Trabalhadores desmentem administrador

Embuste nos CTT

A Comissão de Trabalhadores e o sindicato denunciaram o acto de «autopromoção e hipocrisia» do Presidente do CA, Horta e Costa, na sua carta alusiva à quadra festiva.
Através de comunicados emitidos em tempo de festas, a Comissão de Trabalhadores e o Sindicato Nacional dos Correios e Telecomunicações, anunciaram não compreender a satisfação manifestada pela administração na carta que classificam como um verdadeiro embuste. Na mesma, o administrador afirma que os CTT terminaram o ano com resultados positivos que possibilitaram premiar trabalhadores «que não regatearam esforços em apoiar o desenvolvimento» da empresa.
Em resposta, o SNTCT/CGTP-IN, veio lembrar que 2004 terminou com os trabalhadores em luta contra a destruição da empresa.
Enaltecendo a forte participação na greve dos dias 10 e 11 de Dezembro, a mesma estrutura exigiu a demissão de Horta e Costa devido à gestão classificada de ruinosa.
O sindicato esclarece que o facto de a greve não ter conseguido a total adesão deveu-se a «pressões, chantagens e principalmente ao clima de medo criado na empresa».

Resultados falseados

Por seu lado, a Comissão de Trabalhadores veio recordar que o maior indicador financeiro para avaliar a qualidade da gestão é o resultado operacional, ou seja, a diferença entre as receitas e os custos operacionais.
Analisando os resultados a partir destes parâmetros, enquanto em 2003 o resultado foi de 51 milhões de euros, em 2004, o resultado situou-se nos 23.
Esta Organização Representativa dos Trabalhadores recorda ainda que, não tivesse Bagão Félix acabado com o fundo de pensões dos CTT, e as transferências para o fundo teriam tido como consequência um ano ainda mais negativo, com prejuízos avaliados entre os 80 e os 100 milhões de euros (16 a 20 milhões de contos).
Quanto aos objectivos respeitantes à evolução da qualidade dos serviços, «a triste realidade do dia-a-dia fala por si»: aumentaram os tempos de espera nos atendimentos e o correio azul para as ilhas passou de um para dois dias.
A externalização de serviços que a administração diz ter sido positiva foi também fortemente criticada, uma vez que só os serviços de informática custaram mais 20 milhões de euros nos primeiros dez meses do ano passado, do que no mesmo período de tempo em 2003.
A passagem de serviços para fora da empresa realizou-se, segundo a CT, através da coacção, da ameaça e de processos «profundamente traumáticos do ponto de vista humano e organizacional».
Quanto á anunciada por Horta e Costa, melhoria da qualidade dos serviços, a CT recorda que se trata de uma «bandeira bastante esfarrapada», uma vez que, em 2003, todos os indicadores «ficaram aquém dos objectivos traçados». Como penalização, a ANACOM forçou os CTT a baixar as tarifas em um por cento, tendo originado uma quebra de receitas de, pelo menos, 10 milhões de contos.
A CT denuncia ainda os gastos com carros de topo de gama – Audi 6 -, cada um com um custo de 12 mil contos, e os aumentos de vencimento escandalosos dos cargos de direcção.

Retrato da incompetência

Ao omitir os verdadeiros resultados das medidas adoptadas em 2004, a administração considerou positiva a sua gestão. Ao todo, a CT denunciou 17 das mais gravosas:

– Extinção de mais de 2000 postos de trabalho.
– O encerramento de inúmeras estações de correio.
– A parceria fantasma com a Fidelidade Confiança.
– A liquidação abrupta do Banco Postal.
– A venda da participação na Esegur.
– A venda de um edifício por um milhão de contos a menos do seu valor real.
– A venda em perda de diversos edifícios, propriedade do fundo de pensões, e os consequentes contratos de arrendamento que, segundo a CT, fizeram os compradores realizar um chorudo negócio.
– A venda do edifício da Av. da República, em Lisboa, em troca do arrendamento de uma loja no centro comercial Saldanha que, segundo a CT, «praticamente deixou de ter clientes».
– O esbanjamento de recursos em publicidade, na nova imagem, com a «festarola» do dia mundial dos correios, em 2004.
– O encerramento sumário da creche para os filhos dos trabalhadores.
– A entrega da gestão do subsistema de saúde à PT e a consequente redução e o mais difícil acesso aos benefícios previstos no Regulamento de Obras Sociais.
– O «emprateleiramento» de dezenas de quadros «experientes e conhecedores dos negócios dos correios», ao mesmo tempo que foram admitidos novos funcionários pagos «a preço de ouro» e que não acrescentaram qualquer benefício à empresa.
– Os outsourcings de clareza e utilidade duvidosas.
– O recurso a consultoras com carácter permanente, como a Central M, cuja utilidade, a CT diz desconhecer.

A estas medidas se devem os piores resultados de sempre e a «imagem de incompetência», com o tráfego aos níveis do ano 2000. As ORT’s fazem votos para que 2005 seja «o ano do princípio do fim do pesadelo que vivemos desde Julho de 2002».


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