Passar à ofensiva!

Armindo Miranda (Membro da Comissão Política do CC do PCP)
O capitalismo aproveitou bem os erros cometidos na primeira tentativa de construir a sociedade nova sem explorados nem exploradores após milénios de regimes baseados na exploração.

O PCP estará à altura das lutas revolucionárias deste início de século XXI

Com a alteração a seu favor da correlação de forças, passou à ofensiva, tentando recuperar tudo o que foi obrigado a ceder aos trabalhadores e aos povos, face à sua poderosa luta pela liberdade, democracia e justiça social. Começou pela ofensiva ideológica e com a violência que os poderosos meios ao seu dispor lhe permitiram e com uma experiência acumulada de milhares de anos, comprou antigos dirigentes e governantes dos regimes socialistas, apresentou-os ao mundo, não como vendidos, mas como arrependidos e enquanto precisou, usou-os para cumprirem o papel de novas estrelas rendidas às maravilhas da sociedade capitalista.
Ao mesmo tempo que mentia, caluniava e deturpava realidades dos países socialistas em queda e ampliava os problemas de facto existentes, o capitalismo apresentou-se como o salvador dos povos e a solução de todos os seus problemas. Independentemente da necessidade de serem feitas novas apreciações desses acontecimentos, suas causas e das consequências para a luta dos povos, é já óbvio aquilo que o PCP sempre afirmou. É que o capitalismo não resolveu. Nem poderá resolver nenhum dos principais problemas da humanidade. A situação social agravou-se, as diferenças entre países ricos e pobres são cada vez maiores. O sistema capitalista condena à morte por fome, todos os dias, milhares de seres humanos, nomeadamente crianças, a quem é negado o direito de viver. O desemprego atinge milhões de assalariados, os serviços públicos nomeadamente nas áreas da saúde e da educação, são entregues à lógica do lucro do sector privado, o mundo está mais inseguro e até os direitos, democráticos mais básicos dos cidadãos, são já de uma forma clara postos em causa a pretexto do combate ao terrorismo, tentando iludir a questão de fundo. É que as causas principais do terrorismo estão ligadas e são inerentes ao sistema capitalista. Porque a exploração e opressão dos povos geram as condições para o seu desenvolvimento e alargamento, mas também porque as principais catedrais do imperialismo, a Casa Branca e o Pentágono, são elas próprias, o maior centro mundial de instrução e organização de acções terroristas. Lá foram preparadas e organizadas acções terroristas contra o governo chileno e levaram à morte do presidente Salvador Allende, à agressão e ao desmantelamento da Jugoslávia, à invasão do Afeganistão e do Iraque, assassinando à bomba e à morteirada centenas de milhares de cidadãos indefesos. É lá que estão a ser preparadas novas acções terroristas com vista à destruição da revolução Bolivariana na Venezuela. E, já agora, não foi lá que Frank Carlucci e seus amigos receberam instruções e meios para desencadearem as acções terroristas contra os centros de trabalho do PCP com o intuito de travar o avanço da nossa revolução?

Alterações prejudicam os trabalhadores e os povos

O capitalismo obteve vitórias importantes no plano político, económico e militar, mas é hoje muito mais claro aos olhos dos trabalhadores e dos povos que as profundas mudanças verificadas a nível mundial não trouxeram ganhos para aqueles que têm como única riqueza a sua força de trabalho, os assalariados. Bem pelo contrário, significaram, isso sim, maior exploração e maiores lucros para os detentores dos meios de produção, os capitalistas.
Portugal é um bom exemplo. Após 28 anos de política a favor dos seus interesses de classe, e levada a cabo por PS/PSD/CDS, o resultado é elucidativo: Mais de 2 milhões a viver no limiar da pobreza; mais de 200 mil a passar fome; 500 mil no desemprego, com as multinacionais a irem embora e a deixar atrás de si um rasto de infelicidade e miséria depois de receberem milhões de subsídios; muitas regalias e benesses do Governo para quem mais tem.
E, por isso, a luta dos povos contra a exploração capitalista e pela transformação da sociedade está a ganhar terreno, um novo fôlego e muita força em todo o mundo, perspectivando grandes combates e importantes vitórias para as forças revolucionárias e progressistas. O PCP, partido patriota e internacionalista, com o reforço da sua organização, e aprofundamento da ligação aos trabalhadores e às populações, estará à altura do ascenso da luta revolucionária que se avizinha, neste inicio do século XXI que promete!


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