Atentado no Líbano

Síria rejeita acusações

Um carro com 350 quilos de explosivos matou 12 pessoas em Beirute, na segunda-feira. Entre as vítimas conta-se o ex-primeiro-ministro libanês, Rafic Hariri.

O exército libanês está desde segunda-feira em estado de alerta»

Em protesto contra o atentado, os representantes da oposição libanesa convocaram uma greve de três dias e acusam a Síria de ter patrocinado o assassinato de Hariri. O multimilionário, que dirigiu o governo durante 12 anos, demitiu-se ano passado mês de Outubro justamente por discordar da presença síria no Líbano e do seu alegado papel na decisão de rever a Constituição para prolongar por três anos o mandato do presidente Emil Lahud, sem recurso a eleições.
Damasco rejeita as acusações e condenou de imediato o «horrível atentado terrorista», que feriu uma centena de pessoas, incendiou dezenas de carros e provocou estragos em vários edifícios. O presidente sírio, Bashar el Asad, apelou à unidade dos libaneses.
O ministro da Informação sírio, Mahdi Dajl-Alá, fez entretanto notar que o atentado ocorre «numa altura em que há uma grande pressão internacional sobre o Líbano e a Síria para que se verguem aos desejos de Israel na região». Por seu turno, o Irão acusou «organizações terroristas sionistas» e apelou ao governo e ao povo libaneses que «se mostrem vigilantes em relação a conspirações dos seus inimigos e que preservem a segurança e a estabilidade» do país. Também a Autoridade Palestiniana condenou o assassínio de Hariri classificando-o como «um crime contra o povo libanês» e «um golpe contra a estabilidade do Líbano», um país pelo qual os palestinianos nutrem «grande respeito e estima».
Quanto aos EUA, embora sem acusarem abertamente a Síria, insistiram que o Líbano «deve libertar-se da violência e da ocupação síria». Numa clara advertência a Damasco, o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, assegurou que Washington vai consultar outros membros do Conselho de Segurança para adoptar «medidas contra os responsáveis» pelo atentado.
O exército libanês está desde segunda-feira em estado de alerta máximo e restabeleceu os postos de controlo em Beirute e noutras regiões do país.

Equilíbrio precário

Devastado por uma sangrenta guerra civil entre 1975 e 1990, em que se confrontaram as diversas comunidades nacionais – cristãos, muçulmanos sunitas, muçulmanos xiitas, drusos - e refúgio de cerca de 400 000 palestinianos, o Líbano tem sido igualmente um campo de batalha entre Israel, Síria e milícias palestinianas.
Invadido por Israel em duas ocasiões – em 1978 e 1982 –, o «país dos cedros» vive desde Outubro de 1990 um apaziguamento assente no equilíbrio entre as diversas comunidades, que foi selado no acordo aprovado em 1989 em Taif (Arábia Saudita), e sob a presença tutelar da Síria, que mantém no país 14 000 soldados, ao abrigo de um Tratado de Amizade, Cooperação e Coordenação assinado em 1991.
Com a chamada Carta de Reconciliação Nacional, os poderes do presidente (que, de acordo com a Constituição é sempre um cristão maronita) foram reduzidos, enquanto os poderes do governo aumentaram. A Assembleia Nacional é actualmente composta por idêntico número de deputados cristãos e muçulmanos.
Para Maio estão marcadas eleições gerais, sendo o tema da presença síria no Líbano um dos pontos quentes da agenda política.


Mais artigos de: Internacional

Opção nuclear como autodefesa

A República Democrática e Popular da Coreia acusa os EUA de «política hostil» e retira-se das negociações multilaterais sobre o seu programa nuclear.

Xiitas querem negociar

Os dirigentes da Aliança Iraquiana Unida (AIU), a coligação xiita declarada vencedora das eleições de 30 de Janeiro, anunciaram esta semana estar prontos a negociar com a comunidade sunita para a elaboração da Constituição do país.A lista tutelada pelo líder espiritual Alí Sistani não obteve maioria absoluta, pelo que a...

Uribe Velez, tal pai tal filho

Em 1976 ocorrem duas situações que afectam profundamente a economia colombiana. Por um lado, passa de exportadora a importadora de crude num momento em que se dá uma forte subida dos preços internacionais. Pelo outro, caem bruscamente os preços dos produtos agrícolas de exportação tradicional, que passam a ser importados...

Em defesa do socialismo

Representantes de cerca de trinta partidos comunistas estiveram entre as 155 000 pessoas de 135 países que participaram nas 2500 iniciativas realizadas em paralelo ao 5º Fórum Social Mundial (FSM) de Porto Alegre, Brasil, entre 26 e 31 de Janeiro.Cerca de 70 por cento dos participantes do FSM eram do Brasil e 25 por...