Os direitos de Constâncio
Numa azáfama incontida, Governo e PS esforçam-se em tentar convencer o país da bondade das sua medidas. Percebe-se a impossibilidade da coisa perante a incoerência das atitudes, a inconsistência dos argumentos, a hipocrisia das explicações.
Uma incoerência que tem no ministro das Finanças expressão maior e cópia fidedigna, na sua versão política, daquela conhecida rábula para teatro de «Olívia sopeira, Olívia patroa»: Campos e Cunha, professor de economia dava como certo, em Novembro passado, numa entrevista, o défice em 6,5%. Seis meses passados, Campos e Cunha, ministro das Finanças, ficou para morrer com a surpresa de um défice de 6,82% ; Campos e Cunha, cidadão, é credor de uma robusta reforma que acumula, na mais «plena legalidade», como faz questão de sublinhar, com o generoso ordenado de ministro. Campos e Cunha, ministro das Finanças, desdobra-se em argumentos para ver compreendidos os seus apelos a mais sacrifícios para os outros; Campos e Cunha, ministro, indigna-se com esse insuportável «privilégio» de um trabalhador se reformar, depois de quase quatro décadas de descontos, aos 60 anos. Campos e Cunha, cidadão reformado, é pensionista com mais de 100 mil euros, após cinco anos de extenuante passagem pela administração do Banco de Portugal.
Uma inconsistência de argumentos revelada já, ainda não passou um mês, pelo anúncio da revisão em baixa da previsão de crescimento para o nosso país, de 1.2 para 0.5%, que por si só arrasa a credibilidade das medidas adoptadas e os objectivos prometidos pelo governo com a ementa de medidas recessivas que optou por retomar da política e governos anteriores.
A hipocrisia da encenada indignação de Vítor Constâncio quando confrontado pelo PCP com o lastro de mordomias e chorudos proventos que o dito, e os que o acompanham na administração, auferem do Banco de Portugal e, sobretudo, a expedita resposta obtida do visado, — segundo o qual assim já era, logo assim será (que não deixa de ser curioso quando o mesmo recomenda o ataque a direitos de outros) — mais não revelam que uma tal carência de sensibilidade social que, só por se encontrar ausente, lhes permitirá dormir descansados.
Sob o olhar atento de Constâncio e de Cunha os quais, de ábaco na mão, buscam no meio das parcelas mal somadas, dos erros de contabilidade, dos cálculos errados que ornavam o orçamento rectificativo e empolavam o défice (capazes por si de arrasar a laboriosa construção de uma imagem de gente competente e rigorosa capaz de calcular o défice ás centésimas) o que resta são sobretudo dificuldades crescentes para os portugueses, em particular para os que vivem do seu trabalho, e uma sombria perspectiva, dia a dia confirmada, de um país lançado para a estagnação que amanhã justificará novos apelos a sacrifícios.
Uma incoerência que tem no ministro das Finanças expressão maior e cópia fidedigna, na sua versão política, daquela conhecida rábula para teatro de «Olívia sopeira, Olívia patroa»: Campos e Cunha, professor de economia dava como certo, em Novembro passado, numa entrevista, o défice em 6,5%. Seis meses passados, Campos e Cunha, ministro das Finanças, ficou para morrer com a surpresa de um défice de 6,82% ; Campos e Cunha, cidadão, é credor de uma robusta reforma que acumula, na mais «plena legalidade», como faz questão de sublinhar, com o generoso ordenado de ministro. Campos e Cunha, ministro das Finanças, desdobra-se em argumentos para ver compreendidos os seus apelos a mais sacrifícios para os outros; Campos e Cunha, ministro, indigna-se com esse insuportável «privilégio» de um trabalhador se reformar, depois de quase quatro décadas de descontos, aos 60 anos. Campos e Cunha, cidadão reformado, é pensionista com mais de 100 mil euros, após cinco anos de extenuante passagem pela administração do Banco de Portugal.
Uma inconsistência de argumentos revelada já, ainda não passou um mês, pelo anúncio da revisão em baixa da previsão de crescimento para o nosso país, de 1.2 para 0.5%, que por si só arrasa a credibilidade das medidas adoptadas e os objectivos prometidos pelo governo com a ementa de medidas recessivas que optou por retomar da política e governos anteriores.
A hipocrisia da encenada indignação de Vítor Constâncio quando confrontado pelo PCP com o lastro de mordomias e chorudos proventos que o dito, e os que o acompanham na administração, auferem do Banco de Portugal e, sobretudo, a expedita resposta obtida do visado, — segundo o qual assim já era, logo assim será (que não deixa de ser curioso quando o mesmo recomenda o ataque a direitos de outros) — mais não revelam que uma tal carência de sensibilidade social que, só por se encontrar ausente, lhes permitirá dormir descansados.
Sob o olhar atento de Constâncio e de Cunha os quais, de ábaco na mão, buscam no meio das parcelas mal somadas, dos erros de contabilidade, dos cálculos errados que ornavam o orçamento rectificativo e empolavam o défice (capazes por si de arrasar a laboriosa construção de uma imagem de gente competente e rigorosa capaz de calcular o défice ás centésimas) o que resta são sobretudo dificuldades crescentes para os portugueses, em particular para os que vivem do seu trabalho, e uma sombria perspectiva, dia a dia confirmada, de um país lançado para a estagnação que amanhã justificará novos apelos a sacrifícios.