Atirar a matar
Jean Charles Menezes, um electricista brasileiro de 27 anos, que trabalhava há três em Inglaterra, foi morto na sexta-feira, 22, por agentes à paisana da Scotland Yard com instruções para atirar a matar.
Agentes dispararam oito balas à queima-roupa
A polícia britânica reconheceu ter matado um inocente. O governo britânico pediu desculpas à família do jovem assassinado e ao Brasil, mas não questionou o comportamento agressivo das forças de segurança, nem a controversa política do «shoot to kill» (atirar para matar). Pelo contrário, o ministro do Interior, Charles Clarke, sublinhou que «só tinha «elogios e admiração» pela forma como a polícia agiu.
Menezes ia para o trabalho. Saiu de casa no bairro de Tulse Hill, no sul de Londres, colocado sob vigilância no âmbito das investigações dos atentados do passado dia 21. Foi seguido por pelo menos três agentes até ao autocarro que o levou à estação de Metro de Stockwell.
Aí, vendo-se perseguido, terá saltado a barreira de entrada e corrido pela plataforma em direcção a uma das carruagens. (Segundo um dos seus amigos londrinos «ele fora agredido por ingleses» duas semanas antes). Já no interior, um dos agentes domina-o e imobiliza-o no chão, atingindo-o de seguida com oito tiros disparados à queima roupa, sete na cabeça e um no ombro.
A fuga de Menezes, que também poderá ter sido motivada por um visto de permanência caducado, precipitou os acontecimentos mas, , como explicou a Polícia, foi o seu aspecto, «a maneira de se vestir», o casaco grosso que envergava que determinou a execução sumária.
Sir Ian Blair, o comissário-chefe da Scotland Yard, assumiu «plena responsabilidade» pelo «erro». «É uma grande tragédia, um erro trágico», lamentou, manifestando «sinceras condolências à família».
Porém, Ian Blair justificou a acção da Polícia «com as circunstâncias terríveis» em que tem trabalhado. E explicou a política de «atirar a matar»: «De nada serve disparar sobre o peito de um indivíduo uma vez que é provavelmente aí que se encontra a bomba. Nem atingir outras partes, uma vez que se cair irá detoná-la. A única maneira de reagir é disparar sobre a cabeça».
O método, a julgar pelas palavras de Lord Stevens, que lhe antecedeu no comando da Polícia britânica, encontra-se estudado e testado noutras paragens. Por isso, na sua opinião, seria «um erro enorme» pôr em causa a política que designou de «atirar a matar para proteger vidas inocentes».
Em declarações no domingo, Stevens revelou ter-lhe cabido «o triste dever» de introduzir este princípio nas forças que dirigia, após de ter enviado equipas, designadamente a Israel, para estudar os métodos de prevenção dos atentados suicidas. Insiste em que se trata de um procedimento «correcto, apesar do risco de um erro trágico». «A única maneira de impedir um kamikaze de realizar a sua missão é destruir o seu cérebro».
Actuação
incompreensível
Na segunda-feira, 25, o comissário dos Direitos Humanos do Conselho da Europa, Alvaro Gil-Robles, considerou que é necessário esclarecer este caso e apurar responsabilidades. «Se ficar provado que o jovem brasileiro estava dominado pelo agentes da autoridade e que não era um elemento perigoso, a actuação da polícia será incompreensível».
Gil-Robles, citado pela agência EFE, sublinhou ainda que «é preciso conhecer os limites dos Estado de Direito e que não podemos descartarmo-nos das garantias fundamentais que é o que dá força ao nosso sistema frente aos criminosos». Contudo, acrescentou, «imagens como as de Gantánamo destróem todos os efeitos da luta antiterrorista».
Menezes ia para o trabalho. Saiu de casa no bairro de Tulse Hill, no sul de Londres, colocado sob vigilância no âmbito das investigações dos atentados do passado dia 21. Foi seguido por pelo menos três agentes até ao autocarro que o levou à estação de Metro de Stockwell.
Aí, vendo-se perseguido, terá saltado a barreira de entrada e corrido pela plataforma em direcção a uma das carruagens. (Segundo um dos seus amigos londrinos «ele fora agredido por ingleses» duas semanas antes). Já no interior, um dos agentes domina-o e imobiliza-o no chão, atingindo-o de seguida com oito tiros disparados à queima roupa, sete na cabeça e um no ombro.
A fuga de Menezes, que também poderá ter sido motivada por um visto de permanência caducado, precipitou os acontecimentos mas, , como explicou a Polícia, foi o seu aspecto, «a maneira de se vestir», o casaco grosso que envergava que determinou a execução sumária.
Sir Ian Blair, o comissário-chefe da Scotland Yard, assumiu «plena responsabilidade» pelo «erro». «É uma grande tragédia, um erro trágico», lamentou, manifestando «sinceras condolências à família».
Porém, Ian Blair justificou a acção da Polícia «com as circunstâncias terríveis» em que tem trabalhado. E explicou a política de «atirar a matar»: «De nada serve disparar sobre o peito de um indivíduo uma vez que é provavelmente aí que se encontra a bomba. Nem atingir outras partes, uma vez que se cair irá detoná-la. A única maneira de reagir é disparar sobre a cabeça».
O método, a julgar pelas palavras de Lord Stevens, que lhe antecedeu no comando da Polícia britânica, encontra-se estudado e testado noutras paragens. Por isso, na sua opinião, seria «um erro enorme» pôr em causa a política que designou de «atirar a matar para proteger vidas inocentes».
Em declarações no domingo, Stevens revelou ter-lhe cabido «o triste dever» de introduzir este princípio nas forças que dirigia, após de ter enviado equipas, designadamente a Israel, para estudar os métodos de prevenção dos atentados suicidas. Insiste em que se trata de um procedimento «correcto, apesar do risco de um erro trágico». «A única maneira de impedir um kamikaze de realizar a sua missão é destruir o seu cérebro».
Actuação
incompreensível
Na segunda-feira, 25, o comissário dos Direitos Humanos do Conselho da Europa, Alvaro Gil-Robles, considerou que é necessário esclarecer este caso e apurar responsabilidades. «Se ficar provado que o jovem brasileiro estava dominado pelo agentes da autoridade e que não era um elemento perigoso, a actuação da polícia será incompreensível».
Gil-Robles, citado pela agência EFE, sublinhou ainda que «é preciso conhecer os limites dos Estado de Direito e que não podemos descartarmo-nos das garantias fundamentais que é o que dá força ao nosso sistema frente aos criminosos». Contudo, acrescentou, «imagens como as de Gantánamo destróem todos os efeitos da luta antiterrorista».