A voar baixinho
Aparentemente, o Governo anda de tal modo embrenhado nas negociatas do aeroporto da OTA - há quem diga que será o negócio do século - que não consegue apresentar uma explicação satisfatória para os voos rasantes que a CIA anda a fazer à dignidade nacional.
De São Bento e das Necessidades chegam apenas titubeantes gargarejos sobre o assunto, contrastando com o imenso bruá que percorre a Europa e os próprios EUA. A bem dizer, o mundo está em polvorosa com os escândalo dos aviões secretos da CIA que transportam prisioneiros sem culpa formada para prisões igualmente secretas em diversos países - onde são torturados ou, no novo léxico da administração norte-americana, submetidos a processos ‘imaginativos’ para a obtenção de informações -, enquanto em Lisboa o executivo PS assobia para o lado.
Tudo começou em Setembro com um pedido de esclarecimento do PCP, através do seu grupo parlamentar, aos ministérios da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros, que não teve resposta. Os comunistas voltaram à carga em Novembro, quando o escândalo já fazia manchetes na imprensa internacional, mas Freitas do Amaral limitou-se a sacudir a água do capote assacando eventuais responsabilidades para Paulo Portas e o anterior executivo, enquanto o actual ministro da Defesa, vindo a terreiro a despropósito, quiçá para colmatar o silêncio ensurdecedor do seu colega da Administração Interna, metia os pés pelas mãos afirmando não ter «informações relevantes» sobre o assunto. Pressionado pelos média, o ministro acrescentou não haver de momento «oportunidade de agenda» para um pedido de explicações à administração Bush, e nem o facto de existirem registos dos aviões piratas da CIA estacionados em aeroportos portugueses já durante o mandato do actual Governo o fez mudar de discurso.
Sócrates, por seu turno, mantém-se mudo e quedo, numa demonstração clara de que a submissão ao imperialismo é vista com a maior das naturalidades pelo executivo PS.
Sucede porém que também em política não basta ser sério, é preciso parecê-lo, pelo que o governo português está ficar isolado entre os parceiros comunitários, que dizem querer esclarecer o assunto, tal como já fizeram o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa ao exigirem uma investigação a mais esta despudorada violação das soberanias nacionais pelos EUA no seu afã de tornearem os mais elementares direitos humanos. É caso para dizer que o governo de Sócrates, tão dedicado a planos tecnológicos, voa cada vez mais baixo.
De São Bento e das Necessidades chegam apenas titubeantes gargarejos sobre o assunto, contrastando com o imenso bruá que percorre a Europa e os próprios EUA. A bem dizer, o mundo está em polvorosa com os escândalo dos aviões secretos da CIA que transportam prisioneiros sem culpa formada para prisões igualmente secretas em diversos países - onde são torturados ou, no novo léxico da administração norte-americana, submetidos a processos ‘imaginativos’ para a obtenção de informações -, enquanto em Lisboa o executivo PS assobia para o lado.
Tudo começou em Setembro com um pedido de esclarecimento do PCP, através do seu grupo parlamentar, aos ministérios da Administração Interna e dos Negócios Estrangeiros, que não teve resposta. Os comunistas voltaram à carga em Novembro, quando o escândalo já fazia manchetes na imprensa internacional, mas Freitas do Amaral limitou-se a sacudir a água do capote assacando eventuais responsabilidades para Paulo Portas e o anterior executivo, enquanto o actual ministro da Defesa, vindo a terreiro a despropósito, quiçá para colmatar o silêncio ensurdecedor do seu colega da Administração Interna, metia os pés pelas mãos afirmando não ter «informações relevantes» sobre o assunto. Pressionado pelos média, o ministro acrescentou não haver de momento «oportunidade de agenda» para um pedido de explicações à administração Bush, e nem o facto de existirem registos dos aviões piratas da CIA estacionados em aeroportos portugueses já durante o mandato do actual Governo o fez mudar de discurso.
Sócrates, por seu turno, mantém-se mudo e quedo, numa demonstração clara de que a submissão ao imperialismo é vista com a maior das naturalidades pelo executivo PS.
Sucede porém que também em política não basta ser sério, é preciso parecê-lo, pelo que o governo português está ficar isolado entre os parceiros comunitários, que dizem querer esclarecer o assunto, tal como já fizeram o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa ao exigirem uma investigação a mais esta despudorada violação das soberanias nacionais pelos EUA no seu afã de tornearem os mais elementares direitos humanos. É caso para dizer que o governo de Sócrates, tão dedicado a planos tecnológicos, voa cada vez mais baixo.