Iraque
A solução para a tragédia iraquiana exige a retirada imediata das tropas de ocupação
As «históricas eleições» no Iraque talvez o sejam pelo facto inédito de o número de eleitores descer à medida que passavam as horas... Segundo informações oficiais da Comissão Eleitoral iraquiana, a meio da tarde do dia 30 teriam já votado 72% dos eleitores inscritos (CNN, 30.1.05). Mas ao fim do mesmo dia, a mesma fonte oficial falava num total de apenas 60% de eleitores (Aljazeera, 30.1.05). Convinha não exagerar... Afinal, era a própria Comissão Eleitoral que informara que em várias localidades as urnas não tinham sido abertas (Aljazeera, 30.1.05). E a estação Aljazeera informava (30.1.05) que em Samarra, cidade de 200 mil habitantes, «de acordo com números preliminares fornecidos por uma equipa de trabalho conjunta EUA-Iraque, apenas 1400 pessoas votaram»; que entre os habitantes da cidade destruída de Faluja, de dimensões análogas a Samarra, «apenas há registo do voto de um homem»; que na terceira maior cidade do Iraque, Mosul, «a votação foi assim, assim» apesar de soldados estadounidenses «terem percorrido a cidade perguntando aos residentes porque não estavam a votar». O jornalista britânico Robert Fisk (artigo em resistir.info) diz que «a cidade de Ramadi – ainda que George W. Bush e Tony Blair não o admitam – está em poder dos insurrectos». E na capital – e maior cidade do país – Bagdade «a afluência às urnas foi particularmente baixa» (Aljazeera, 31.01.05).
Fazer fé nos números oficiais tão insistentemente divulgados na noite de dia 30 significa acreditar naqueles que mentiram com quantos dentes têm na boca para justificar a sua invasão ilegal. Afinal, quem fiscalizou? Até os tão apregoados «observadores internacionais» de toda e qualquer eleição (excepto as organizadas pelos EUA) estiveram a certificar a «legitimidade» das eleições iraquianas... fora do país, a partir da vizinha Jordânia (Washington Post, 22.1.05)!
É curioso assinalar que entre os iraquianos residentes no estrangeiro – e, por isso, ao abrigo da violência imperante no país – o entusiasmo pelas eleições tenha sido escasso, embora «muitos sejam exilados fugidos ao domínio de Saddam Hussein» como informa a agência noticiosa Reuters (22.1.05), que adianta estes números: após os 4 dias de recenseamento eleitoral inicialmente previstos «apenas 93 mil de entre o milhão de potenciais eleitores que se estima existirem [fora do país] se tinham recenseado». Até os cidadãos israelitas que em tempos tenham sido iraquianos podiam votar nestas «eleições» (Haaretz, 14.1.05), mas dos 150 mil potenciais eleitores iraquianos residentes na Jordânia apenas 5 mil se tinham recenseado (Reuters). De igual número de potenciais eleitores residentes no Reino Unido apenas 31 mil se recensearam (BBC, 30.1.05). Números a reter quando ouvirmos as percentagens dos recenseados que votaram.
Já vimos outras mega-operações mediáticas para nos convencer que os iraquianos estão felizes com a ocupação do seu país, ou que ocorreu um «ponto de viragem» na situação: foi assim com o «derrube da estátua», com a captura de Saddam, ou a «transição da soberania para o novo governo iraquiano» em Junho de 2004. Mas a realidade é outra. Para mostrar quem realmente manda, basta ouvir Bush garantir, no discurso radiofónico na véspera das «eleições», que os soldados dos EUA continuarão no Iraque (Reuters, 29.1.05). Para nos lembrar o que é essa ocupação temos as novas fotografias documentando as torturas nas prisões do «Iraque livre» – desta vez às mãos das tropas dum país da União Europeia (GB). Para mostrar o que é a resistência temos o derrube de 2 helicópteros dos EUA (19 militares mortos) e do avião militar C-130 britânico (15 mortos) e os 2 mortos no ataque à Embaixada dos EUA em Bagdade (instalada no tão ridicularizado Palácio Presidencial de Saddam Hussein...).
A solução para a tragédia iraquiana exige a retirada imediata das tropas de ocupação. E urge acabar com o colaboracionismo dos governantes portugueses com a máquina imperialista de guerra, torturas e mentiras, que segundo múltiplas fontes se prepara agora para atacar o Irão. Está aí mais uma razão para o voto na CDU no próximo dia 20!
Fazer fé nos números oficiais tão insistentemente divulgados na noite de dia 30 significa acreditar naqueles que mentiram com quantos dentes têm na boca para justificar a sua invasão ilegal. Afinal, quem fiscalizou? Até os tão apregoados «observadores internacionais» de toda e qualquer eleição (excepto as organizadas pelos EUA) estiveram a certificar a «legitimidade» das eleições iraquianas... fora do país, a partir da vizinha Jordânia (Washington Post, 22.1.05)!
É curioso assinalar que entre os iraquianos residentes no estrangeiro – e, por isso, ao abrigo da violência imperante no país – o entusiasmo pelas eleições tenha sido escasso, embora «muitos sejam exilados fugidos ao domínio de Saddam Hussein» como informa a agência noticiosa Reuters (22.1.05), que adianta estes números: após os 4 dias de recenseamento eleitoral inicialmente previstos «apenas 93 mil de entre o milhão de potenciais eleitores que se estima existirem [fora do país] se tinham recenseado». Até os cidadãos israelitas que em tempos tenham sido iraquianos podiam votar nestas «eleições» (Haaretz, 14.1.05), mas dos 150 mil potenciais eleitores iraquianos residentes na Jordânia apenas 5 mil se tinham recenseado (Reuters). De igual número de potenciais eleitores residentes no Reino Unido apenas 31 mil se recensearam (BBC, 30.1.05). Números a reter quando ouvirmos as percentagens dos recenseados que votaram.
Já vimos outras mega-operações mediáticas para nos convencer que os iraquianos estão felizes com a ocupação do seu país, ou que ocorreu um «ponto de viragem» na situação: foi assim com o «derrube da estátua», com a captura de Saddam, ou a «transição da soberania para o novo governo iraquiano» em Junho de 2004. Mas a realidade é outra. Para mostrar quem realmente manda, basta ouvir Bush garantir, no discurso radiofónico na véspera das «eleições», que os soldados dos EUA continuarão no Iraque (Reuters, 29.1.05). Para nos lembrar o que é essa ocupação temos as novas fotografias documentando as torturas nas prisões do «Iraque livre» – desta vez às mãos das tropas dum país da União Europeia (GB). Para mostrar o que é a resistência temos o derrube de 2 helicópteros dos EUA (19 militares mortos) e do avião militar C-130 britânico (15 mortos) e os 2 mortos no ataque à Embaixada dos EUA em Bagdade (instalada no tão ridicularizado Palácio Presidencial de Saddam Hussein...).
A solução para a tragédia iraquiana exige a retirada imediata das tropas de ocupação. E urge acabar com o colaboracionismo dos governantes portugueses com a máquina imperialista de guerra, torturas e mentiras, que segundo múltiplas fontes se prepara agora para atacar o Irão. Está aí mais uma razão para o voto na CDU no próximo dia 20!