Pelos salários, contra as benesses
O atraso na actualização salarial, o cumprimento do AE, o combate à discriminação e a defesa do respeito por quem trabalha, levou à luta dos ferroviários.
A greve na REFER registou uma adesão de 85 por cento
Os trabalhadores da Refer pararam duas horas no turno da manhã e outra duas no turno da tarde de dia 3, respondendo ao apelo do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário e de várias outras estruturas.
Pelos mesmos motivos, os funcionários da CP e da EMEF tinham realizado uma concentração de protesto, dois dias antes, à porta do Conselho de Administração da CP. Nas três empresas é exigido um aumento salarial de 5 por cento, nunca inferior a 25 euros.
A luta na Refer pretendeu ser também um protesto contra a forma discriminatória como a administração distribuiu uma gratificação a apenas 500 funcionários da empresa, equivalente a um salário suplementar. A paragem da manhã registou uma forte adesão de 85 por cento dos abrangidos pelo pré-aviso de greve, tendo-se registado perturbações na circulação, principalmente no Norte do País.
Em vários locais, os trabalhadores em luta foram substituídos por hierarquias superiores, «ao arrepio de todas as normas de segurança», denunciou o sindicato.
A mesma estrutura salienta que os salários deviam ter sido actualizados em 1 de Fevereiro, mas, para tal, as negociações deviam ter-se iniciado em Janeiro, o que não aconteceu. A mesma estrutura salienta que os últimos dois anos foram de contenção salarial, e acusa a administração de falta de vontade para encetar o processo negocial que o sindicato pretendia ver hoje iniciado.
Benesses
As «benesses» distribuídas de forma discriminatória pela administração da Refer a 500 trabalhadores, acção que custaram mais de 632 mil euros (127 mil contos). Caso esta quantia tivesse sido distribuída igualmente a cada trabalhador, teria dado para que cada um recebesse 137,50 euros (17,5 contos). Do total dos “premiados”, 34 foram admitidos recentemente na empresa, a auferir salários que chegam aos seis mil euros, muito mais do que recebe um técnico de primeira que esteja na Refer desde 1967.
Há dinheiro
A estrutura sindical dos ferroviários considera que não é falta de dinheiro que está a bloquear a negociação, caso contrário, a CP não gastaria 8 milhões de euros em publicidade que nada tem a ver com o incentivo ao uso do transporte público, acusa o sindicato.
Fossem os oito milhões aplicados como investimento nos trabalhadores e as reivindicações na CP e na EMEF estariam satisfeitas.
Na Refer, o esbanjamento é ainda mais flagrante: segundo o sindicato, além de possuir um vasto património que não é utilizado, a empresa alugou um edifício, no Parque das Nações, em Lisboa, por 30 mil contos por mês, além de mais três mil contos mensais para a manutenção. O sindicato recorda ainda que a REFER violou o princípio constitucional, «para trabalho igual, salário igual», devendo à maioria dos trabalhadores um mês de salário.
Para onde vai a EMEF?
A pergunta surgiu do Sindicato dos Ferroviários que considera confrangedora, a falta de definições quanto ao futuro da empresa de manutenção de material circulante. Prova disso mesmo foi o facto de a EMEF ter ganho um concurso, na semana passada, para construir vagões para a Bósnia, mas a administração pretende que o material seja construído na oficina de Guifões, sem que se saiba se aquela unidade tem condições para realizar aquele tipo de trabalho. Receando uma situação parecida com a da Bombardier, na Amadora, o sindicato diz que não vai ficar parado a assistir a uma nova deslocação.
Mais lutas
A falta de condições de trabalho na Estação do Pinhal Novo levou o sindicato a convocar uma greve de 24 horas para dia 25, dos trabalhadores designados para a venda de bilhetes. Em causa está a ausência de colocação de vidros nos locais de venda que obriga os bilheteiros ao frio quotidiano.
Também na Iberlim, tem-se acentuado a conflitualidade laboral motivada pela retirada de direitos consagrados no contrato de trabalho, nomeadamente o fim do direito a dispensa de três dias por ano. Foi entregue um pré-aviso de greve para os dias 14 e 15. Até essa data, o sindicato está a realizar reuniões nos locais de trabalho.
Actualização
A TEX anunciou, entretanto, que processou os novos salários em Janeiro, com a respectiva actualização. A partir da massa salarial de 2,42 por cento, a actualização será diferenciada de forma a valorizar os salários mais baixos que, por seu lado, terão uma subida entre os 2 e os 4,17 por cento. A maioria dos trabalhadores terá aumentos acima dos 4 por cento.
Pelos mesmos motivos, os funcionários da CP e da EMEF tinham realizado uma concentração de protesto, dois dias antes, à porta do Conselho de Administração da CP. Nas três empresas é exigido um aumento salarial de 5 por cento, nunca inferior a 25 euros.
A luta na Refer pretendeu ser também um protesto contra a forma discriminatória como a administração distribuiu uma gratificação a apenas 500 funcionários da empresa, equivalente a um salário suplementar. A paragem da manhã registou uma forte adesão de 85 por cento dos abrangidos pelo pré-aviso de greve, tendo-se registado perturbações na circulação, principalmente no Norte do País.
Em vários locais, os trabalhadores em luta foram substituídos por hierarquias superiores, «ao arrepio de todas as normas de segurança», denunciou o sindicato.
A mesma estrutura salienta que os salários deviam ter sido actualizados em 1 de Fevereiro, mas, para tal, as negociações deviam ter-se iniciado em Janeiro, o que não aconteceu. A mesma estrutura salienta que os últimos dois anos foram de contenção salarial, e acusa a administração de falta de vontade para encetar o processo negocial que o sindicato pretendia ver hoje iniciado.
Benesses
As «benesses» distribuídas de forma discriminatória pela administração da Refer a 500 trabalhadores, acção que custaram mais de 632 mil euros (127 mil contos). Caso esta quantia tivesse sido distribuída igualmente a cada trabalhador, teria dado para que cada um recebesse 137,50 euros (17,5 contos). Do total dos “premiados”, 34 foram admitidos recentemente na empresa, a auferir salários que chegam aos seis mil euros, muito mais do que recebe um técnico de primeira que esteja na Refer desde 1967.
Há dinheiro
A estrutura sindical dos ferroviários considera que não é falta de dinheiro que está a bloquear a negociação, caso contrário, a CP não gastaria 8 milhões de euros em publicidade que nada tem a ver com o incentivo ao uso do transporte público, acusa o sindicato.
Fossem os oito milhões aplicados como investimento nos trabalhadores e as reivindicações na CP e na EMEF estariam satisfeitas.
Na Refer, o esbanjamento é ainda mais flagrante: segundo o sindicato, além de possuir um vasto património que não é utilizado, a empresa alugou um edifício, no Parque das Nações, em Lisboa, por 30 mil contos por mês, além de mais três mil contos mensais para a manutenção. O sindicato recorda ainda que a REFER violou o princípio constitucional, «para trabalho igual, salário igual», devendo à maioria dos trabalhadores um mês de salário.
Para onde vai a EMEF?
A pergunta surgiu do Sindicato dos Ferroviários que considera confrangedora, a falta de definições quanto ao futuro da empresa de manutenção de material circulante. Prova disso mesmo foi o facto de a EMEF ter ganho um concurso, na semana passada, para construir vagões para a Bósnia, mas a administração pretende que o material seja construído na oficina de Guifões, sem que se saiba se aquela unidade tem condições para realizar aquele tipo de trabalho. Receando uma situação parecida com a da Bombardier, na Amadora, o sindicato diz que não vai ficar parado a assistir a uma nova deslocação.
Mais lutas
A falta de condições de trabalho na Estação do Pinhal Novo levou o sindicato a convocar uma greve de 24 horas para dia 25, dos trabalhadores designados para a venda de bilhetes. Em causa está a ausência de colocação de vidros nos locais de venda que obriga os bilheteiros ao frio quotidiano.
Também na Iberlim, tem-se acentuado a conflitualidade laboral motivada pela retirada de direitos consagrados no contrato de trabalho, nomeadamente o fim do direito a dispensa de três dias por ano. Foi entregue um pré-aviso de greve para os dias 14 e 15. Até essa data, o sindicato está a realizar reuniões nos locais de trabalho.
Actualização
A TEX anunciou, entretanto, que processou os novos salários em Janeiro, com a respectiva actualização. A partir da massa salarial de 2,42 por cento, a actualização será diferenciada de forma a valorizar os salários mais baixos que, por seu lado, terão uma subida entre os 2 e os 4,17 por cento. A maioria dos trabalhadores terá aumentos acima dos 4 por cento.