Retomar os caminhos do progresso
O parlamento vietnamita vai reunir em sessão plenária entre Maio e Junho, assembleia que terá como temas centrais a recomposição do governo e a redefinição das políticas de desenvolvimento no país.
«O Vietname reduziu para metade a má-nutrição infantil»
No seguimento das orientações aprovadas durante os trabalhos do X Congresso do Partido Comunista do Vietname, a Assembleia Nacional do país irá reunir, de 16 de Maio a 29 de Junho próximos, para discutir, entre outras matérias, os planos de desenvolvimento e reorganização industrial, o aprofundamento das medidas de combate à pobreza e de coesão social, e a campanha anticorrupção no seio do Estado.
Durante a IX Assembleia daquele órgão de soberania, os deputados também se preparam para debater a recomposição do executivo governamental, ponto tido como fundamental para levar a bom porto os projectos, objectivos e resoluções anteriormente aprovados.
Segundo a Agência Vietnamita de Informação, que cita um porta-voz do governo, o actual primeiro-ministro, Phan Van Khai, não será reconduzido no cargo. O mesmo cenário deve repetir-se nas pastas da Defesa Nacional, Relações Externas, Assuntos Internos, Cultura e Informação e Transportes.
O titular deste último ministério, Dao Dinh Binh, foi mesmo acusado pelo ainda primeiro-ministro de estar envolvido num escândalo de corrupção. Para já, só o vice-ministro e diversos funcionários do ministério foram detidos, mas o processo não deve ficar por aqui, uma vez que os deputados pediram uma extensa análise à Unidade de Administração de Projectos por forma a apurarem cabalmente as responsabilidades no caso.
Informações recentes afirmam ainda que o ministro dos Transportes jogou milhões de dólares em apostas relativas a partidas de futebol. Acresce que o responsável terá tentado subornar a equipa de investigação encarregue da matéria, facto que estará na base de outra exigência dos parlamentares, a eleição na Assembleia do director da comissão de auditoria do Estado.
O governo preparou também um extenso documento onde informa os deputados sobre o uso dos fundos recebidos com o objectivo de ajudar ao desenvolvimento do Vietname, tema que assume particular importância no contexto da entrada em vigor das leis anticorrupção e de combate ao despesismo e uso lesivo dos recursos.
Negociações pela OMC
Antes da realização da Assembleia Nacional, o governo vietnamita cumprirá uma ronda negocial com os EUA com vista a desbloquear a entrada do país na Organização Mundial do Comércio (OMC), pretensão acalentada pela nação asiática desde meados dos anos 90.
Entre 8 e 11 de Maio, autoridades vietnamitas e norte-americanas encontram-se em Washington. Para o Vietname, as barreiras levantadas pela Casa Branca são o último obstáculo à inclusão da sua economia na esfera da OMC, isto depois de terem fechado compromissos nesse sentido com os principais parceiros comerciais do país, a Austrália, a China, o Japão e a Nova Zelândia.
Em causa continuam os subsídios estatais a sectores com muito peso relativo nas exportações, pedra de toque do desenvolvimento do Vietname. Para além da agricultura, nomeadamente no que diz respeito à produção de cereais como o arroz, base da subsistência alimentar da esmagadora maioria da população, outro sector ainda débil para competir no mercado global é o dos têxteis e confecções, responsável por dezenas de milhares de postos de trabalho e uma fatia muito significativa no PIB.
O Vietname pretende forçar a entrada na OMC antes de receber, em Novembro, em Hanói, a XIV Encontro do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), mas não parece disposto a ceder mais terreno às exigências dos EUA.
Má nutrição reduzida a metade
Entretanto, a UNICEF revelou dados que demonstram que o Vietname reduziu para metade os números da má-nutrição infantil e apresentou indicadores de sucesso no combate à propagação do vírus HIV entre a população, feitos considerados pela organização das Nações Unidas como «raros» no contexto da Ásia Oriental e do Pacífico.
A agência saudou os esforços oficiais, mas os responsáveis do Vietname não se manifestaram satisfeitos, uma vez que admitem que um quarto das crianças continua a apresentar sintomas de desnutrição. Não obstante 89 por cento dos menores entre os 36 meses e os seis anos receberem cápsulas de vitamina A, fornecidas pelas entidades de saúde pelo menos duas vezes por ano, a terapia não anula totalmente a carência deste nutriente, por isso, cerca de 12 por cento das crianças persiste com problemas de desenvolvimento físico e mental.
Desenvolvimento industrial em marcha
No quadro do plano de desenvolvimento industrial que o governo do Vietname pretende implementar até 2010, mobilizando para tal mais de 40 mil milhões de dólares em investimentos directos, o país vai passar a estar dividido em seis regiões.
O Estado contribui com aproximadamente dois terços do valor total do capital investido, ao passo que o restante ficará a cargo de investidores estrangeiros (27 por cento), e ao abrigo de programas internacionais de ajuda ao desenvolvimento (6 por cento). A cada uma das seis regiões caberá uma fatia do «bolo» global, canalizada para os sectores com maiores possibilidades de desenvolvimento não só no contexto da economia local como, sobretudo, enquadrados nos objectivos traçados para o país: ser considerado entre os mais desenvolvidos até ao ano de 2020.
No Norte do Vietname, a prioridade vai para a produção hidroeléctrica, a agricultura, a industria madeireira e de materiais de construção, a metalurgia, as minas e os compostos químicos.
Nas províncias situadas no Delta do Rio Vermelho, os investimentos concentram-se nos sectores termoeléctrico, electrónico e de tecnologias da informação, mecânica e processamento de matérias minerais.
Na terceira região, que agrega as dez províncias próximas da orla costeira, ficarão situados complexos de refinação de petróleo e petroquímica, construção naval, fabricação de maquinaria pesada, calçado e confecção de vestuário.
Na zona do Planalto Central, o aproveitamento dos recursos naturais vai permitir o crescimento do sector hidroeléctrico e de exploração de bauxite.
A Sudoeste, onde se situa a cidade de Ho Chi Min, região da qual o Vietname extrai 20 milhões de toneladas de petróleo todos os anos, a aposta é na petroquímica, no processamento de produtos marinhos, nas industrias química, farmacêutica, electrónica, de calçado e têxteis para exportação, e de software informático.
Finalmente, a sexta região contribui com o incremento da exploração de gás natural e a transformação de produtos e derivados agrícolas.
Durante a IX Assembleia daquele órgão de soberania, os deputados também se preparam para debater a recomposição do executivo governamental, ponto tido como fundamental para levar a bom porto os projectos, objectivos e resoluções anteriormente aprovados.
Segundo a Agência Vietnamita de Informação, que cita um porta-voz do governo, o actual primeiro-ministro, Phan Van Khai, não será reconduzido no cargo. O mesmo cenário deve repetir-se nas pastas da Defesa Nacional, Relações Externas, Assuntos Internos, Cultura e Informação e Transportes.
O titular deste último ministério, Dao Dinh Binh, foi mesmo acusado pelo ainda primeiro-ministro de estar envolvido num escândalo de corrupção. Para já, só o vice-ministro e diversos funcionários do ministério foram detidos, mas o processo não deve ficar por aqui, uma vez que os deputados pediram uma extensa análise à Unidade de Administração de Projectos por forma a apurarem cabalmente as responsabilidades no caso.
Informações recentes afirmam ainda que o ministro dos Transportes jogou milhões de dólares em apostas relativas a partidas de futebol. Acresce que o responsável terá tentado subornar a equipa de investigação encarregue da matéria, facto que estará na base de outra exigência dos parlamentares, a eleição na Assembleia do director da comissão de auditoria do Estado.
O governo preparou também um extenso documento onde informa os deputados sobre o uso dos fundos recebidos com o objectivo de ajudar ao desenvolvimento do Vietname, tema que assume particular importância no contexto da entrada em vigor das leis anticorrupção e de combate ao despesismo e uso lesivo dos recursos.
Negociações pela OMC
Antes da realização da Assembleia Nacional, o governo vietnamita cumprirá uma ronda negocial com os EUA com vista a desbloquear a entrada do país na Organização Mundial do Comércio (OMC), pretensão acalentada pela nação asiática desde meados dos anos 90.
Entre 8 e 11 de Maio, autoridades vietnamitas e norte-americanas encontram-se em Washington. Para o Vietname, as barreiras levantadas pela Casa Branca são o último obstáculo à inclusão da sua economia na esfera da OMC, isto depois de terem fechado compromissos nesse sentido com os principais parceiros comerciais do país, a Austrália, a China, o Japão e a Nova Zelândia.
Em causa continuam os subsídios estatais a sectores com muito peso relativo nas exportações, pedra de toque do desenvolvimento do Vietname. Para além da agricultura, nomeadamente no que diz respeito à produção de cereais como o arroz, base da subsistência alimentar da esmagadora maioria da população, outro sector ainda débil para competir no mercado global é o dos têxteis e confecções, responsável por dezenas de milhares de postos de trabalho e uma fatia muito significativa no PIB.
O Vietname pretende forçar a entrada na OMC antes de receber, em Novembro, em Hanói, a XIV Encontro do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), mas não parece disposto a ceder mais terreno às exigências dos EUA.
Má nutrição reduzida a metade
Entretanto, a UNICEF revelou dados que demonstram que o Vietname reduziu para metade os números da má-nutrição infantil e apresentou indicadores de sucesso no combate à propagação do vírus HIV entre a população, feitos considerados pela organização das Nações Unidas como «raros» no contexto da Ásia Oriental e do Pacífico.
A agência saudou os esforços oficiais, mas os responsáveis do Vietname não se manifestaram satisfeitos, uma vez que admitem que um quarto das crianças continua a apresentar sintomas de desnutrição. Não obstante 89 por cento dos menores entre os 36 meses e os seis anos receberem cápsulas de vitamina A, fornecidas pelas entidades de saúde pelo menos duas vezes por ano, a terapia não anula totalmente a carência deste nutriente, por isso, cerca de 12 por cento das crianças persiste com problemas de desenvolvimento físico e mental.
Desenvolvimento industrial em marcha
No quadro do plano de desenvolvimento industrial que o governo do Vietname pretende implementar até 2010, mobilizando para tal mais de 40 mil milhões de dólares em investimentos directos, o país vai passar a estar dividido em seis regiões.
O Estado contribui com aproximadamente dois terços do valor total do capital investido, ao passo que o restante ficará a cargo de investidores estrangeiros (27 por cento), e ao abrigo de programas internacionais de ajuda ao desenvolvimento (6 por cento). A cada uma das seis regiões caberá uma fatia do «bolo» global, canalizada para os sectores com maiores possibilidades de desenvolvimento não só no contexto da economia local como, sobretudo, enquadrados nos objectivos traçados para o país: ser considerado entre os mais desenvolvidos até ao ano de 2020.
No Norte do Vietname, a prioridade vai para a produção hidroeléctrica, a agricultura, a industria madeireira e de materiais de construção, a metalurgia, as minas e os compostos químicos.
Nas províncias situadas no Delta do Rio Vermelho, os investimentos concentram-se nos sectores termoeléctrico, electrónico e de tecnologias da informação, mecânica e processamento de matérias minerais.
Na terceira região, que agrega as dez províncias próximas da orla costeira, ficarão situados complexos de refinação de petróleo e petroquímica, construção naval, fabricação de maquinaria pesada, calçado e confecção de vestuário.
Na zona do Planalto Central, o aproveitamento dos recursos naturais vai permitir o crescimento do sector hidroeléctrico e de exploração de bauxite.
A Sudoeste, onde se situa a cidade de Ho Chi Min, região da qual o Vietname extrai 20 milhões de toneladas de petróleo todos os anos, a aposta é na petroquímica, no processamento de produtos marinhos, nas industrias química, farmacêutica, electrónica, de calçado e têxteis para exportação, e de software informático.
Finalmente, a sexta região contribui com o incremento da exploração de gás natural e a transformação de produtos e derivados agrícolas.