Audição do PCP sobre política económica

Portugal não está condenado ao atraso

A destruição do aparelho produtivo é o grande obstáculo ao desenvolvimento do País, concluiu o PCP na audição realizada no passado dia 12.

Há que pôr fim à política que cavou o fosso entre ricos e pobres

A iniciativa integrava-se na preparação do programa eleitoral do PCP para as próximas eleições e visou, com sucesso, auscultar e receber contribuições de um conjunto de especialistas e personalidades das mais variadas áreas acerca das perspectivas de desenvolvimento económico do País. Dirigentes e deputados do Partido e sindicalistas estiveram presentes, para além de várias outras pessoas. No centro do debate esteve fundamentalmente a política económica, nomeadamente os problemas e constrangimentos que o Pacto de Estabilidade coloca à economia nacional. Mas foram também avançadas algumas linhas para uma política alternativa de desenvolvimento para o País.
Recolhidos contributos e opiniões, coube ao secretário-geral do Partido encerrar a audição. Para Jerónimo de Sousa, o principal problema do País não são as contas públicas e o controlo do défice, mas ao modelo económico seguido: assente nos baixos salários e nas baixas qualificações, «quando a produtividade do aparelho produtivo e a competitividade da economia portuguesa exigem precisamente o contrário».
O problema do País é, sublinhou, fundamentalmente do aparelho produtivo e não orçamental. Estes últimos resultam de uma «economia cada vez mais subcontratada, dependente e apendicular e que vem alienando os seus principais centros de decisão e, crescentemente, a substituição da produção nacional pela estrangeira».
O que Portugal precisa é, afirmou o dirigente do PCP, de uma política que defenda a produção nacional e que, «recusando a continuação da privatização e liberalização de serviços, assegure a preservação pública de alavancas fundamentais da economia e serviços públicos de qualidade».

O País tem futuro

O investimento em infra-estruturas e no «capital humano», nomeadamente através da educação e formação, são também, segundo Jerónimo de Sousa, uma prioridade para o País. Daí o PCP defender que as despesas de investimento não deviam «contar para o défice». O Pacto de Estabilidade, defendeu, «deve ser revisto tendo em conta esta questão», pois a economia nacional necessita de despesas orçamentais superiores aos 3 por cento permitidos. Isto como forma de «estimular a produção, o emprego, o desenvolvimento».
A questão orçamental, para o secretário-geral comunista é, essencialmente um problema de receitas e não, como outros afirmam, de despesa. Para Jerónimo de Sousa, o equilíbrio orçamental «não pode continuar a ser conseguido à custa da diminuição da prestação das funções sociais do Estado». A questão orçamental, destacou, é «mais uma questão de receitas». Nomeadamente, lembrou, o «grave problema da evasão fiscal, escândalo das baixas taxas de IRC que a banca e os grandes grupos económicos pagam efectivamente».
O que há, sustentou, é conseguir um crescimento sustentado e a ritmos «relativamente elevados, que promova o desenvolvimento do País e potencie as receitas fiscais». Para o dirigente comunista, «este é que é o grande problema da economia portuguesa e não o do défice público».
A nível social, o grande desafio, afirmou Jerónimo de Sousa, é «pôr fim a uma política de rendimentos que nos últimos 28 anos levou a que se tenha cavado cada vez mais o fosso» entre ricos e pobres. «Que 100 famílias acumulem fortunas de 20 mil milhões de euros e milhões de portugueses conheçam as dramáticas consequências da pobreza, do desemprego, da exclusão social, enquanto uns trabalhando empobrecem, outros especulando enriquecem», denunciou.
Para o dirigente do PCP, «Portugal não está condenado ao atraso». O PCP e a CDU têm «propostas para uma outra política».


Mais artigos de: PCP

Ilegalidades na hotelaria

Os comunistas do sector da hotelaria de Coimbra denunciaram um conjunto de ilegalidades em várias empresas do sector.

Contra a destruição do sector dos transportes

O Organismo de Direcção do Sector dos Transportes de Lisboa do PCP apela aos trabalhadores para que, votando na CDU nas próximas eleições, reforcem os que pretendem travar a destruição do sector. Para os comunistas, os sucessivos governos PS, PSD e PP, sozinhos ou em coligação, «têm vindo a desenvolver uma feroz ofensiva...

CDU solidária

Uma delegação da CDU deslocou-se, na manhã do dia 13, à porta da empresa Kas Ibérica, para manifestar a sua solidariedade para com os trabalhadores e a sua luta. Da delegação faziam parte Honório Novo, actual deputado e primeiro candidato pelo distrito do Porto, e os candidatos Sérgio Teixeira e Maria Olinda Moura,...

Santana em Paris foi campanha eleitoral

A deslocação recente de Santana Lopes a Paris foi um acto de campanha eleitoral. Esta é a opinião do Secretariado do Partido da região de Paris, que denunciou o que consideram um «puro acto de propaganda eleitoral». O PCP lembra que quando a Assembleia da República foi dissolvida, o Primeiro-Ministro decidiu demitir-se e...

Confissões demagógicas

A Direcção Regional do Algarve do PCP, em nota de imprensa de segunda-feira, destaca a demagogia do candidato do PP pelo círculo de Faro, Narana Coissoró, no seguimento de uma entrevista dada ao jornal Barlavento. Após afirmar que o seu partido foi a «âncora da coligação» – numa afirmação que pouco deve ter agradado aos...

Convívios reatados

O PCP realizou no passado dia 9, no Centro de Trabalho de Vila Real de Santo António, um almoço de confraternização, com a presença de Rui Fernandes, da Comissão Política, e de José Cruz, candidato na lista da CDU pelo distrito de Faro.Rui Fernandes deu nota da situação política e das batalhas do momento, à mais de meia...

Encontros do PCP

O PCP promoveu, nas últimas semanas, um conjunto de encontros com diversas entidades, de várias áreas de intervenção. No dia 11, delegações da direcção do PCP receberam a Associação de Jovens Agricultores de Portugal e a Associação Nacional das Regiões de Turismo. No dia 14, o PCP recebeu a Associação Sindical dos...