Aniversário triste
Mas os maiores perigos não vêm hoje dos papagaios ingleses ou dos patos suecos, e sim de outras «aves»
Em 24 de Outubro de 1945 foi oficialmente criada a ONU. Mas este é um 60º aniversário triste, para a ONU e para os povos do mundo. Multiplicam-se os sinais de que, longe de cumprir a sua missão fundamental de «unir forças para preservar a paz e segurança internacionais» (Carta da ONU), há quem esteja a empurrar a ONU para o triste papel de folha de parra das agressões imperialistas.
Não seria a primeira vez. A guerra dos EUA contra a Coreia, no início dos anos 50, foi conduzida sob a bandeira da ONU. Tal como a agressão das potências imperialistas contra o Congo, em 1960, que culminou no assassinato de Lumumba. Foi sob a chancela da ONU que se consumou outro grande crime: as sanções contra o Iraque que mataram centenas de milhar de civis ao longo dos anos 90. Não esquecendo o triste papel desempenhado durante toda a agressão imperialista contra os povos dos Balcãs.
Dois factos recentes parecem indicar novos perigos. Em Setembro, a Agência para a Energia Atómica Internacional (um organismo da ONU) votou uma resolução remetendo o programa iraniano de construção de centrais energéticas nucleares para o Conselho de Segurança. Na mesma sessão, rejeitou discutir «o potencial e a ameaça nuclear» de Israel (Herald Sun, 1.10.05) que é, desde há muitos anos, o único país com armas nucleares no Médio Oriente. Agora, uma «Comissão Especial de Investigação» sobre o assassinato do ex-Primeiro Ministro libanês produziu um relatório falando de «envolvimento libanês e sírio». Os próximos dias esclarecerão melhor esse relatório. Mas um jornal do Kuwait (Arab Times, 23.10.05) noticia já que as alegações se baseiam numa «testemunha chave síria», Zuheir al-Siddiq, residente em Paris e procurado no seu país por fraude e deserção. Um «currículo» curiosamente semelhante à de Ahmed Chalabi, o iraquiano ao serviço dos EUA que esteve por detrás de algumas das falsas «revelações» dos EUA sobre o Iraque.
Síria e Irão estão hoje no topo da lista de alvos do imperialismo norte-americano. Basta ler o discurso de Bush na fundação National Endowment for Democracy (6 de Outubro). Um discurso tão beligerante quanto delirante, onde promete combater «sem aceitar nada menos que uma vitória total». Por duas vezes Bush ameaça directamente a Síria e o Irão, que acusa de «partilharem os objectivos» e «ajudarem» o «radicalismo islâmico», afirmando: «os Estados Unidos não fazem qualquer distinção entre os que cometem actos de terror e os que os apoiam e albergam [...] Qualquer governo que escolhe ser um aliado do terror também escolhe ser um inimigo da civilização. E o mundo civilizado tem de obrigar esses regimes a prestar contas». A retórica da guerra está de novo em marcha.
Mas os EUA não esperaram por este relatório para iniciar operações militares contra a Síria. O New York Times (15.10.05) fala de «vários confrontos ao longo do último ano entre tropas americanas e sírias, incluíndo um combate prolongado este Verão que matou vários sírios» e de «unidades clandestinas» a operar nesse país. Nas cidades iranianas repetem-se os atentados terroristas. Tal como há 35 anos, quando uns EUA militarmente derrotados no Vietname optaram por escalar a guerra invadindo o Camboja e Laos e bombardeando o Vietname do Norte, parece estar a prevalecer entre os dirigentes dos EUA a «fuga para a frente».
A ONU tem um papel essencial a desempenhar, para bem da Humanidade, no combate à fome, à doença, ao analfabetismo e falta de escolaridade, e pela Paz. O seu sequestro pelas potências imperialistas ameaça destruir a ONU. Hoje, a comunicação social parece empenhada em lançar um «pânico pre-emptivo» a propósito duma pandemia mundial de gripe das aves cujo perigo para a Humanidade é, para já, apenas uma hipótese. Mas os maiores perigos não vêm hoje dos papagaios ingleses ou dos patos suecos, e sim de outras «aves»: os falcões de Washington, Tel Aviv e Londres que, mais uma vez, parecem querer contaminar o Mundo com o vírus do militarismo imperialista.
Não seria a primeira vez. A guerra dos EUA contra a Coreia, no início dos anos 50, foi conduzida sob a bandeira da ONU. Tal como a agressão das potências imperialistas contra o Congo, em 1960, que culminou no assassinato de Lumumba. Foi sob a chancela da ONU que se consumou outro grande crime: as sanções contra o Iraque que mataram centenas de milhar de civis ao longo dos anos 90. Não esquecendo o triste papel desempenhado durante toda a agressão imperialista contra os povos dos Balcãs.
Dois factos recentes parecem indicar novos perigos. Em Setembro, a Agência para a Energia Atómica Internacional (um organismo da ONU) votou uma resolução remetendo o programa iraniano de construção de centrais energéticas nucleares para o Conselho de Segurança. Na mesma sessão, rejeitou discutir «o potencial e a ameaça nuclear» de Israel (Herald Sun, 1.10.05) que é, desde há muitos anos, o único país com armas nucleares no Médio Oriente. Agora, uma «Comissão Especial de Investigação» sobre o assassinato do ex-Primeiro Ministro libanês produziu um relatório falando de «envolvimento libanês e sírio». Os próximos dias esclarecerão melhor esse relatório. Mas um jornal do Kuwait (Arab Times, 23.10.05) noticia já que as alegações se baseiam numa «testemunha chave síria», Zuheir al-Siddiq, residente em Paris e procurado no seu país por fraude e deserção. Um «currículo» curiosamente semelhante à de Ahmed Chalabi, o iraquiano ao serviço dos EUA que esteve por detrás de algumas das falsas «revelações» dos EUA sobre o Iraque.
Síria e Irão estão hoje no topo da lista de alvos do imperialismo norte-americano. Basta ler o discurso de Bush na fundação National Endowment for Democracy (6 de Outubro). Um discurso tão beligerante quanto delirante, onde promete combater «sem aceitar nada menos que uma vitória total». Por duas vezes Bush ameaça directamente a Síria e o Irão, que acusa de «partilharem os objectivos» e «ajudarem» o «radicalismo islâmico», afirmando: «os Estados Unidos não fazem qualquer distinção entre os que cometem actos de terror e os que os apoiam e albergam [...] Qualquer governo que escolhe ser um aliado do terror também escolhe ser um inimigo da civilização. E o mundo civilizado tem de obrigar esses regimes a prestar contas». A retórica da guerra está de novo em marcha.
Mas os EUA não esperaram por este relatório para iniciar operações militares contra a Síria. O New York Times (15.10.05) fala de «vários confrontos ao longo do último ano entre tropas americanas e sírias, incluíndo um combate prolongado este Verão que matou vários sírios» e de «unidades clandestinas» a operar nesse país. Nas cidades iranianas repetem-se os atentados terroristas. Tal como há 35 anos, quando uns EUA militarmente derrotados no Vietname optaram por escalar a guerra invadindo o Camboja e Laos e bombardeando o Vietname do Norte, parece estar a prevalecer entre os dirigentes dos EUA a «fuga para a frente».
A ONU tem um papel essencial a desempenhar, para bem da Humanidade, no combate à fome, à doença, ao analfabetismo e falta de escolaridade, e pela Paz. O seu sequestro pelas potências imperialistas ameaça destruir a ONU. Hoje, a comunicação social parece empenhada em lançar um «pânico pre-emptivo» a propósito duma pandemia mundial de gripe das aves cujo perigo para a Humanidade é, para já, apenas uma hipótese. Mas os maiores perigos não vêm hoje dos papagaios ingleses ou dos patos suecos, e sim de outras «aves»: os falcões de Washington, Tel Aviv e Londres que, mais uma vez, parecem querer contaminar o Mundo com o vírus do militarismo imperialista.