesmo tipo com o Mercosul.
Por seu lado, a Cimeira Alternativa (na sua iniciativa «Tribunal dos Povos») apresentava imensos exemplos da exploração a que muitas empresas europeias têm submetido os povos da ALC e dos seus recursos naturais. Aliados desta exploração foram também citados os ajustamentos estruturais do FMI e BM, a política de empréstimos do BEI (Banco Europeu de Investimentos) e os acordos no âmbito da OMC. Do lado de cá do Atlântico, ficava a condenação do neoliberalismo e a sua tentativa de constitucionalização (derrotada pelo Não em França e na Holanda), o militarismo, a criação de um mercado interno de serviços (directiva Bolkestein).
Toda a ALC tem sido vítima de um neocolonialismo que conduziu muitos países e povos a situações extremas de pobreza e exploração, através da privatização sectores estratégicos, de serviços públicos essenciais como a saúde, a educação e a água. Adensa-se a diferença entre ricos e pobres, sustentada nos baixos ou inexistentes direitos laborais, na escassa ou inexistente segurança social, permitindo taxas de lucro fabulosas, provocando a desintegração social, a emigração, a xenofobia, a proliferação da violência e do crime organizado, do medo.
Ficou patente nas muitas intervenções proferidas, ao longo dos quatro dias da Cimeira Alternativa, a convergência de posições imperialistas da União Europeia e dos EUA no que toca à tentativa de imposição do modelo neoliberal, recorrendo ao unilateralismo, à militarização das relações internacionais e à guerra. No caso de Cuba, mais uma vez se condenou a posição dos EUA pela manutenção do bloqueio terrorista ao povo cubano e a posição seguidista da UE neste plano. Igualmente criticado foi o Plano Colômbia, através do qual, a pretexto do combate ao narcotráfico, os EUA ajudam à manutenção do conflito interno e da criminalização da resistência e dando cobertura à actividade criminosa do paramilitarismo.
Tema de conversas e intervenções foi a decisão recente do governo boliviano que, de forma soberana, levou à prática o compromisso assumido durante a campanha eleitoral de renacionalizar os hidrocarbonetos, adoptando medidas de índole semelhante às anteriormente tomadas pelo governo venezuelano.
Do lado de cá do Atlântico, contra a tal decisão, levantaram-se os arautos do neoliberalismo e defensores da manutenção da exploração das multinacionais, num coro de críticas, tendo proposto tal tema para ser discutido no âmbito do debate sobre casos de violação de direitos humanos no Parlamento Europeu. Sempre e sempre em nome da sacrossanta propriedade, do capitalismo!
Mas os povos resistem e, resistindo, avançam com importantes conquistas. Frente à tentativa de imposição da ALCA (Tratado de Livre Comércio das Américas) e dos Tratados de Livre Comércio bilaterais, avançam as propostas de integração baseadas no respeito pela soberania dos países, pelos interesses mútuos, numa base solidária, como a ALBA (lançada pelos governos da Venezuela e Cuba) e o recentemente proposto pelo governo Boliviano: Tratado de Comércio dos Povos. Desta forma se demonstra que sim, é possível construir alternativas à integração capitalista.
Prosseguindo o objectivo de alargar externamente a influência do capital europeu e das suas multinacionais, os países europeus tinham em carteira para a Cimeira entre governos três objectivos fundamentais: a proposta de criação de uma zona de livre Comércio entre a UE e a ALC, aprofundar os acordos comerciais já existentes com México e Chile e a elaboração de um acordo do mesmo tipo com o Mercosul.
Por seu lado, a Cimeira Alternativa (na sua iniciativa «Tribunal dos Povos») apresentava imensos exemplos da exploração a que muitas empresas europeias têm submetido os povos da ALC e dos seus recursos naturais. Aliados desta exploração foram também citados os ajustamentos estruturais do FMI e BM, a política de empréstimos do BEI (Banco Europeu de Investimentos) e os acordos no âmbito da OMC. Do lado de cá do Atlântico, ficava a condenação do neoliberalismo e a sua tentativa de constitucionalização (derrotada pelo Não em França e na Holanda), o militarismo, a criação de um mercado interno de serviços (directiva Bolkestein).
Toda a ALC tem sido vítima de um neocolonialismo que conduziu muitos países e povos a situações extremas de pobreza e exploração, através da privatização sectores estratégicos, de serviços públicos essenciais como a saúde, a educação e a água. Adensa-se a diferença entre ricos e pobres, sustentada nos baixos ou inexistentes direitos laborais, na escassa ou inexistente segurança social, permitindo taxas de lucro fabulosas, provocando a desintegração social, a emigração, a xenofobia, a proliferação da violência e do crime organizado, do medo.
Ficou patente nas muitas intervenções proferidas, ao longo dos quatro dias da Cimeira Alternativa, a convergência de posições imperialistas da União Europeia e dos EUA no que toca à tentativa de imposição do modelo neoliberal, recorrendo ao unilateralismo, à militarização das relações internacionais e à guerra. No caso de Cuba, mais uma vez se condenou a posição dos EUA pela manutenção do bloqueio terrorista ao povo cubano e a posição seguidista da UE neste plano. Igualmente criticado foi o Plano Colômbia, através do qual, a pretexto do combate ao narcotráfico, os EUA ajudam à manutenção do conflito interno e da criminalização da resistência e dando cobertura à actividade criminosa do paramilitarismo.
Tema de conversas e intervenções foi a decisão recente do governo boliviano que, de forma soberana, levou à prática o compromisso assumido durante a campanha eleitoral de renacionalizar os hidrocarbonetos, adoptando medidas de índole semelhante às anteriormente tomadas pelo governo venezuelano.
Do lado de cá do Atlântico, contra a tal decisão, levantaram-se os arautos do neoliberalismo e defensores da manutenção da exploração das multinacionais, num coro de críticas, tendo proposto tal tema para ser discutido no âmbito do debate sobre casos de violação de direitos humanos no Parlamento Europeu. Sempre e sempre em nome da sacrossanta propriedade, do capitalismo!
Mas os povos resistem e, resistindo, avançam com importantes conquistas. Frente à tentativa de imposição da ALCA (Tratado de Livre Comércio das Américas) e dos Tratados de Livre Comércio bilaterais, avançam as propostas de integração baseadas no respeito pela soberania dos países, pelos interesses mútuos, numa base solidária, como a ALBA (lançada pelos governos da Venezuela e Cuba) e o recentemente proposto pelo governo Boliviano: Tratado de Comércio dos Povos. Desta forma se demonstra que sim, é possível construir alternativas à integração capitalista.