Bonzinhos e mauzões
Quem estiver mais atento já terá percebido que, na generalidade da comunicação social, está em curso uma espécie de folhetim em torno dos que seriam uns bonzinhos e dos que seriam uns mauzões face a um provável futuro Governo do PS.
No quadro deste folhetim, mais baseado em duvidosas deduções do que em declarações autênticas, merecem referência algumas afirmações feitas por Fernando Rosas, dirigente do Bloco de Esquerda, no passado fim-de-semana.
Assim, pelo Público online de 18/12, ficámos a saber que afirmou que o Bloco terá «a preocupação de não frustar o mandato que for conferido pelos eleitores a um governo do PS» e que, para além de viabilizar um Orçamento Rectificativo desse governo, se recusará «a votar a favor de qualquer moção de rejeição – que seja apresentada pelo PSD, CDS-PP ou PCP – ao programa do Governo do PS». E, pelo Público de 19/12, ficámos ainda a saber que, com recorte de piada a alguém, F. Rosas também explicou que o Bloco não vai ter «a preocupação de atacar o PS ou de lhe pedir para entrar no Governo».
Sobre tudo isto, e dando uma sapatada na história (mal contada) dos bonzinhos e dos mauzões, comecemos por assinalar que meter o PCP a par do PSD e do CDS num cenário de apresentação de moções de rejeição do programa de um provável Governo do PS acabado de sair de eleições é um puro acto de má-fé e de amnésia.
Com efeito, a verdade é que tanto em Novembro de 1995 como em Novembro de 1999, na investidura parlamentar de dois governos do PS saídos de precedentes eleições, o PCP não apresentou (nem votou a favor de) qualquer moção de rejeição de programa.
E o melhor da história está em que quem o fez, em Novembro de 1999, foi precisamente o Bloco de Esquerda, numa iniciativa de que o PCP se demarcou e que Fernando Rosas defendeu apaixonadamente em artigo no Público (de 10.11.1999).
Por isso, nesta matéria, em vez de distanciar o BE do que o PCP supostamente poderia fazer, teria sido mais honesto que Fernando Rosas tivesse simplesmente garantido que o Bloco não fará em Março de 2005 o que, contra a opinião do PCP, fez em Novembro de 1999!.
E para um perfil mais completo dos «bonzinhos», recordemos apenas que não foi nenhum dirigente do PCP mas Fernando Rosas que, a vinte dias das eleições de 17 de Março de 2002 e referindo-se ao Programa Eleitoral apresentado por Ferro Rodrigues, escreveu no Público (27/02) que «trata-se do programa mais recuado que, nos últimos anos, o PS apresentou» e que «os dois programas eleitorais de António Guterres são um arrojo e um grito de esquerda ao pé do que hoje Ferro Rodrigues nos apresenta». E, já agora, que foi Francisco Louçã que, no penúltimo dia dessa campanha, proclamou ma Aula Magna que PS e PSD eram «irmãos absolutamente siameses».
No quadro deste folhetim, mais baseado em duvidosas deduções do que em declarações autênticas, merecem referência algumas afirmações feitas por Fernando Rosas, dirigente do Bloco de Esquerda, no passado fim-de-semana.
Assim, pelo Público online de 18/12, ficámos a saber que afirmou que o Bloco terá «a preocupação de não frustar o mandato que for conferido pelos eleitores a um governo do PS» e que, para além de viabilizar um Orçamento Rectificativo desse governo, se recusará «a votar a favor de qualquer moção de rejeição – que seja apresentada pelo PSD, CDS-PP ou PCP – ao programa do Governo do PS». E, pelo Público de 19/12, ficámos ainda a saber que, com recorte de piada a alguém, F. Rosas também explicou que o Bloco não vai ter «a preocupação de atacar o PS ou de lhe pedir para entrar no Governo».
Sobre tudo isto, e dando uma sapatada na história (mal contada) dos bonzinhos e dos mauzões, comecemos por assinalar que meter o PCP a par do PSD e do CDS num cenário de apresentação de moções de rejeição do programa de um provável Governo do PS acabado de sair de eleições é um puro acto de má-fé e de amnésia.
Com efeito, a verdade é que tanto em Novembro de 1995 como em Novembro de 1999, na investidura parlamentar de dois governos do PS saídos de precedentes eleições, o PCP não apresentou (nem votou a favor de) qualquer moção de rejeição de programa.
E o melhor da história está em que quem o fez, em Novembro de 1999, foi precisamente o Bloco de Esquerda, numa iniciativa de que o PCP se demarcou e que Fernando Rosas defendeu apaixonadamente em artigo no Público (de 10.11.1999).
Por isso, nesta matéria, em vez de distanciar o BE do que o PCP supostamente poderia fazer, teria sido mais honesto que Fernando Rosas tivesse simplesmente garantido que o Bloco não fará em Março de 2005 o que, contra a opinião do PCP, fez em Novembro de 1999!.
E para um perfil mais completo dos «bonzinhos», recordemos apenas que não foi nenhum dirigente do PCP mas Fernando Rosas que, a vinte dias das eleições de 17 de Março de 2002 e referindo-se ao Programa Eleitoral apresentado por Ferro Rodrigues, escreveu no Público (27/02) que «trata-se do programa mais recuado que, nos últimos anos, o PS apresentou» e que «os dois programas eleitorais de António Guterres são um arrojo e um grito de esquerda ao pé do que hoje Ferro Rodrigues nos apresenta». E, já agora, que foi Francisco Louçã que, no penúltimo dia dessa campanha, proclamou ma Aula Magna que PS e PSD eram «irmãos absolutamente siameses».