Contra o terrorismo norte-americano

Cubanos manifestam-se em Havana

Milhares de pessoas manifestaram-se, anteontem, em Havana, contra o terrorismo patrocinado pelos EUA contra Cuba e a libertação de um dos seus autores, Luis Posada Carriles.

«Carriles é o responsável pelo atentado contra um avião civil de Cuba»

O protesto, convocado para junto da porta da Oficina de Interesses norte-americanos na capital cubana, pretende ainda demonstrar o desagrado popular pela actuação dos representantes dos EUA no país, com particular destaque para o chefe da missão, Michael Parmly, acusado de incentivar, promover e patrocinar o terrorismo anticubano.
Antes da marcha, o presidente cubano dirigiu-se à multidão para explicar o conteúdo provocatório das acções mais recentes tomadas por Washington, entre as quais se contam a violação do acordo bilateral sobre migração e a ruptura dos vínculos diplomáticos mínimos estabelecidos desde 1977.
Segundo as palavras de Fidel Castro, a administração Bush tem como objectivo o aprofundamento da asfixia económica do país, razão pela qual não só colocou restrições às remessas monetárias enviadas pelos trabalhadores cubanos emigrados nos EUA, como também procura desesperadamente impedir a exportação de produtos agrícolas por parte de empresários norte-americanos interessados em estabelecer relações comerciais com a ilha.
O escritório dirigido por Parmly é, de acordo com Fidel, o centro logístico das operações.

Posada Carriles deve ser julgado

O processo de libertação do terrorista internacional Luis Posada Carriles também mereceu destaque no protesto.
Carriles é apontado como o principal responsável pelo atentado levado a cabo, em 1976, contra um avião da companhia de aviação civil de Cuba. No ataque morreram 73 pessoas, mas as autoridades norte-americanas só o detiveram recentemente ao abrigo de um processo de imigração ilegal.
Actualmente, Carriles encontra-se encarcerado em El Paso, no Texas, gozando de regalias enquanto aguarda pelo espirar do prazo para apresentação de acusação por permanência ilegal nos EUA.
No passado dia 26 de Setembro, respondendo a um pedido de extradição emitido pelos responsáveis judiciais de Caracas, um juiz norte-americano determinou que Carriles podia ser extraditado para qualquer país, menos para Cuba ou para a Venezuela.
Os venezuelanos pretendem julgar o operacional da CIA pela acção repressiva contra dirigentes políticos e sindicalistas no país, bem como pela tentativa de assassinato, em 2000, numa universidade do Panamá, onde Fidel Castro se encontrou para um debate com centenas de estudantes.

Perfil de um terrorista

Luis Posada Carriles tinha 30 anos quando triunfou a revolução cubana, período após o qual se refugia na embaixada da Argentina, em Havana, vindo a sair do país em 1961, pouco antes do ataque norte-americano na Baía dos Porcos.
Carriles não desembarca com os restantes milicianos contra-revolucionários, mas participa na intentona como especialista da CIA em explosivos, espionagem e acções de sabotagem. Estes conhecimentos valem-lhe as boas graças dos serviços secretos de Washington e, de 1961 até ao seu ingresso no exército norte-americano, em 1963, lidera uma equipa de agentes infiltrados.
No final das décadas de 60 e 70, Carriles dedica-se à venda de armas e ao auxílio às ditaduras latino-americanas.
Na Venezuela, é indiciado como um dos mentores do aparelho repressivo do Estado. No Chile, fica conhecido por organizar e instruir as brigadas repressivas da ditadura fascista de Augusto Pinochet, e na Argentina é apontado como um dos responsáveis pelo assassinato de funcionários cubanos no país.
Depois do atentado contra o avião civil cubano, em 1976, o agente da CIA é detido pelas autoridades venezuelanas, mas acaba por fugir e estabelece base em El Salvador.
Dai organiza acções contra partidos e forças progressistas emergentes em países como El Salvador, Nicarágua, Guatemala e Honduras.
Entre Miami, as Honduras e El Salvador, Posada Carriles orquestra diversos atentados em Cuba. Em 2000 foi detido no Panamá por tentar assassinar Fidel Castro enquanto decorria um encontro de chefes de Estado latino-americanos.


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