A trapalhada
Fernando Pinto, o brasileiro que há vários anos é o administrador-delegado da TAP, concedeu há dias uma entrevista ao Diário de Notícias onde foi taxativo, sobre o já celebérrimo novo aeroporto na Ota, também há pouco tempo anunciado pelo primeiro-ministro José Sócrates como uma «obra estratégica» a desenvolver pelo seu Governo.
Disse o administrador da TAP: «Eu nunca vi, e falo também como membro da Associação Portuguesa de Transportadoras Aéreas (APORTAR), um estudo que justificasse a Ota».
Apesar de nada lhe ter sido oficialmente perguntado sobre o assunto, Fernando Pinto não deixou de avançar algumas ideias, nomeadamente considerando que «um dia vamos precisar de um novo aeroporto, não tenho dúvidas disso, não sei é se é na Ota ou noutro lugar», acrescentando que «o ideal, com a dimensão de Portugal, é que não seja muito longe da principal cidade», especificando que «a Ota fica longe» e que a distância ideal entre a capital e o novo aeroporto é «a da Portela», concluindo, por isso, que «se fosse possível, seria muito bom» que o aeroporto de Lisboa continuasse na dita Portela.
O extraordinário disto não é, tanto, a divergência frontal do administrador da TAP em relação ao anunciado novo aeroporto nem, sequer, a singularíssima circunstância de o administrador da linha aérea nacional nada saber sobre a decisão governamental de se construir um novo equipamento aeroportuário com a dimensão nacional e internacional prevista para a Ota.
O incrível – tanto, que parece inacreditável – é que o Primeiro-Ministro José Sócrates anuncie solenemente ao País a decisão governamental de atrelar o Portugal, de imediato e ao longo de pelo menos uma década, a um investimento com a envergadura deste novo aeroporto e o faça sem ter consultado ou, sequer, informado sobre o projecto a administração da única linha aérea nacional.
A TAP não tem nada a dizer sobre o novo aeroporto internacional?
O Governo de José Sócrates já alucinou com a aparente discricionariedade do poder em maioria absoluta e decide, sem mais aquelas, a construção de um equipamento desta envergadura sem, sequer, ouvir os seus primeiros utilizadores nacionais – a linha aérea portuguesa?
Mas a embrulhada não se fica por aqui.
O ministro das Obras Públicas, o ex-comunista Mário Lino, começou também por se aplicar no reforço da majestática decisão do seu chefe de Governo, José Sócrates, quando este proferiu o tal anúncio dos dois «investimentos estratégicos» da legislatura - o aeroporto na Ota e o TGV. Diligente, Mário Lino garantiu então que «até ao final desta legislatura, as obras do novo aeroporto da Ota estarão no terreno».
O pior é que, dias depois, o ministro das Finanças, Campos e Cunha, demitiu-se (ou foi demitido, tanto faz...) por discordar da construção do novo aeroporto, pelo que o mesmo Mário Lino, do alto da sua dignidade ministerial, se sentiu na urgência de exarar novas explicações, afirmando, com igual convicção, que «os projectos do novo aeroporto da Ota vão para a frente» mas «obviamente, têm de ser estudados».
Os projectos ainda «têm de ser estudados»?!... Então como pôde o mesmo ministro garantir, dias antes, que, até ao fim da legislatura, «as obras do novo aeroporto da Ota estarão no terreno»?!... E se os «estudos» - que, afinal, ainda não foram feitos... – chumbarem o novo aeroporto da Ota?!...
No que toca a trapalhadas, não vale a pena o Governo de Sócrates rir-se de Santana Lopes...
Disse o administrador da TAP: «Eu nunca vi, e falo também como membro da Associação Portuguesa de Transportadoras Aéreas (APORTAR), um estudo que justificasse a Ota».
Apesar de nada lhe ter sido oficialmente perguntado sobre o assunto, Fernando Pinto não deixou de avançar algumas ideias, nomeadamente considerando que «um dia vamos precisar de um novo aeroporto, não tenho dúvidas disso, não sei é se é na Ota ou noutro lugar», acrescentando que «o ideal, com a dimensão de Portugal, é que não seja muito longe da principal cidade», especificando que «a Ota fica longe» e que a distância ideal entre a capital e o novo aeroporto é «a da Portela», concluindo, por isso, que «se fosse possível, seria muito bom» que o aeroporto de Lisboa continuasse na dita Portela.
O extraordinário disto não é, tanto, a divergência frontal do administrador da TAP em relação ao anunciado novo aeroporto nem, sequer, a singularíssima circunstância de o administrador da linha aérea nacional nada saber sobre a decisão governamental de se construir um novo equipamento aeroportuário com a dimensão nacional e internacional prevista para a Ota.
O incrível – tanto, que parece inacreditável – é que o Primeiro-Ministro José Sócrates anuncie solenemente ao País a decisão governamental de atrelar o Portugal, de imediato e ao longo de pelo menos uma década, a um investimento com a envergadura deste novo aeroporto e o faça sem ter consultado ou, sequer, informado sobre o projecto a administração da única linha aérea nacional.
A TAP não tem nada a dizer sobre o novo aeroporto internacional?
O Governo de José Sócrates já alucinou com a aparente discricionariedade do poder em maioria absoluta e decide, sem mais aquelas, a construção de um equipamento desta envergadura sem, sequer, ouvir os seus primeiros utilizadores nacionais – a linha aérea portuguesa?
Mas a embrulhada não se fica por aqui.
O ministro das Obras Públicas, o ex-comunista Mário Lino, começou também por se aplicar no reforço da majestática decisão do seu chefe de Governo, José Sócrates, quando este proferiu o tal anúncio dos dois «investimentos estratégicos» da legislatura - o aeroporto na Ota e o TGV. Diligente, Mário Lino garantiu então que «até ao final desta legislatura, as obras do novo aeroporto da Ota estarão no terreno».
O pior é que, dias depois, o ministro das Finanças, Campos e Cunha, demitiu-se (ou foi demitido, tanto faz...) por discordar da construção do novo aeroporto, pelo que o mesmo Mário Lino, do alto da sua dignidade ministerial, se sentiu na urgência de exarar novas explicações, afirmando, com igual convicção, que «os projectos do novo aeroporto da Ota vão para a frente» mas «obviamente, têm de ser estudados».
Os projectos ainda «têm de ser estudados»?!... Então como pôde o mesmo ministro garantir, dias antes, que, até ao fim da legislatura, «as obras do novo aeroporto da Ota estarão no terreno»?!... E se os «estudos» - que, afinal, ainda não foram feitos... – chumbarem o novo aeroporto da Ota?!...
No que toca a trapalhadas, não vale a pena o Governo de Sócrates rir-se de Santana Lopes...