Para já
Recentemente, numa importante praça da cidade do Porto, estava uma brigada de militantes do PCP a fazer o mesmo trabalho que centenas de brigadas semelhantes têm realizado um pouco por todo o País: apresentavam aos transeuntes a Campanha Nacional de 100 mil assinaturas que o PCP lançou na última festa do Avante!, no princípio de Setembro último, protestando frontalmente contra a tentativa em curso, por parte do Governo PS de José Sócrates, de aumentar a idade de reforma dos trabalhadores para os 68 anos.
Tudo corria normalmente: o grupo estava bem identificado, os objectivos da recolha de assinaturas também, com o protesto contra o aumento da idade de reforma tão visível como evidente, as pessoas iam interrompendo regularmente a azáfama do dia para acrescentarem a sua assinatura e o seu protesto, uma ou outra dava mesmo dois dedos de conversa.
Até que chega um carro da polícia. A viatura pára, saem dela todos os agentes que a ocupavam, encaminham-se para a banca. A brigada do PCP nem tempo tem, ou necessidade, de esboçar qualquer reacção a esta aparente interpelação policial: um a um, os agentes subscrevem o abaixo-assinado e partem.
Daí a pouco começam a aparecer mais agentes policiais, agora à civil, todos para assinar o protesto. Tinham sido avisados pelos primeiros e não quiseram perder a oportunidade de juntar a voz ao imenso clamor que já reboa pelo País.
Este episódio - tão breve como significativo - vem citado nas páginas desta edição, na peça que faz um balanço da Campanha Nacional de assinaturas em curso há cerca de três meses e que, acrescente-se, está em vias de se concluir com inteiro sucesso. Compreende-se porquê: os portugueses já perceberam que esta ofensiva actual contra os trabalhadores da Administração Pública - a quem o Governo de José Sócrates trata cinicamente como «privilegiados» e pretende aplicar, de imediato, o aumento da idade da reforma dos 60 para os 65 anos (incluindo obviamente todos, sejam polícias ou enfermeiros, médicos ou amanuenses, professores ou contínuos, etc. etc.) -, representa um primeiro e decisivo passo na concretização de novos aumentos da idade da reforma para todos os trabalhadores dos 65 para os 68 anos, em sintonia, aliás, com o que a crise capitalista está a «inspirar» em países como a Itália, a Alemanha, a Holanda ou a Finlândia, onde os respectivos governos, sejam de direita ou da pretensa «esquerda» social-democrata, se afadigam para fazer já saltar a idade da reforma dos 65 para os 68 anos.
Como também se refere na peça supracitada, «o PCP deu prioridade, nesta campanha de assinaturas, ao contacto com os trabalhadores nos seus locais de trabalho e junto das empresas, mas também a outros sectores da população igualmente afectados pelas consequências das políticas neoliberais», o que, em parte, explica o grande sucesso que esta acção de protesto está a conseguir.
A parte restante da explicação está no generalizado mal-estar que esta ofensiva governamental desencadeou no País, mobilizando as mais diversas vontades e adesões ao protesto liderado pelo PCP, de que o episódio dos agentes policiais no Porto é exemplo flagrante e suficiente.
Daí que o Governo se cuide e prepare: para já, está na iminência de receber qualquer coisa como 100 mil assinaturas dos mais diferentes profissionais, recusando liminarmente esta ofensiva vergonhosa contra o elementar direito à reforma.
Para já.
Tudo corria normalmente: o grupo estava bem identificado, os objectivos da recolha de assinaturas também, com o protesto contra o aumento da idade de reforma tão visível como evidente, as pessoas iam interrompendo regularmente a azáfama do dia para acrescentarem a sua assinatura e o seu protesto, uma ou outra dava mesmo dois dedos de conversa.
Até que chega um carro da polícia. A viatura pára, saem dela todos os agentes que a ocupavam, encaminham-se para a banca. A brigada do PCP nem tempo tem, ou necessidade, de esboçar qualquer reacção a esta aparente interpelação policial: um a um, os agentes subscrevem o abaixo-assinado e partem.
Daí a pouco começam a aparecer mais agentes policiais, agora à civil, todos para assinar o protesto. Tinham sido avisados pelos primeiros e não quiseram perder a oportunidade de juntar a voz ao imenso clamor que já reboa pelo País.
Este episódio - tão breve como significativo - vem citado nas páginas desta edição, na peça que faz um balanço da Campanha Nacional de assinaturas em curso há cerca de três meses e que, acrescente-se, está em vias de se concluir com inteiro sucesso. Compreende-se porquê: os portugueses já perceberam que esta ofensiva actual contra os trabalhadores da Administração Pública - a quem o Governo de José Sócrates trata cinicamente como «privilegiados» e pretende aplicar, de imediato, o aumento da idade da reforma dos 60 para os 65 anos (incluindo obviamente todos, sejam polícias ou enfermeiros, médicos ou amanuenses, professores ou contínuos, etc. etc.) -, representa um primeiro e decisivo passo na concretização de novos aumentos da idade da reforma para todos os trabalhadores dos 65 para os 68 anos, em sintonia, aliás, com o que a crise capitalista está a «inspirar» em países como a Itália, a Alemanha, a Holanda ou a Finlândia, onde os respectivos governos, sejam de direita ou da pretensa «esquerda» social-democrata, se afadigam para fazer já saltar a idade da reforma dos 65 para os 68 anos.
Como também se refere na peça supracitada, «o PCP deu prioridade, nesta campanha de assinaturas, ao contacto com os trabalhadores nos seus locais de trabalho e junto das empresas, mas também a outros sectores da população igualmente afectados pelas consequências das políticas neoliberais», o que, em parte, explica o grande sucesso que esta acção de protesto está a conseguir.
A parte restante da explicação está no generalizado mal-estar que esta ofensiva governamental desencadeou no País, mobilizando as mais diversas vontades e adesões ao protesto liderado pelo PCP, de que o episódio dos agentes policiais no Porto é exemplo flagrante e suficiente.
Daí que o Governo se cuide e prepare: para já, está na iminência de receber qualquer coisa como 100 mil assinaturas dos mais diferentes profissionais, recusando liminarmente esta ofensiva vergonhosa contra o elementar direito à reforma.
Para já.