Combate à fraude e evasão fiscais

Sem metas nem objectivos

O PCP acusou o Governo de não ter como prioridade da sua acção, ao contrário do que afirma, a luta contra a fraude e evasão fiscais.

A posição foi assumida pelo deputado comunista Honório Novo em debate parlamentar, na passada semana, centrado precisamente no Relatório sobre o combate àqueles fenómenos negativos que atingem em larga escala a nossa economia.
Nele se referem «dados positivos» apontados pela administração fiscal suportados na criação de sistemas informáticos mais adequados, bases de dados únicas e aperfeiçoamento das metodologias de recolha. Pronunciando-se sobre esta evolução no combate à fraude e evasão fiscais, o parlamentar comunista atribuiu-a sobretudo ao resultado de um processo global de informatização de serviços. Um processo que, acrescentou, «tem sido demasiado lento e já deveria estar concluído há bastante tempo se tivesse sido - e nunca foi - prioridade política para sucessivos governos, incluindo o actual».
Salientado pela bancada comunista foi ainda o facto de o Relatório ser deficitário na informação que presta em relação a um conjunto de matérias importantes, como sejam a cobrança de receitas - «nada é quantificado nem qualificado», frisou Honório Novo - , o controlo das actividades transfronteiriças ou os próprios dados relativos ao combate ao crime fiscal.
Ausentes do Relatório estão, por outro lado, na perspectiva da bancada do PCP, as «metas e objectivos de curto prazo». Este é claramente mais um plano onde o documento é «insatisfatório», ficando-se muito mais pelas orientações do que pelo traçar de «compromissos e objectivos». «É um Relatório cheio de boas intenções mas vazio de calendarização e de programação», acusou o deputado comunista, exemplificando essa falta de quantificação no anúncio de uma «política fiscal de tolerância zero a atingir em 2008», sem definir qualquer parâmetro que caracterize esse objectivo, ou o reforço substancial do combate à economia paralela.
Apesar de o Governo reconhecer que esta economia paralela equivale a cerca de 22 por cento do produto interno bruto (PIB), disse o deputado, «não apresenta objectivos nem anuncia sequer em quantos pontos percentuais pretende diminuir o seu peso».
Honório Novo insistiu em que o Governo «nada diz, nem sequer que o objectivo da legislatura possa, por exemplo, ser remeter o valor da economia paralela para o valor médio comunitário, que ronda os 17 por cento do PIB».
Acusou ainda o Executivo de passar ao lado de «elementos centrais do combate à evasão e fraude fiscais», como a eliminação do sigilo bancário e a promoção da justiça fiscal.
Na eliminação dos factores de injustiça identificou os que, no seu entender, decorrem do «elevado volume de benefícios fiscais injustificados que continuam a beneficiar sectores de actividade com elevadíssima rentabilidade económica».


Mais artigos de: Assembleia da República

Projecto do PCP proíbe taxas

O Grupo Parlamentar do PCP quer proibir a cobrança de comissões ou taxas sobre os pagamentos feitos com cartão de débito Multibanco. Um projecto de lei nesse sentido deu entrada no Parlamento.

Um verdadeiro desastre

É um erro e um erro grave o abate indiscriminado de escolas do 1.º Ciclo do ensino básico e dos jardins de infância. Quem o afirma é o PCP, para quem este encerramento tem por base puras razões economicistas, na linha do neoliberalismo mais selvagem.

Resistir e lutar

O Grupo Parlamentar do PCP desafiou o Governo a esclarecer quais as medidas ou curso ou que pensa adoptar para evitar o encerramento da empresa Rodhe, situada em Pinhel.

Imposições indignas

O PCP voltou a expressar a sua discordância quanto ao modo como decorreu o processo negocial global que desembocou no alargamento da União Europeia. Não está em causa a integração dos novos Estados membros – essa é uma opção livre de cada país – mas sim as imposições geo-estratégicas, orçamentais e institucionais de que...

Pelo desanuviar das tensões

Previa-se que o debate fosse sobre política do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Assim o designava a agenda parlamentar, faz hoje oito dias. Acabou contudo por não ser assim, porque o partido proponente da interpelação ao Governo – o CDS/PP – quis fazer deste debate um ajuste de contas com o seu antigo líder, hoje...

Defender os moradores

O Grupo Parlamentar do PCP voltou a insistir na necessidade de ser encontrada uma solução justa para os bairros dos Lóios e das Amendoeiras, em Lisboa, o que passa, do seu ponto de vista, pelo diálogo e acerto de posições entre o Governo, a Câmara Municipal de Lisboa e as associações de moradores. À luz desse objectivo...