Sinistra hipocrisia
não há limites para o cinismo e hipocrisia das apregoadas «democracias ocidentais»
As eleições de Domingo para a presidência da Autoridade Palestiniana confirmaram o favoritismo do candidato Mahmoud Abbas. Efectuadas em condições de ocupação israelita e ingerência permanente, as eleições na Palestina constituíram, apesar de tudo, uma jornada de mobilização do povo palestiniano, e um testemunho das suas profundas aspirações à completa e integral soberania e independência nacionais, e da importância atribuída à preservação da sua unidade. Ou seja, exactamente aquilo que, como é sabido, está na mira da ofensiva colonizadora em curso. Aliando a repressão terrorista, com requintes de métodos nazis – sempre a coberto da «luta» contra o terrorismo que objectiva e intencionalmente propicia –, à prédica democratizadora, a estratégia sionista-imperialista procura tenebrosamente aniquilar a resistência nos territórios ocupados e submeter a causa palestiniana, na linha do projecto messiânico-genocida do «Grande Israel».
A ofensiva israelita processa-se em estreita sintonia com a intervenção imperialista dos EUA no Médio Oriente, onde pontifica a criminosa ocupação do Iraque, com o seu rol, infindável, de violações de todas as convenções existentes e possíveis dos Direitos Humanos. O atoleiro em que este país se transformou para as forças ocupantes, fruto da resistência popular iraquiana, travou certamente o ímpeto do militarismo norte-americano em estender no imediato a agressão a outros países. No entanto, persistem e intensificam-se as ameaças e pressões contra a Síria e o Irão.
A agenda de Sharon, apontando para um regime de «liberdade condicional» e «dominação consentida» nos territórios ocupados, com uma Palestina fragmentada em territórios descontínuos e guetos, expropriada dos seus recursos e circunscrita ao anel exterior económico-militar israelita – veja-se o plano de retirada unilateral de Gaza, antecipadamente «compensado» pela construção do «muro de separação» na Cisjordânia, instrumento expansionista por excelência –, articula-se perfeitamente com a iniciativa norte-americana do Grande Médio Oriente, o megalómano plano que visa reformular o mapa da região que vai do Magrebe ao Paquistão, transformando-a em zona do domínio político, económico e social dos EUA e do imperialismo.
Neste contexto, a repetição exaustiva, pela corte canora dos paladinos da «democracia descartável» – renovado meio intervencionista ao serviço do grande capital –, do discurso obsceno que descortina no desaparecimento de Arafat um «contributo para a paz», constitui uma despudorada tentativa de legitimação da política de terrorismo de Estado e das atrocidades cometidas por Israel.
A dissertação bizantina sobre o «processo de democratização» em desenvolvimento nos acantonados territórios palestinianos que anima a burguesia é de tal modo galvanizante, que Tony Blair logo se encarrega de organizar uma conferência dedicada ao «fortalecimento» da administração palestiniana, embora condicionada aos resultados eleitorais! Por sua vez, a Administração Bush volta a acenar com o malogrado road map (o tal que nas vésperas da invasão do Iraque, impondo condições draconianas aos palestinianos, prometia-lhes a criação de um Estado em 2005).
Nos caminhos da subjugação das forças progressistas e de libertação nacional, não há limites para o cinismo e hipocrisia das apregoadas «democracias ocidentais».
Na questão palestiniana, por entre o ruído ensurdecedor, há que não perder de vista, porém, o essencial: o continuado incumprimento das resoluções da ONU que estabelecem a criação do Estado palestiniano de pleno direito com capital em Jerusalém Oriental, o desmantelamento dos colonatos e o direito de retorno dos refugiados. É para com estes objectivos legítimos do povo palestiniano que é necessária a solidariedade internacional.
A ofensiva israelita processa-se em estreita sintonia com a intervenção imperialista dos EUA no Médio Oriente, onde pontifica a criminosa ocupação do Iraque, com o seu rol, infindável, de violações de todas as convenções existentes e possíveis dos Direitos Humanos. O atoleiro em que este país se transformou para as forças ocupantes, fruto da resistência popular iraquiana, travou certamente o ímpeto do militarismo norte-americano em estender no imediato a agressão a outros países. No entanto, persistem e intensificam-se as ameaças e pressões contra a Síria e o Irão.
A agenda de Sharon, apontando para um regime de «liberdade condicional» e «dominação consentida» nos territórios ocupados, com uma Palestina fragmentada em territórios descontínuos e guetos, expropriada dos seus recursos e circunscrita ao anel exterior económico-militar israelita – veja-se o plano de retirada unilateral de Gaza, antecipadamente «compensado» pela construção do «muro de separação» na Cisjordânia, instrumento expansionista por excelência –, articula-se perfeitamente com a iniciativa norte-americana do Grande Médio Oriente, o megalómano plano que visa reformular o mapa da região que vai do Magrebe ao Paquistão, transformando-a em zona do domínio político, económico e social dos EUA e do imperialismo.
Neste contexto, a repetição exaustiva, pela corte canora dos paladinos da «democracia descartável» – renovado meio intervencionista ao serviço do grande capital –, do discurso obsceno que descortina no desaparecimento de Arafat um «contributo para a paz», constitui uma despudorada tentativa de legitimação da política de terrorismo de Estado e das atrocidades cometidas por Israel.
A dissertação bizantina sobre o «processo de democratização» em desenvolvimento nos acantonados territórios palestinianos que anima a burguesia é de tal modo galvanizante, que Tony Blair logo se encarrega de organizar uma conferência dedicada ao «fortalecimento» da administração palestiniana, embora condicionada aos resultados eleitorais! Por sua vez, a Administração Bush volta a acenar com o malogrado road map (o tal que nas vésperas da invasão do Iraque, impondo condições draconianas aos palestinianos, prometia-lhes a criação de um Estado em 2005).
Nos caminhos da subjugação das forças progressistas e de libertação nacional, não há limites para o cinismo e hipocrisia das apregoadas «democracias ocidentais».
Na questão palestiniana, por entre o ruído ensurdecedor, há que não perder de vista, porém, o essencial: o continuado incumprimento das resoluções da ONU que estabelecem a criação do Estado palestiniano de pleno direito com capital em Jerusalém Oriental, o desmantelamento dos colonatos e o direito de retorno dos refugiados. É para com estes objectivos legítimos do povo palestiniano que é necessária a solidariedade internacional.