A «legitimação», 2014 e a «boia»

Carlos Gonçalves
Seis meses depois do anterior, este XXVI Congresso do PPD-PSD fez-se para «legitimação» do novo «chefe». P.Santana Lopes foi eleito com 80% de votos, com apoio quase total à sua «moção» e dois ou três momentos de «paixão» entre o seu discurso encantatório e o Congresso, mas não conseguiu maioria no Conselho Nacional, a sua «renovação» não foi além do «roda e bota fora», e não foram menos evidentes as críticas ao seu Governo, nem menos pesados os silêncios. Até a gestão encenada do seu «amor difícil» com o CDS-PP acumulou mal estar e dificuldades futuras.
A torrente palavrosa, que esforçadamente procurou sustentar em «economês», não abundou de propostas e menos ainda de soluções para as desvairadas consequências de tantos anos de políticas de direita e esteve a léguas dos problemas reais dos trabalhadores e do país. Mas, para além das «trapalhadas» e inconsistências, foi categórico no seu programa reaccionário de serviço dos grandes interesses.
Não houve o «vazio de rumo e projecto» de que falou o PS. Porque ao Engenheiro Sócrates importa falar o menos possível dos conteúdos, faltam-lhe alternativas e vontade política de as afirmar – o seu programa é «servir melhor» os mesmos interesses. E quer o poder absoluto «de bandeja», «sem lutas nem desgaste», com as políticas mais «selvagens» de direita tão concretizadas quanto possível, para ficar «tudo mais fácil» para o seu PS, mesmo à custa das enormes dificuldades da grande maioria dos portugueses.
O Congresso de Barcelos mostrou um PPD-PSD cujo cimento é o poder, os seus aparelhos e clientelas, boys, «santanetes», prebendas e negócios. Mas com a «moral em baixa» e politicamente fragilizado – é o resultado da sua política e da luta de massas contra o Governo.
Por isso, P.S.Lopes procurou potenciar a sua «legitimação» em dois objectivos. Governar até 2014(!) - o que, tal qual está o seu «apoio popular», passa por chegar ao dia 14 do próximo mês, e depois logo se vê. E apoiar Cavaco Silva para PR em 2006(!), o que, tal qual as «punhaladas fraternais» do passado recente, não foi um apoio verdadeiro, mas o «deitar a luva» a uma «boia» (de expectativas) para fugir ao naufrágio.
E se até Cavaco recusou fazer de «boia» – para que não fosse ele a pagar a despesa – a nós, ainda mais se exige tudo fazer pelo fim imediato e inapelável do consulado de P.S.Lopes e deste Governo.


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