Reforçar o Partido, reforçando os meios financeiros

José Capucho (Membro do Secretariado)
No quadro político actual, o reforço do Partido é o elemento central e determinante para resistir e lançar as bases para avanços futuros.

É necessário cuidar da situação financeira em cada organização

Sendo o PCP indispensável e insubstituível para uma mudança de rumo na política nacional, para a construção de uma alternativa de esquerda, este objectivo por que lutamos passa incontornavelmente por um Partido mais forte.
O XVII Congresso apontou medidas para consolidar e desenvolver a organização, promover uma maior participação e responsabilização dos militantes e aprofundar a ligação do Partido à classe operária, aos trabalhadores e ao povo.
Levar à prática as conclusões do Congresso e a resolução do Comité Central de Novembro de 2005, que decidiu este ano como ano de reforço do Partido, é o caminho para consolidar avanços já conseguidos.
Como parte integrante desse reforço é necessário alargar a base financeira, ultrapassando dificuldades e reforçando o trabalho de fundos do Partido.
A par de todo o esforço para dinamizar a intervenção política e o movimento de massas, para recrutar mais, para reactivar e criar novas células nas empresas e locais de trabalho, para vender mais o Avante! e O Militante, para pôr a funcionar mais organismos, para responsabilizar mais militantes, em particular jovens e trabalhadores – esforço que envolve militantes e organismos –, é necessário cuidar da situação financeira em cada organização. Esta é uma condição básica para atingir os objectivos traçados, pois sem meios financeiros será muito mais difícil chegar onde almejamos e consolidar o já conseguido.
Sendo o nosso Partido um partido de trabalhadores, a sua contribuição financeira é em consequência limitada. A este facto acrescem ainda as dificuldades impostas pela lei de financiamento dos partidos – lei que no essencial visa atingir o PCP –, impondo inaceitáveis limitações às possibilidades de angariação de fundos de forma militante e procurando que os partidos estejam quase totalmente dependentes das subvenções estatais.
As limitações impostas e as dificuldades que se nos apresentam não podem ser motivo ou razão para não aumentarmos as receitas, de modo a responder com êxito ao volume de encargos que temos com iniciativas políticas, funcionários, centros de trabalho, propaganda, transportes e comunicações, entre outras.

Sim, é possível!

A nossa independência política e ideológica também advém da nossa independência económica. É mesmo uma peça fundamental para a sua afirmação.
Para conseguirmos alcançar o equilíbrio financeiro, torna-se necessário instalar o hábito da discussão, o acompanhamento e o controlo da situação dos fundos do Partido em todos os organismos (dos organismos superiores aos organismos de base), responsabilizando camaradas por estas tarefas. Importa assim:
- ganhar os militantes para a importância de terem a quota em dia e de a actualizarem com regularidade (na ordem de 1% relativo ao valor do salário), aproveitando a entrega do novo cartão para este efeito;
- estimular a recolha de contribuições de amigos do Partido, assim como a realização de iniciativas de angariação de fundos, de «campanhas» de pagamento de quota suplementar, dia de salário para o Partido;
- acompanhar nos respectivos organismos as contribuições dos eleitos nos vários órgãos do poder, fazendo cumprir o princípio estatutário de não serem prejudicados nem beneficiados, discutindo, quando necessário, no plano político, ideológico e moral a concretização desta nossa prática distintiva do exercício do poder;
- combater concepções de grandeza e de facilitismo, os gastos inúteis, os desperdícios, as despesas não justificadas;
- sermos exigentes e tomar as medidas adequadas que garantam o rigor, correcção e controlo nas contas e na gestão dos recursos do Partido, tendo sempre presente que o dinheiro do Partido, dinheiro dos trabalhadores, é dinheiro que não pode ser malbaratado.
Com o empenho e a dedicação de todos, continuando a vencer inércias e rotinas onde persistam, também neste aspecto do nosso trabalho podemos afirmar: «Sim é possível! Um PCP mais forte!»


Mais artigos de: Opinião

Simplex, enganex

Longe vão os tempos em que os cidadãos eram solicitados a dizer ‘trinta e três’ para atestar sabe-se lá que aptidão, expondo-se à galhofa alheia caso tivessem o azar de trocar o ‘r’ por ‘l’ e cantassem inadvertidamente ‘tlinta e tlês’.Agora a nova moda é ‘diga trezentos e trinta e três’, número mágico criado pelo governo...

Uma farsa dos nossos tempos

Os resultados das eleições de 19 de Março na Bielorússia deixaram os EUA e a UE no limiar de um acesso de histeria. A avaliação, pertencente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros bielorusso, não é exagerada. Tal como já ocorrera nas eleições de 2001, a tentativa de desestabilização golpista na Bielorrússia, decretada...

Ninguém daria pelo lapso

Há cerca de duas semanas, o Público divulgou, com honras de destaque de primeira página, um artigo assinado por Donald Rumsfeld, secretário de Estado da Defesa do governo de Bush. Tratava-se, naturalmente, de uma peça de propaganda ao estilo do Pentágono, insolente e boçal, na qual os crimes contra a Humanidade...

Uma pontinha de ciúmes

A agitação interna que envolve os dois principais partidos da direita será expressão de lutas pelo poder, ajuste de contas ou tão só do retomar de disputas adiadas num passado recente. Manda a verdade que se diga que — com ou sem «directas» para a liderança, no caso do PSD, com ou sem a recém aprovada solução «dois em...

Os trinta dinheiros

Só de passagem refiro as 333 medidas que o Governo anunciou para «desburocratizar» a nossa vida, um anúncio que já tem no nosso jornal, a Talhe de Foice, um merecido comentário. Os portugueses já se vão habituando às medidas «laterais» do executivo de Sócrates, que afinal não passam de propaganda. O que a gente sabe é...