A quadratura do círculo
O jogo das cadeiras no Governo começou, como seria de esperar e sem grande imaginação, pela pasta das Finanças, mas desta vez, por circunstâncias de calendário eleitoral, precipitou outro jogo, também conhecido dos portugueses, que dá pelo nome de «os presidenciáveis».
Para os mais falhos de memória lembramos que até há poucos dias o País dispunha, nesta matéria, de um tabu, uma garantia, duas ameaças e um facto.
O tabu, está bom de ver, tem a chancela de Cavaco, que cultiva o suspense com a mesma arte e engenho com que cultiva o espírito, seja através da literatura - e a propósito, será que já descobriu quantos cantos têm os Lusíadas? - ou da música, domínio agora alargado com a descoberta da ópera onde ensaia os primeiros passos, anonimamente, é claro, e só por puro acaso tropeçando com hordas de jornalistas que - não há como duvidar - lhe descobriram a paixão pelo bel-canto na bola de cristal.
A garantia só podia ser - como não? - de José Sócrates, que com a mesma convicção das promessas eleitorais fez saber «que ainda é cedo» para falar de presidenciais, deixando subentendido que ao PS o que não faltam são candidatos, cada um melhor do que o outro.
As ameaças, em forma de nin tão ao estilo português, levam o nome de Manuel Alegre e Freitas do Amaral, cada qual no seu jeito a acenar para a ribalta na versão política do «mãe, estou aqui!», com um olho no partido e outro em Belém.
Finalmente o facto, tão factual que pouco sobra para dizer, anunciado pelo PCP, dando conta que os comunistas apresentarão o seu candidato próprio às presidenciais.
Esta era a situação existente até ao momento em que o ministro das Finanças caiu da cadeira, ou foi empurrado, para o caso tanto faz, provocando uma ameaça de efeito dominó capaz de atingir os alicerces do Governo. Pois bem, foi esta a altura escolhida pela velha raposa para sair da toca, onde em abono da verdade nunca chegou a estar retirada, tantas foram as entradas e saídas a preparar a vaga de fundo que havia de a levar em ombros ao top ten dos salvadores da pátria.
É o regresso de Soares, o ilusionista, que apesar de octogenário não desiste de regressar ao Palácio de Belém de onde há uma década saiu a contragosto, gorada a outra vaga de fundo para alterar a legislação que proíbe mais de dois mandatos consecutivos.
Qual naufrago agarrado à tábua de salvação, Sócrates apressou-se a saudar o regresso ao passado, metendo discretamente na gaveta que já foi de Soares as suas promessas de futuro. E digam lá agora que não é possível a quadratura do círculo!!!!
Para os mais falhos de memória lembramos que até há poucos dias o País dispunha, nesta matéria, de um tabu, uma garantia, duas ameaças e um facto.
O tabu, está bom de ver, tem a chancela de Cavaco, que cultiva o suspense com a mesma arte e engenho com que cultiva o espírito, seja através da literatura - e a propósito, será que já descobriu quantos cantos têm os Lusíadas? - ou da música, domínio agora alargado com a descoberta da ópera onde ensaia os primeiros passos, anonimamente, é claro, e só por puro acaso tropeçando com hordas de jornalistas que - não há como duvidar - lhe descobriram a paixão pelo bel-canto na bola de cristal.
A garantia só podia ser - como não? - de José Sócrates, que com a mesma convicção das promessas eleitorais fez saber «que ainda é cedo» para falar de presidenciais, deixando subentendido que ao PS o que não faltam são candidatos, cada um melhor do que o outro.
As ameaças, em forma de nin tão ao estilo português, levam o nome de Manuel Alegre e Freitas do Amaral, cada qual no seu jeito a acenar para a ribalta na versão política do «mãe, estou aqui!», com um olho no partido e outro em Belém.
Finalmente o facto, tão factual que pouco sobra para dizer, anunciado pelo PCP, dando conta que os comunistas apresentarão o seu candidato próprio às presidenciais.
Esta era a situação existente até ao momento em que o ministro das Finanças caiu da cadeira, ou foi empurrado, para o caso tanto faz, provocando uma ameaça de efeito dominó capaz de atingir os alicerces do Governo. Pois bem, foi esta a altura escolhida pela velha raposa para sair da toca, onde em abono da verdade nunca chegou a estar retirada, tantas foram as entradas e saídas a preparar a vaga de fundo que havia de a levar em ombros ao top ten dos salvadores da pátria.
É o regresso de Soares, o ilusionista, que apesar de octogenário não desiste de regressar ao Palácio de Belém de onde há uma década saiu a contragosto, gorada a outra vaga de fundo para alterar a legislação que proíbe mais de dois mandatos consecutivos.
Qual naufrago agarrado à tábua de salvação, Sócrates apressou-se a saudar o regresso ao passado, metendo discretamente na gaveta que já foi de Soares as suas promessas de futuro. E digam lá agora que não é possível a quadratura do círculo!!!!