Em defesa do socialismo

John Catalinotto
Representantes de cerca de trinta partidos comunistas estiveram entre as 155 000 pessoas de 135 países que participaram nas 2500 iniciativas realizadas em paralelo ao 5º Fórum Social Mundial (FSM) de Porto Alegre, Brasil, entre 26 e 31 de Janeiro.
Cerca de 70 por cento dos participantes do FSM eram do Brasil e 25 por cento do resto da América Latina, especialmente da Argentina. Cerca de 35 000 eram jovens, muitos dos quais mulheres, que acamparam no parque situado na margem do rio Guaiba.
As iniciativas mais importantes do Fórum foram a marcha de 200 000 pessoas, a 26 de Janeiro, contra a política de agressão dos EUA e em especial contra George W. Bush; o encontro de 4000 pessoas com o presidente brasileiro, Lula da Silva, a 27 de Janeiro, e o encontro ainda maior com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, a 30 de Janeiro, ambos realizados no estádio Gigantinho.
Os comunistas, que são os lutadores mais determinados por um mundo socialista, teriam necessariamente de estar presentes numa iniciativa de massas em que as pessoas acreditam que «outro mundo é possível». Este ano, pela primeira vez, os comunistas marcaram presença como uma importante força.
Há dois anos, os cubanos não tinham um stand oficial, nem como país nem como partido comunista. Os partidos não eram permitidos. Mesmo o Partido comunista do Brasil (PCdoB) foi forçado a desenvolver as suas iniciativas fora do espaço oficial do FSM.
Os principais dirigentes do FSM são na sua maioria de «organizações não governamentais» ou de partidos social-democratas como o Partido Socialista francês. Estas forças mais reformistas centraram-se este ano no controlo do impacte total do FSM e impediram esta iniciativa da humanidade progressista de emitir um apelo claro à luta contra o imperialismo. Mas permitiram que os outros grupos presentes organizassem as suas próprias iniciativas sem interferências.
Cuba e Venezuela partilharam o stand da solidariedade. O PCdoB e outros partidos brasileiros tinham tendas de boas-vindas próximo do centro administrativo do FSM, o «Gasometro». Os comunistas do Vietname explicavam a política económica de abertura do seu país ao mercado mundial e também as suas campanhas contra o Agente Laranja, o veneno usado pelos EUA entre 1962 e 1975.
Os partidos comunistas centraram-se em duas áreas importantes: a luta pela paz e a preparação ideológica para lutar pelo socialismo.
Com 60 000 membros e 140 000 simpatizantes por todo o Brasil, o PcdoB teve uma ampla e jovem delegação no FSM e coordenou a maioria das actividades das organizações comunistas aqui presentes.
A organização anti-guerra próxima do PCdoB, CEBRAPAZ, organizou uma reunião com cerca de mil pessoas, a 27 de Janeiro. Organizações anti-guerra e anti-imperialistas de todo o mundo fizeram intervenções, incluindo o embaixador da Palestina no Brasil.
O vice-presidente de Cuba, Ricardo Alarcon, apareceu de surpresa durante a reunião e explicou os perigos de um ataque do imperialismo norte-americano contra Cuba. Apelou igualmente ao apoio aos cinco presos políticos cubanos encarcerados nos EUA, designando-os de «lutadores contra o terrorismo».
A 30 de Janeiro, o Instituto Mauricio Grabois – uma editora associada ao PCdoB - recebeu o encontro de 26 institutos ou publicações de partidos marxistas perante uma audiência essencialmente brasileira de cerca de 1000 pessoas. O objectivo foi trazer perante o movimento anti-globalização a necessidade de lutar pelo socialismo.
Muitos dos oradores referiram os perigos de novas guerras do imperialismo norte-americano, especialmente as ameaças contra o Irão e a Coreia do Norte, e as ameaças de intervenção contra Cuba e a Venezuela. Alguns descreveram os esforços que estão a desenvolver para parar o plano neoliberal para subjugar o continente latino-americano, representado pela Associação de Livre Comércio das Américas. Outros chamaram a atenção para a heróica luta do povo do Iraque como um exemplo de que o imperialismo norte-americano pode ser derrotado.
Entre os institutos e publicações marxistas de partidos comunistas representados estavam os de Cuba, China, Vietname, Uruguai, Peru, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Catalunha, Grécia, Paraguai, Portugal, Venezuela, França, Espanha e também o Partido dos Trabalhadores da Bélgica, o PC da Índia (M), o PC da Dinamarca-ML, o Novo PC da Holanda, o Partido da Refundação Comunista de Itália, e dos Estados Unidos, o Partido comunista dos Estados Unidos e o Partido Mundial dos Trabalhadores. Por Portugal, Manuela Bernardino representou «O Militante» e o PCP.


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