Perigosas ambições
A ambição hegemónica dos EUA é na verdade ilimitada
Subscrito por muitas das mais conhecidas figuras do «establishment» norte-americano ligadas à área da política externa e da defesa, o texto «Para a renovação da parceria transatlântica» (Le Monde, 15.05.03 e posteriormente, Público de 18.05.03) merece registo e reflexão, já que se prende directamente com problemas e tendências de fundo da evolução internacional.
Trata-se de um documento denso e complexo. Nele se reflectem as contradições e incertezas que percorrem o campo imperialista. É visível a preocupação dos seus autores pelas divergências e conflitos entre os EUA e grandes potências europeias evidenciados em torno da agressão e ocupação anglo-americana do Iraque. «O crescimento de sentimentos anti-americanos na Europa é uma causa legítima de inquietação» afirmam, ao mesmo tempo que se distanciam de uma «retórica anti europeísta e anti União Europeia comparável». E embora significativamente subscrito por «democratas» e «republicanos», as duas alas do partido único norte-americano, releva preocupação pelo modo (extremista, arrogante e aventureiro) como a administração Bush se tem conduzido.
Mas sendo tudo isto relevante o que é de sublinhar como fundamental é a determinação na imposição ao mundo de uma «nova ordem» contra os trabalhadores e contra os povos, o esforço para afastar obstáculos à liderança norte-americana e, em nome de «interesses» e «valores» comuns transformar a Europa (em sentido amplo) num aliado dependente e subalterno da sua política fascizante de hegemonia planetária. É isso o que na verdade significa para Madeleine Albright, Z. Brzezinski, Frank Carlucci, Alexander Haig e demais expoentes do imperialismo norte-americano, a «renovação da parceria transatlântica». Uma «renovação» que, pasme-se com atrevimento, envolveria a participação de observadores norte-americanos em instituições da U.E e o exame prévio com os norte-americanos de decisões da mesma. Isto porque os EUA sempre consideraram uma «Europa unida como corolário dos interesses americanos na Europa» mas esta «não deve deixar a menor dúvida sobre a sua intenção de tecer com os seus parceiros do outro lado do Atlântico a mesma proximidade que os EUA estabeleceram, no seio da NATO, com os Estados da Europa».
Dificilmente poderia ser maior a desfaçatez. Em tempos de «Convenção» e de grandes manobras em torno da revisão dos Tratados da União Europeia, em tempos de profunda crise económica e financeira do capitalismo e na «zona euro» em particular, em tempos de evidente instabilidade e fraqueza da generalidade dos governos burgueses europeus batidos pelo descontentamento e por grandes lutas populares como na França, na Alemanha e na Áustria, trata-se de uma jogada política de vulto que importa não subestimar. Há as contradições e rivalidades entre grandes potências, mas é a identidade de interesses de classe e a coordenação de políticas económicas e sociais retrogradas que tem prevalecido. Mesmo no ponto alto da «crise» de relacionamento dos EUA com a Alemanha e a França por causa da guerra contra o Iraque, os mecanismos de concertação transatlântica, inter-imperialistas, não deixaram de funcionar, nomeadamente em matéria de segurança e defesa. É tão sintomático quanto inquietante o peso dado no documento ao reforço da NATO e à militarização da U.E como causa transatlântica comum.
A ambição hegemónica dos EUA é na verdade ilimitada. Este documento do «establishment» norte americano confirma-o. Só a luta popular e pela paz, só a luta por uma outra Europa de progresso, paz e cooperação poderá frustrar tão ambiciosos projectos.
Trata-se de um documento denso e complexo. Nele se reflectem as contradições e incertezas que percorrem o campo imperialista. É visível a preocupação dos seus autores pelas divergências e conflitos entre os EUA e grandes potências europeias evidenciados em torno da agressão e ocupação anglo-americana do Iraque. «O crescimento de sentimentos anti-americanos na Europa é uma causa legítima de inquietação» afirmam, ao mesmo tempo que se distanciam de uma «retórica anti europeísta e anti União Europeia comparável». E embora significativamente subscrito por «democratas» e «republicanos», as duas alas do partido único norte-americano, releva preocupação pelo modo (extremista, arrogante e aventureiro) como a administração Bush se tem conduzido.
Mas sendo tudo isto relevante o que é de sublinhar como fundamental é a determinação na imposição ao mundo de uma «nova ordem» contra os trabalhadores e contra os povos, o esforço para afastar obstáculos à liderança norte-americana e, em nome de «interesses» e «valores» comuns transformar a Europa (em sentido amplo) num aliado dependente e subalterno da sua política fascizante de hegemonia planetária. É isso o que na verdade significa para Madeleine Albright, Z. Brzezinski, Frank Carlucci, Alexander Haig e demais expoentes do imperialismo norte-americano, a «renovação da parceria transatlântica». Uma «renovação» que, pasme-se com atrevimento, envolveria a participação de observadores norte-americanos em instituições da U.E e o exame prévio com os norte-americanos de decisões da mesma. Isto porque os EUA sempre consideraram uma «Europa unida como corolário dos interesses americanos na Europa» mas esta «não deve deixar a menor dúvida sobre a sua intenção de tecer com os seus parceiros do outro lado do Atlântico a mesma proximidade que os EUA estabeleceram, no seio da NATO, com os Estados da Europa».
Dificilmente poderia ser maior a desfaçatez. Em tempos de «Convenção» e de grandes manobras em torno da revisão dos Tratados da União Europeia, em tempos de profunda crise económica e financeira do capitalismo e na «zona euro» em particular, em tempos de evidente instabilidade e fraqueza da generalidade dos governos burgueses europeus batidos pelo descontentamento e por grandes lutas populares como na França, na Alemanha e na Áustria, trata-se de uma jogada política de vulto que importa não subestimar. Há as contradições e rivalidades entre grandes potências, mas é a identidade de interesses de classe e a coordenação de políticas económicas e sociais retrogradas que tem prevalecido. Mesmo no ponto alto da «crise» de relacionamento dos EUA com a Alemanha e a França por causa da guerra contra o Iraque, os mecanismos de concertação transatlântica, inter-imperialistas, não deixaram de funcionar, nomeadamente em matéria de segurança e defesa. É tão sintomático quanto inquietante o peso dado no documento ao reforço da NATO e à militarização da U.E como causa transatlântica comum.
A ambição hegemónica dos EUA é na verdade ilimitada. Este documento do «establishment» norte americano confirma-o. Só a luta popular e pela paz, só a luta por uma outra Europa de progresso, paz e cooperação poderá frustrar tão ambiciosos projectos.