Globalidades
Após a entrada em Belém em registo familiar para benefício do espectáculo político-mediático, Cavaco Silva remeteu-se a discreto recolhimento com o objectivo de, como foi anunciado, estudar os dossiers.
A sabática presidencial começa agora a dar frutos, como se comprova pelas recentes aparições públicas, em que o primeiro magistrado da nação oferece, magnânimo, as pérolas do seu pensamento às ignatas massas.
O seu mais recente conselho é uma adaptação de uma máxima da economia – pensar global, agir local -, que Cavaco propõe seja vertida para economês nacional como «pensar global, agir global», asseverando ser este o caminho certo para o crescimento do país.
A nova teoria vai certamente revolucionar o País e produzir mudanças radicais na mentalidade vigente, que assim dotada de tão importante ferramente é bem capaz de descobrir que há mais mundo para além das lusas gentes, que é como quem diz mais gente para explorar.
De facto, olhando para os dados que por estes dias vieram a público, fácil se torna concluir que cá a exploração está a ficar saturada, ou seja, já falta cinto para impor mais furos.
De acordo com os números oficiais, o desemprego nos distritos de Aveiro, Porto e Braga subiu 82 por cento desde 2000, o que representa qualquer coisa como o dobro da média nacional. Na faixa litoral Norte do País, a mais atingida, há hoje quase 200 mil pessoas inscritas nos centros de emprego, mais 90 mil do que há seis anos.
A situação está longe de ser passageira, como reconhece o próprio presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional, Francisco Madelino, que em declarações ao JN de ontem reconhece que estes 90 mil novos desempregados «são pessoas com uma empregabilidade muito reduzida», pelo que seriam precisas «políticas activas de emprego e reforço da formação», de forma a permitir uma «dupla qualificação, académica e profissional».
Não se vislumbrando no horizonte mais do que o «pensar global, agir global», seja lá o que isso for para Cavaco, e não havendo por parte do Governo outra política activa para além do simplex, chocadex e encerradex, sobejam razões para temer que o neoliberalismo que cavalga pelo mundo se traduza tão só numa ainda mais desenfreada desregulamentação do trabalho, em deslocalizações de empresas, no dumping social à escala global.
Cavaco, que enquanto primeiro-ministro não se furtou a contribuir abundantemente para esta realidade, diz-se agora preocupado com os pobrezinhos, e aponta a globalização como remédio de todos os males, para que quem não morreu da doença possa morrer da cura.
A sabática presidencial começa agora a dar frutos, como se comprova pelas recentes aparições públicas, em que o primeiro magistrado da nação oferece, magnânimo, as pérolas do seu pensamento às ignatas massas.
O seu mais recente conselho é uma adaptação de uma máxima da economia – pensar global, agir local -, que Cavaco propõe seja vertida para economês nacional como «pensar global, agir global», asseverando ser este o caminho certo para o crescimento do país.
A nova teoria vai certamente revolucionar o País e produzir mudanças radicais na mentalidade vigente, que assim dotada de tão importante ferramente é bem capaz de descobrir que há mais mundo para além das lusas gentes, que é como quem diz mais gente para explorar.
De facto, olhando para os dados que por estes dias vieram a público, fácil se torna concluir que cá a exploração está a ficar saturada, ou seja, já falta cinto para impor mais furos.
De acordo com os números oficiais, o desemprego nos distritos de Aveiro, Porto e Braga subiu 82 por cento desde 2000, o que representa qualquer coisa como o dobro da média nacional. Na faixa litoral Norte do País, a mais atingida, há hoje quase 200 mil pessoas inscritas nos centros de emprego, mais 90 mil do que há seis anos.
A situação está longe de ser passageira, como reconhece o próprio presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional, Francisco Madelino, que em declarações ao JN de ontem reconhece que estes 90 mil novos desempregados «são pessoas com uma empregabilidade muito reduzida», pelo que seriam precisas «políticas activas de emprego e reforço da formação», de forma a permitir uma «dupla qualificação, académica e profissional».
Não se vislumbrando no horizonte mais do que o «pensar global, agir global», seja lá o que isso for para Cavaco, e não havendo por parte do Governo outra política activa para além do simplex, chocadex e encerradex, sobejam razões para temer que o neoliberalismo que cavalga pelo mundo se traduza tão só numa ainda mais desenfreada desregulamentação do trabalho, em deslocalizações de empresas, no dumping social à escala global.
Cavaco, que enquanto primeiro-ministro não se furtou a contribuir abundantemente para esta realidade, diz-se agora preocupado com os pobrezinhos, e aponta a globalização como remédio de todos os males, para que quem não morreu da doença possa morrer da cura.