Com determinação

Mobilizar, organizar e esclarecer

Rui Fernandes (Membro da Comissão Política do PCP)
O XVII Congresso confirmou um Partido que não renega a sua história, a sua memória e a sua luta. Mas confirmou também, e por isso mesmo, um Partido que, consciente das dificuldades, está disposto a ir à luta para as vencer.

É tempo de mudar, É tempo de um com­pro­misso com a es­pe­rança.

Estamos confrontados com a necessidade de arregaçarmos as mangas e partirmos para a batalha da mobilização, organização e esclarecimento em torno das próximas eleições.
A política de direita que tem dominado, ano após ano, a vida portuguesa, desperdiçou meios, desmantelou o aparelho produtivo, generalizou a corrupção, aumentou as desigualdades sociais, fez crescer a desconfiança na acção política.
Ano após ano, eles falaram, falaram, e foram atacando os direitos sociais e desvirtuando o regime democrático.
É tempo de mudar! É tempo de um compromisso com a esperança.
Desde logo a esperança de que vale a pena lutar. Mas esperança também numa outra política que aposte nos portugueses, nas suas capacidades e vontades. A esperança resultante da convicção de que o que melhor serve Portugal é a luta por uma sociedade mais livre e solidária e que isso só é possível derrotando as políticas de direita.
Uma esperança que resulte de uma política que valorize os trabalhadores, combata as injustiças sociais, sacuda visões fatalistas, imprima confiança.
É tempo de afirmar um Portugal independente e soberano, cujo compromisso fundamental seja com a causa da paz e da solidariedade.
É tempo de dizer que: é necessário que os portugueses, desde logo os atingidos pela política de direita, assumam o compromisso de reforçar os que dia-a-dia, todos os dias, lutam pela defesa dos seus interesses e aspirações. É tempo de dar mais força ao PCP e dia 20 de Fevereiro votar na CDU por um Portugal com futuro.
Isto requer, como salientou o Comité Central na sua reunião de 12 de Dezembro, o combate a dinâmicas que se vão desenvolver no sentido do voto útil e da bipolarização. Requer ter presente que é o PS quem afirma alto e bom som as suas pretensões hegemónicas nada dizendo sobre as políticas concretas. Requer ter presente que sendo preciso derrotar a direita nesta versão de «forças separáveis mas não separadas», é também preciso derrotar as políticas de direita que ao longo de mais de 25 anos têm vindo a ser implementadas, sempre a flagelar os trabalhadores, sempre a flagelar o povo. É preciso dizer: chega de mais do mesmo.

É pre­ciso ousar!

A fonte da crise que atinge a nossa sociedade, e de um modo mais geral o mundo, não está nos problemas que hoje se põem à humanidade. Está nas respostas que lhes dá o capital.
Para todos os membros do Partido, para todas as organizações do Partido, é tempo de planificar a intervenção. Planificar a intervenção para o contacto rua-a-rua, porta-a-porta. É tempo de cada militante assumir um compromisso de contribuição para a mobilização e intervenção com vista ao esclarecimento.
É igualmente tempo de uma atenção muito especial à necessidade de reforçar financeiramente o Partido. É, pois, necessário que cada camarada assuma o compromisso de dar corpo à campanha em curso do Dia de Salário. Não raras vezes, a timidez, a falta de confiança, conduz à perda de possibilidades por não se ir ao contacto junto de outras pessoas. E também não raras vezes a importância desta tarefa é subestimada. É preciso ousar.
É igualmente tempo de irmos concretizando a campanha de contacto com a organização com vista à actualização de dados. Desde logo é preciso não partir de concepções de antagonismo entre o trabalho eleitoral e a realização da campanha. Esta campanha é também uma forma de fazer trabalho eleitoral. Se temos zonas onde constam membros do Partido sem contacto há muitos anos, será bom que aproveitemos para planificar uma ida a esse local que permita distribuir propaganda e, simultaneamente, esclarecer situações de ligação ao Partido. Além do mais, estes são contactos e esclarecimentos que podem rasgar horizontes e perspectivas tendo em conta as eleições autárquicas que se aproximam e cuja preparação não pode parar.
O ano político que se coloca diante de todos nós necessita de um forte empenhamento, determinação e uma mais fina quadrícula de planificação e rigor na execução.
Temos de conseguir, num contacto muito estreito, chegar aos que já têm uma certa opinião formada conquistando-os, mas chegar também aos que deviam já ter opinião formada, ditada pela sua própria situação social, mas ainda não a têm.
É preciso levar a luta ao voto por um Portugal com futuro!


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