Opção nuclear como autodefesa
A República Democrática e Popular da Coreia acusa os EUA de «política hostil» e retira-se das negociações multilaterais sobre o seu programa nuclear.
«As nossas armas nucleares permanecerão sempre como dissuasoras»
O anúncio foi feito no passado dia 10 pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) da República Democrática e Popular da Coreia (RDPC), que responsabiliza os EUA pela decisão, cuja se prolongará por «tempo indefinido» até que se crie um «clima susceptível de produzir resultados substanciais no diálogo».
A RDPC alega não haver motivos para continuar à mesa das negociações (em que participava com os EUA, China, Coreia do Sul, Japão e Rússia) ao mesmo tempo que a administração Bush rejeita o diálogo e se refere à Coreia do Norte como «posto avançado da tirania», ofensa que Pyongyang não está disposta a aceitar.
Considerando que já se tornou evidente que os EUA pretendem, a todo o custo, destruir a RDPC, incluindo com recurso a armamento nuclear, o país sente-se obrigado a «reforçar o seu arsenal de armas nucleares a fim de proteger as ideias, o sistema, a liberdade e a democracia escolhidos pelo seu povo».
Trata-se, afirma o MNE, de «responder à boa vontade com a boa vontade» e «à força com a força», embora a RDPC garanta que a sua decisão de se retirar do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e de fabricar armas nucleares tenha como objectivo a «autodefesa», de forma a poder «enfrentar a cada vez mais indisfarçada política da administração Bush de isolar e sufocar a RDPC».
«As nossas armas nucleares permanecerão sempre como dissuasoras, para a auto-defesa em quaisquer circunstâncias», garante o documento do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sublinhando, numa alusão ao Iraque, que a experiência recente «prova que apenas forças poderosas podem proteger a justiça e a verdade».
Reafirmando não haver qualquer alteração na posição de princípio da RDPC de «resolver os problemas através do diálogo e das negociações», o documento reafirma que o objectivo final do país continua a ser o de «desnuclearizar a Península Coreana».
Contradições
Fundamentando a sua decisão, a Coreia do Norte lembra como tem insistido junto de Washington para que a administração norte-americana renuncie à sua «política hostil para com a RDPC» e a substitua por uma política de «convivência pacífica», e como se disponibilizou para «solucionar de raiz o problema nuclear com os EUA». Foi na expectativa de uma solução negociada que Pyongyang acompanhou «com paciência o processo do estabelecimento da política para o segundo mandato do governo Bush».
Os resultados não podiam ser mais desanimadores, refere o documento, apontando como exemplo vários pronunciamentos, entre os quais o discurso de Bush na cerimónia da tomada de posse, a mensagem de ano novo e a intervenção na audiência do Congresso para a nomeação da secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice.
«Não houve nem uma frase que advogasse a convivência ou a mudança da política sobre a RDPC» nas intervenções do executivo norte-americano que oficializaram a política dos EUA em relação à Coreia do Norte, sublinha a tomada de posição, constatando que no fim de contas, a «verdadeira intenção da administração Bush no seu segundo mandato é não só reiterar a sua política de isolamento e esmagamento da RDPC praticada na sua primeira estadia na Casa Branca como também intensificá-la».
Considerando ser contraditório «o convite para a mesa do diálogo e a negativa à contrapartida do diálogo», a RDPC conclui que nestas condições «não há nenhuma necessidade de diálogo», pelo que optou por abandonar as conversações multilaterais até que os EUA alterem a sua política face ao regime norte-coreano.
Breve cronologia
29 de Janeiro de 2001 - Os EUA colocam a RDPC na lista do «eixo do mal», juntamente com o Irão e o Iraque.
14 de Novembro de 2002 - Os EUA suspendem o fornecimento de petróleo à RDPC, fazendo chantagem com o programa coreano de desenvolvimento de armas nucleares.
12 de Dezembro de 2002 - O governo norte-coreano anuncia a reabertura imediata de todos seus centros nucleares para atender a suas necessidades energéticas.
10 de Janeiro de 2003 - A RDPC retira-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, mas garante que não tem intenção de fabricar armas nucleares.
12 de Fevereiro de 2003 - Os EUA anunciam que a RDPC possui um míssil balístico com capacidade para alcançar o oeste dos Estados Unidos.
25 de Fevereiro de 2003 - A RDPC testa um míssil de curto alcance que cai nas águas do mar do Japão.
10 de Março de 2003 - A RDPC faz um segundo lançamento experimental de um míssil terra-mar.
27-29 de Agosto de 2003 - Primeira reunião multilateral em Pequim em que participam os EUA, Coreia do Norte, China, Coreia do Sul, Japão e Rússia, e que termina sem resultados.
24-26 de Junho de 2004 - Terceira reunião multilateral em Pequim, onde se obtém um acordo para o processo gradual de desnuclearização da Coreia do Norte, verificável e simultâneo, com a concessão de compensações, e não imediato.
Para Setembro de 2004 estava marcada nova reunião em Pequim, mas face às constantes ameaças e pressões americanas o governo da RDPC a decidiu não comparecer.
A RDPC alega não haver motivos para continuar à mesa das negociações (em que participava com os EUA, China, Coreia do Sul, Japão e Rússia) ao mesmo tempo que a administração Bush rejeita o diálogo e se refere à Coreia do Norte como «posto avançado da tirania», ofensa que Pyongyang não está disposta a aceitar.
Considerando que já se tornou evidente que os EUA pretendem, a todo o custo, destruir a RDPC, incluindo com recurso a armamento nuclear, o país sente-se obrigado a «reforçar o seu arsenal de armas nucleares a fim de proteger as ideias, o sistema, a liberdade e a democracia escolhidos pelo seu povo».
Trata-se, afirma o MNE, de «responder à boa vontade com a boa vontade» e «à força com a força», embora a RDPC garanta que a sua decisão de se retirar do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e de fabricar armas nucleares tenha como objectivo a «autodefesa», de forma a poder «enfrentar a cada vez mais indisfarçada política da administração Bush de isolar e sufocar a RDPC».
«As nossas armas nucleares permanecerão sempre como dissuasoras, para a auto-defesa em quaisquer circunstâncias», garante o documento do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sublinhando, numa alusão ao Iraque, que a experiência recente «prova que apenas forças poderosas podem proteger a justiça e a verdade».
Reafirmando não haver qualquer alteração na posição de princípio da RDPC de «resolver os problemas através do diálogo e das negociações», o documento reafirma que o objectivo final do país continua a ser o de «desnuclearizar a Península Coreana».
Contradições
Fundamentando a sua decisão, a Coreia do Norte lembra como tem insistido junto de Washington para que a administração norte-americana renuncie à sua «política hostil para com a RDPC» e a substitua por uma política de «convivência pacífica», e como se disponibilizou para «solucionar de raiz o problema nuclear com os EUA». Foi na expectativa de uma solução negociada que Pyongyang acompanhou «com paciência o processo do estabelecimento da política para o segundo mandato do governo Bush».
Os resultados não podiam ser mais desanimadores, refere o documento, apontando como exemplo vários pronunciamentos, entre os quais o discurso de Bush na cerimónia da tomada de posse, a mensagem de ano novo e a intervenção na audiência do Congresso para a nomeação da secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice.
«Não houve nem uma frase que advogasse a convivência ou a mudança da política sobre a RDPC» nas intervenções do executivo norte-americano que oficializaram a política dos EUA em relação à Coreia do Norte, sublinha a tomada de posição, constatando que no fim de contas, a «verdadeira intenção da administração Bush no seu segundo mandato é não só reiterar a sua política de isolamento e esmagamento da RDPC praticada na sua primeira estadia na Casa Branca como também intensificá-la».
Considerando ser contraditório «o convite para a mesa do diálogo e a negativa à contrapartida do diálogo», a RDPC conclui que nestas condições «não há nenhuma necessidade de diálogo», pelo que optou por abandonar as conversações multilaterais até que os EUA alterem a sua política face ao regime norte-coreano.
Breve cronologia
29 de Janeiro de 2001 - Os EUA colocam a RDPC na lista do «eixo do mal», juntamente com o Irão e o Iraque.
14 de Novembro de 2002 - Os EUA suspendem o fornecimento de petróleo à RDPC, fazendo chantagem com o programa coreano de desenvolvimento de armas nucleares.
12 de Dezembro de 2002 - O governo norte-coreano anuncia a reabertura imediata de todos seus centros nucleares para atender a suas necessidades energéticas.
10 de Janeiro de 2003 - A RDPC retira-se do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, mas garante que não tem intenção de fabricar armas nucleares.
12 de Fevereiro de 2003 - Os EUA anunciam que a RDPC possui um míssil balístico com capacidade para alcançar o oeste dos Estados Unidos.
25 de Fevereiro de 2003 - A RDPC testa um míssil de curto alcance que cai nas águas do mar do Japão.
10 de Março de 2003 - A RDPC faz um segundo lançamento experimental de um míssil terra-mar.
27-29 de Agosto de 2003 - Primeira reunião multilateral em Pequim em que participam os EUA, Coreia do Norte, China, Coreia do Sul, Japão e Rússia, e que termina sem resultados.
24-26 de Junho de 2004 - Terceira reunião multilateral em Pequim, onde se obtém um acordo para o processo gradual de desnuclearização da Coreia do Norte, verificável e simultâneo, com a concessão de compensações, e não imediato.
Para Setembro de 2004 estava marcada nova reunião em Pequim, mas face às constantes ameaças e pressões americanas o governo da RDPC a decidiu não comparecer.