Salvar o açúcar
Cerca de oito mil produtores de beterraba de 20 países europeus, entre os quais de Portugal, manifestaram-se na segunda-feira em Bruxelas contra ao projecto de reforma do açúcar proposto pela Comissão Europeia.
A redução drástica das ajudas será fatal para os pequenos produtores.
O protesto decorreu no dia em que o Conselho Europeu da Agricultura começou a negociar a proposta de Bruxelas, apoiada activamente pela presidência britânica, que preconiza cortes de 39 por cento nos preços da cana de açúcar e de 42,5 na beterraba.
No caso de Portugal, as reduções são ainda mais importantes devidos aos preços mais elevados de que beneficia, podendo aproximar-se dos 50 por cento na beterraba a partir de 2007/2008, e 39 por cento na cana-de-açúcar a partir de 2009/2010.
Com o argumento de que é preciso reforçar a posição da União Europeia nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Comissão propõe ainda a criação de um fundo de reconversão para incentivar o abandono deste sector agro-industrial, oferecendo às fábricas que encerrem uma ajuda de 730 euros por tonelada no primeiro ano, verba que seria obtida mediante a aplicação de uma taxa às unidades que permanessecem em laboração.
Segundo declarações recolhidas pela Agência Lusa, a Associação Nacional dos Produtores de Beterraba (Anprobe), que esteve representada na manifestação, considera que a proposta irá ter «consequências desastrosas» em Portugal, onde o sector é responsável por mais de «1.500 postos de trabalho, directos e indirectos». Esta associação adverte ainda que a reforma conduzirá ao «desmantelamento do maior investimento agro-industrial do país».
Multinacionais interessadas
A proposta da Comissão surge na sequência de uma decisão da OMC, em Abril passado, favorável às pretensões da Austrália, do Brasil, primeiro produtor mundial de açúcar, e da Tailândia.
As ajudas europeias destinadas a garantir preços elevados (três vezes superiores aos do mercado mundial) foram então declaradas ilegais. O mercado europeu encontra-se fortemente protegido por taxas alfandegárias que impedem a penetração da produção estrangeira. Por outro lado, a comunidade subsidia a exportação de milhares de toneladas de açúcar por ano.
Estima-se que em toda a União cerca de 325 mil agricultores se dediquem ao cultivo da beterraba, destacando-se a França, a Alemanha e Polónia como os maiores produtores.
Para Otto von Arnold, presidente da Confederação Internacional dos produtores de Beterraba, a presente reforma irá custar a cada agricultor «cerca de 6500 euros de rendimento e destruirá 80 refinarias, bem como 150 mil empregos directos e indirectos». Em declarações citadas pela Agência AP, este representante considerou que o Brasil é o principal interessado, bem como as grandes multinacionais que controlam o mercado internacional.
Ao protesto juntaram-se representantes de países pobres ACP (África, Caraíbas e Pacífico) que temem que a reforma se traduza numa limitação do acesso preferencial ao mercado europeu de que beneficiam no quadro das relações de parceria com a UE.
«Isto vai levar-nos à pobreza e à bancarrota», declarou em nome dos países ACP Christian Foo Kune, representante das associações de produtores de cana-de-açúcar da Ilha Maurícia.
A Comissão Europeia pretende aprovar as suas propostas até ao mês de Novembro, antes de se iniciar em Hong Kong a próxima reunião ministerial da OMC sobre a liberalização do comércio.
No caso de Portugal, as reduções são ainda mais importantes devidos aos preços mais elevados de que beneficia, podendo aproximar-se dos 50 por cento na beterraba a partir de 2007/2008, e 39 por cento na cana-de-açúcar a partir de 2009/2010.
Com o argumento de que é preciso reforçar a posição da União Europeia nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), a Comissão propõe ainda a criação de um fundo de reconversão para incentivar o abandono deste sector agro-industrial, oferecendo às fábricas que encerrem uma ajuda de 730 euros por tonelada no primeiro ano, verba que seria obtida mediante a aplicação de uma taxa às unidades que permanessecem em laboração.
Segundo declarações recolhidas pela Agência Lusa, a Associação Nacional dos Produtores de Beterraba (Anprobe), que esteve representada na manifestação, considera que a proposta irá ter «consequências desastrosas» em Portugal, onde o sector é responsável por mais de «1.500 postos de trabalho, directos e indirectos». Esta associação adverte ainda que a reforma conduzirá ao «desmantelamento do maior investimento agro-industrial do país».
Multinacionais interessadas
A proposta da Comissão surge na sequência de uma decisão da OMC, em Abril passado, favorável às pretensões da Austrália, do Brasil, primeiro produtor mundial de açúcar, e da Tailândia.
As ajudas europeias destinadas a garantir preços elevados (três vezes superiores aos do mercado mundial) foram então declaradas ilegais. O mercado europeu encontra-se fortemente protegido por taxas alfandegárias que impedem a penetração da produção estrangeira. Por outro lado, a comunidade subsidia a exportação de milhares de toneladas de açúcar por ano.
Estima-se que em toda a União cerca de 325 mil agricultores se dediquem ao cultivo da beterraba, destacando-se a França, a Alemanha e Polónia como os maiores produtores.
Para Otto von Arnold, presidente da Confederação Internacional dos produtores de Beterraba, a presente reforma irá custar a cada agricultor «cerca de 6500 euros de rendimento e destruirá 80 refinarias, bem como 150 mil empregos directos e indirectos». Em declarações citadas pela Agência AP, este representante considerou que o Brasil é o principal interessado, bem como as grandes multinacionais que controlam o mercado internacional.
Ao protesto juntaram-se representantes de países pobres ACP (África, Caraíbas e Pacífico) que temem que a reforma se traduza numa limitação do acesso preferencial ao mercado europeu de que beneficiam no quadro das relações de parceria com a UE.
«Isto vai levar-nos à pobreza e à bancarrota», declarou em nome dos países ACP Christian Foo Kune, representante das associações de produtores de cana-de-açúcar da Ilha Maurícia.
A Comissão Europeia pretende aprovar as suas propostas até ao mês de Novembro, antes de se iniciar em Hong Kong a próxima reunião ministerial da OMC sobre a liberalização do comércio.