Em defesa do Fundo de Pensões

Greve histórica na CGD

Com uma adesão praticamente total, a greve de 29 de Outubro demonstrou que os trabalhadores da maior instituição bancária do País não estão dispostos a ceder às intenções de Bagão Félix e do Governo.

O Fundo de Pensões da CGD possui cerca de 500 milhões de contos

A greve na Caixa Geral de Depósitos teve a adesão de mais de 95 por cento dos trabalhadores, e levou ao encerramento de 98 por cento das agências – revelou o STEC, que convocou a luta (iniciativa posteriormente tomada também pelos sindicatos bancários da UGT). O Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD, em comunicado, precisou que «exceptuando as três ou quatro centenas de trabalhadores que estão na situação de contrato a prazo e que, compreensivelmente, não aderiram à greve apenas e só por receio de não verem o seu contrato renovado, a adesão à greve é massiva, mesmo em relação aos quadros intermédios».
O nível de adesão leva o sindicato a considerar que se tratou de «uma greve histórica» na CGD, com a qual «os trabalhadores estão a demonstrar que só vão parar com a sua contestação quando o ministro das Finanças abandonar, inequivocamente, a sua ameaça de extinguir o Fundo de Pensões». Bagão Félix «não pode dispor daquilo que não lhe pertence» e os funcionários da CGD «continuarão a lutar para defender e assegurar o futuro das suas reformas e também a defesa da Caixa Geral de Depósitos, como empresa de capitais exclusivamente públicos» - sublinha o sindicato, que diz esperar agora «que o sr. ministro oiça a mensagem e repondere a medida anunciada».
Para conseguir contabilizar receitas extraordinárias, que garantam que o défice do Orçamento do Estado não ultrapasse três por cento, o ministro admitiu publicamente que pensava transferir o Fundo de Pensões da CGD para a Caixa Geral de Aposentações. Enquanto aquele é constituído por obrigação legal e resulta das contribuições dos trabalhadores e das instituições bancárias, esta é financiada pelo OE, com os descontos relativos aos trabalhadores da Administração Pública. O Fundo de Pensões, como têm referido o STEC e a Comissão de Trabalhadores da CGD, é gerido de forma a que sejam rentabilizados os seus cerca de 2,5 mil milhões de euros (500 milhões de contos). Se fosse transferido para a CGA, seria contabilizada no OE uma avultada receita extraordinária, mas perdia-se a lógica da rentabilidade financeira e passavam para o Estado os encargos que o Fundo custeia.

Solidariedade

No dia da greve, a CGTP-IN enviou uma mensagem «de saudação e apoio», salientando que «a elevadíssima adesão à greve é demonstrativa da grande revolta dos trabalhadores da CGD e da sua firme determinação em defenderem os seus direitos e a própria empresa». A central considera que «a tentativa de extinção do Fundo de Pensões da CGD por parte do ministro das Finanças, Bagão Félix, insere-se na política geral do Governo, de fazer baixar o défice público à custa dos trabalhadores», com a agravante de que «não hesita em deitar a mão ao dinheiro que os trabalhadores da CGD foram descontando ao longo da sua vida».
A CGTP-IN expressa solidariedade aos trabalhadores em luta e exorta-os a manterem-se firmes e unidos. O Governo é responsabilizado «por estar a criar um clima de instabilidade nesta importante instituição, que é património do Estado, o que só pode favorecer os interesses privados daqueles que, a nível interno e externo, afiam o dente para a Caixa Geral de Depósitos e se organizam para adquiri-la por tuta e meia».


Mais artigos de: Trabalhadores

Inquérito às privatizações

Num alerta contra as privatizações, a União dos Sindicatos de Lisboa/CGTP-IN, apresentou uma exposição, no dia 29, na Praça do Rossio, em Lisboa.

MB Pereira da Costa em risco

A MB Pereira da Costa, na Amadora, está em risco de falência, motivada por uma dívida de que o Estado é principal credor. Estão em causa trezentos postos de trabalho.

Lutas confluem para dia 10

As estruturas do movimento sindical unitário preparam a mobilização dos trabalhadores para o Dia Nacional de Luta, convocado pela CGTP-IN para quarta-feira, 10 de Novembro, e que terá expressão nas concentrações marcadas para as 15 horas, em Lisboa (Rossio) e Porto (Praça da Liberdade).Para esta jornada devem convergir...

CGTP-IN debateu o poder da comunicação social

Reunindo algumas dezenas de dirigentes sindicais, a CGTP-IN levou a cabo, no dia 28 de Outubro, num hotel de Lisboa, um colóquio que teve por tema «O Poder da Comunicação Social – Informação ou Manipulação». A par do crescente domínio dos grandes grupos económicos e da grande discriminação que atinge a actividade...

Precariedade alastra nos centros comerciais

Mais de 40 por cento dos trabalhadores dos centros comerciais estão em situação precária e ilegal, denunciou sexta-feira o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal. Num comunicado, citado pela Agência Lusa, o CESP/CGTP-IN acusa os centros comerciais, na generalidade, de não pagarem...

Rechaçada na <em>Cometna</em> tentativa de despedimento

A intervenção firme dos trabalhadores da Cometna, do Sindicato dos Metalúrgicos e da Inspecção do Trabalho impediu que o gestor judicial concretizasse o despedimento colectivo imediato dos quase 60 operários que, segundo o plano de recuperação aprovado na última assembleia de credores, deverão deixar os quadros da...

Protocolo da <em>Bombardier</em> nada garante

Os 50 trabalhadores ameaçados de despedimento colectivo tiveram acesso, através da Comissão de Trabalhadores, à proposta de Protocolo da multinacional canadiana, que terá ainda de ser ratificada pelo Governo, a EMEF e a Agência Portuguesa de Investimentos. António Tremoço, disse ao Avante!, na terça-feira, que o...