PCP comenta decisões para a Sorefame

Garantam a produção

Após anunciada a decisão de expropriar parte das instalações da Bombardier na Venda Nova, a Concelhia do Partido veio reafirmar que «é preciso avançar com a produção».

É fundamental garantir que Portugal continuará a produzir material circulante

Anteontem, o Governo revelou, em conferência de imprensa, que tinham sido dadas por concluídas as negociações da CP com a Bombardier, seguindo-se agora um processo de expropriação de cerca de 40 por cento do terreno e instalações da ex-Sorefame. A secretária de Estado, segundo a Agência Lusa, referiu expressamente que os equipamentos ficam excluídos desta acção.
Poucas horas depois, a Comissão Concelhia da Amadora do PCP divulgou uma nota, salientando mais uma vez que «a questão central continua a ser a continuação da produção de material circulante em Portugal» e reparando que «sobre isto, pouco foi desenvolvido na dita conferência de imprensa».
Os comunistas defendem que «é possível garantir a viabilidade de uma empresa de produção de material circulante, com centenas de trabalhadores, e assim fazer crescer a riqueza produzida em Portugal», lembrando que essa possibilidade «os trabalhadores e o PCP já demonstraram e os governos já foram obrigados a reconhecer, condicionando a participação das multinacionais nos concursos ferroviários nacionais à incorporação nacional».
Quanto à expropriação das instalações, «é uma exigência de há muito dos trabalhadores e do PCP, como mecanismo para ultrapassar os sucessivos bloqueamentos por parte da multinacional». «Mas uma expropriação para reactivar a produção de material circulante, e não para transferir serviços que já existem em Portugal», reclama a Concelhia.
Por outro lado, «num momento em que o papão do défice volta a ser agitado, para justificar mais ataques ao poder de compra e aos direitos da esmagadora maioria da população portuguesa, a luta pela salvação da Sorefame vem lembrar-nos, a todos, que o futuro passa por aumentar a produção, a criação de riqueza e o emprego produtivo, passa por o Estado se libertar do jugo das multinacionais e assumir uma perspectiva independente e sustentada do desenvolvimento nacional», afirma o PCP.
No comunicado recorda-se que «a extraordinária luta dos trabalhadores da Sorefame e a solidariedade que sempre mereceu da população da Amadora e do conjunto dos trabalhadores tem sido o factor decisivo para impor às classes dominantes da sociedade portuguesa os recuos significativos que protagonizaram». Para os comunistas, essa luta «vai continuar a ser decisiva no futuro».
O Governo é igualmente criticado por não ter assumido anteontem publicamente o compromisso de integrar os ex-trabalhadores da Sorefame na unidade produtiva que diz pretender instalar na Venda Nova.

E os equipamentos?

«O Governo, ao optar pela expropriação, não se pode esquecer de acautelar o equipamento que está na unidade fabril da Amadora», alertou um dirigente sindical metalúrgico, em declarações à Lusa. Segundo António Tremoço, a informação avançada pela secretária de Estado à comunicação social «não é clara para os trabalhadores e o sindicato», uma vez que «sem equipamento, não há possibilidade de aproveitar a capacidade instalada, fabricar material circulante e reintegrar, numa primeira fase, 50 trabalhadores».
Uma delegação dos trabalhadores deveria ser recebida ainda até ao final de terça-feira no Ministério dos Transportes.
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, revelou aos jornalistas – ainda segundo aquela agência – que o processo de expropriação passará, primeiro, por uma tentativa de acordo com a Bombardier, que será efectuada através da Refer (do grupo CP); caso falhe o acordo, deverá ser declarada a utilidade pública de 40 por cento das instalações e do terreno.
Esta parcela a expropriar «representa a área necessária para avançar com as pretensões da CP de instalar um «centro de excelência e competência» para a manutenção de material ferroviário para a região de Lisboa», refere a Lusa. Na notícia é também citado o presidente da CP. António Ramalho adiantou que «após este desfecho das negociações, a CP decidiu investir 7,5 milhões de euros para afectar as instalações do Entroncamento à construção de material ferroviário».


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