Criminosos de guerra

José Casanova
A comunicação social dominante, controlada pelo regime de política única que há trinta anos domina Portugal ao serviço do grande capital, dá-nos todos os dias exuberantes exemplos de prática de desinformação organizada - que o mesmo é dizer de um profundo desprezo pela inteligência e pelo direito à informação dos cidadãos. A forma como esses média trataram a morte de Milosevic é um exemplo concreto de como essa prática pode assumir contornos de lavagem colectiva de cérebros. Jornais, revistas, rádios, televisões – todo o poderoso arsenal que integra a referida comunicação social dominante – procederam durante uma semana a uma das mais despudoradas e escabrosas manifestações de desinformação de que há memória. Mentindo e sabendo que mentiam, manipulando e sabendo que manipulavam, falsificando e sabendo que falsificavam, esses órgãos ditos de informação, em coro síncrono, repetiram-se repetindo mentiras e falsidades que já anteriormente haviam divulgado e que, em muitos casos, de há muito haviam sido inequivocamente desmentidas – de tal forma que esta semana de falsificação da verdade ficará assinalada como uma negra e sórdida mancha de indignidade na história da comunicação social portuguesa.
E a verdade é que Milosevic foi assassinado por esse monstro a que deram o nome de Tribunal Penal Internacional, autêntico instrumento da nova ordem imperialista de cariz fascizante chefiada pelos Estados Unidos da América. Lendo as actas do julgamento – que nos trazem à memória os tribunais fascistas de Salazar e Caetano - facilmente se conclui que as razões que levaram os EUA a ordenar aos seus homens de mão europeus que prendessem e condenassem Milosevic, têm tudo a ver, não com os crimes de guerra que lhe eram atribuídos mas com o facto de ele ter resistido às ordens do imperialismo, de ter recusado rasgar a Constituição do seu país que jurara defender. Apresentado como um tribunal para julgar criminosos de guerra, o TPI existe, de facto, para condenar quem os criminosos de guerra querem que seja condenado.
E os criminosos de guerra são, entre muitos outros, os responsáveis pela morte de centenas de milhar de inocentes, estes que os média portugueses muito bem conhecem: o Bush e Cia., mais o rastejante Blair e todos os servis governantes da maioria dos países da União Europeia - governantes portugueses incluídos. Obviamente.


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