Augustas angústias +
As reacções provenientes dos EUA oscilam entre a angústia e o desplante
Dois acontecimentos políticos relacionados de significado marcaram o início de Julho, antes ainda dos bárbaros atentados de Londres de dia 7 e do início do novo tropel terrorista, claramente visando chocar as «opiniões públicas». São eles, o comunicado conjunto russo-chinês de 3 de Julho, no final da visita oficial do presidente Hu Jintao à Rússia, e, dois dias depois, o pedido da Cimeira de chefes de Estado da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) para que os EUA e a NATO apontem um prazo de retirada das bases militares instaladas em três antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central. Ambos causaram séria apreensão nos círculos imperialistas.
O pedido da OCX, que junta a Rússia e a China e o Casaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, teve um efeito de banho gelado em Washington. O The Wall Street Journal (08.07.05) titula-o como a «perda das estepes centro-asiáticas», salientando a importância das bases militares para as operações correntes no Afeganistão, e também a longo prazo tendo em conta a importância estratégica da região. Por seu lado, o The Washington Times (11.07.05), colocando a nu as reais intenções que movem os EUA na zona, certifica que a «base no Uzbequistão é um elo vital na cadeia do cerco à Rússia e à China» e assegura que as bases militares norte-americanas no Uzbequistão e Quirguistão «abrem o coração da Rússia aos ataques aéreos dos EUA». Recorde-se que foi sob o pretexto da luta anti-terrorista pós 11 de Setembro que os EUA e a NATO lograram a instalação de bases militares naqueles dois países e também no Tadjiquistão.
A declaração da OCX, cuja criação, sob o signo da boa vizinhança e cooperação regional, remonta a 1996, representa ainda um revés na campanha de «instigação democrática» promovida pelos EUA. No Quirguistão depois da deposição em Abril do presidente Akaiev que meses antes proibira os voos dos aviões AWACS, saudada como a «revolução das túlipas», o WSJ constata amargamente que a «considerada pró-americana» MNE deste país da Ásia Central «se apressou a apoiar o apelo da OCX» [de estabelecimento de um prazo de retirada das forças da coligação militar encabeçada pelos EUA], algo – confessa – que «não estava previsto no plano americano de apoio à mudança de regime» O suficiente para o jornal da alta finança norte-americana elencar o exemplo quirguize de «revolução democrática fracassada».
Neste contexto indiciador de importantes alterações de rumo na Ásia Central pós-soviética, ressalva o papel da China e o seu crescente prestígio e dinamismo económico. Factor inseparável da reafirmada «parceria estratégica» russo-chinesa que, não obstante as contradições e opções de classe do regime de Pútin, começa a ganhar um conteúdo palpável em amplos domínios, da defesa à cooperação económica, passando pela recente regularização da já antiga questão fronteiriça.
As reacções provenientes dos EUA oscilam entre a angústia e o desplante. O general Richard Myers, chefe do Estado-Maior Inter-Armas dos EUA, perdendo a compostura, acusou a Rússia e a China de terem forçado o Uzbequistão e o Quirguistão a recusar a presença militar dos EUA. Já o subsecretário da defesa, Douglas Feith, numa postura característica da sobranceria imperialista, excluiu qualquer plano de retirada, uma vez que as acções da tropa dos EUA não dependem de datas mas sim das circunstâncias concretas. De facto, as circunstâncias no Afeganistão, tal como no Iraque, não são animadoras para as forças de ocupação e para os seus planos de implantação neocolonial na região. Antes de mais porque cresce a resistência dos seus povos martirizados à sanha «libertadora» de que são alvo. Enquanto isso, de Duchambé chegava uma nota do respectivo MNE – quiçá em reacção à «discriminação» do general Myers – de que [também] o Tadjiquistão considerava «já se ter tornado desnecessária» a presença no país das forças da «aliança antiterrorista» comandada pelos EUA (Xinhua, 21.07.05). Decididamente, algo está a mudar na Ásia Central, mas em caso algum deverão ser subestimadas as ameaças que o imperialismo transporta.
O pedido da OCX, que junta a Rússia e a China e o Casaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, teve um efeito de banho gelado em Washington. O The Wall Street Journal (08.07.05) titula-o como a «perda das estepes centro-asiáticas», salientando a importância das bases militares para as operações correntes no Afeganistão, e também a longo prazo tendo em conta a importância estratégica da região. Por seu lado, o The Washington Times (11.07.05), colocando a nu as reais intenções que movem os EUA na zona, certifica que a «base no Uzbequistão é um elo vital na cadeia do cerco à Rússia e à China» e assegura que as bases militares norte-americanas no Uzbequistão e Quirguistão «abrem o coração da Rússia aos ataques aéreos dos EUA». Recorde-se que foi sob o pretexto da luta anti-terrorista pós 11 de Setembro que os EUA e a NATO lograram a instalação de bases militares naqueles dois países e também no Tadjiquistão.
A declaração da OCX, cuja criação, sob o signo da boa vizinhança e cooperação regional, remonta a 1996, representa ainda um revés na campanha de «instigação democrática» promovida pelos EUA. No Quirguistão depois da deposição em Abril do presidente Akaiev que meses antes proibira os voos dos aviões AWACS, saudada como a «revolução das túlipas», o WSJ constata amargamente que a «considerada pró-americana» MNE deste país da Ásia Central «se apressou a apoiar o apelo da OCX» [de estabelecimento de um prazo de retirada das forças da coligação militar encabeçada pelos EUA], algo – confessa – que «não estava previsto no plano americano de apoio à mudança de regime» O suficiente para o jornal da alta finança norte-americana elencar o exemplo quirguize de «revolução democrática fracassada».
Neste contexto indiciador de importantes alterações de rumo na Ásia Central pós-soviética, ressalva o papel da China e o seu crescente prestígio e dinamismo económico. Factor inseparável da reafirmada «parceria estratégica» russo-chinesa que, não obstante as contradições e opções de classe do regime de Pútin, começa a ganhar um conteúdo palpável em amplos domínios, da defesa à cooperação económica, passando pela recente regularização da já antiga questão fronteiriça.
As reacções provenientes dos EUA oscilam entre a angústia e o desplante. O general Richard Myers, chefe do Estado-Maior Inter-Armas dos EUA, perdendo a compostura, acusou a Rússia e a China de terem forçado o Uzbequistão e o Quirguistão a recusar a presença militar dos EUA. Já o subsecretário da defesa, Douglas Feith, numa postura característica da sobranceria imperialista, excluiu qualquer plano de retirada, uma vez que as acções da tropa dos EUA não dependem de datas mas sim das circunstâncias concretas. De facto, as circunstâncias no Afeganistão, tal como no Iraque, não são animadoras para as forças de ocupação e para os seus planos de implantação neocolonial na região. Antes de mais porque cresce a resistência dos seus povos martirizados à sanha «libertadora» de que são alvo. Enquanto isso, de Duchambé chegava uma nota do respectivo MNE – quiçá em reacção à «discriminação» do general Myers – de que [também] o Tadjiquistão considerava «já se ter tornado desnecessária» a presença no país das forças da «aliança antiterrorista» comandada pelos EUA (Xinhua, 21.07.05). Decididamente, algo está a mudar na Ásia Central, mas em caso algum deverão ser subestimadas as ameaças que o imperialismo transporta.