Combater os ataques ao Partido

Armindo Miranda (Membro da Comissão Política do PCP)
Como sabemos, são difíceis as condições em que lutam os partidos comunistas e outras forças revolucionárias. O capitalismo procura liquidar ou neutralizar as forças que se opõem com coerência e determinação ao seu projecto hegemónico de exploração e domínio mundial. Os partidos comunistas são especialmente visados.

Dá jeito ao capital ter os «ex-comunistas» sempre à mão contra o PCP

Por isso, o PCP é alvo de uma continuada acção visando o seu desgaste, dificultar o seu crescimento na sociedade e reduzir a sua capacidade de atracção, assim como levar à sua desagregação orgânica. O capital usa, com a mestria adquirida ao longo de muitos anos, e dá-lhe jeito ter sempre à mão, os chamados «ex-comunistas» que, com uma ou outra variante, atacam o Partido a partir de uma linha comum: Acção fraccionista tentando dividi-lo e ataque cerrado à sua direcção. Sempre com o mesmo argumento. Eles são os verdadeiros comunistas, mais do que todos os outros que diariamente continuam a lutar nas empresas e nos locais de residência e nos movimentos de massas, pela alteração da situação política a favor de quem trabalha.
Com raras excepções, todos sabemos onde param tão «grandiosos» comunistas: no PS, alguns na sua ala mais à direita e até no PSD.
A fazer fé no requinte reaccionário e anticomunista de que alguns têm dado provas nos últimos tempos, também já devem ir a caminho a menos que fiquem a estagiar no cada vez mais socialdemocratizado BE. É verdade que esta ofensiva permanente tem feito mossa e prejudicado muito o nosso trabalho e o partido, porque dão dele uma má e falsa imagem e ajuda a alargar o preconceito anticomunista, mas no essencial o colectivo partidário tem respondido adequadamente e está garantida a independência de classe do partido na sua luta pela transformação da sociedade e mantém uma grande influência social e política e uma considerável influência eleitoral na sociedade portuguesa, independentemente das dificuldades que temos e que como sabemos são muitas.
Talvez por terem constado que a calúnia, a mentira e a chantagem não deram o resultado pretendido, o capital deitou mão à arma institucional e usando os partidos que defendem os seus interesses de classe (PS, PSD, CDS) e com a cumplicidade do Presidente da República, aprovaram as leis dos partidos, com as quais pretendem impor ao PCP as formas de organização numa inadmissível ingerência na sua vida interna. Tentam retirar aos militantes comunistas o direito e a liberdade conquistadas com o 25 de Abril de decidirem soberanamente o que querem que seja e como se organiza o seu Partido.
Mais esta tentativa para descaracterizar o Partido, vai continuar a merecer o repúdio e o combate dos militantes comunistas, nomeadamente na fase em que estamos de preparação do Congresso, certos de que este combate só terminará quando estas leis forem revogadas. Argumentando com uma contradição insanável alguns vão ao ponto de quererem convencer-nos de que podíamos continuar a ser um Partido revolucionário e com uma prática correspondente, usando as formas orgânicas e funcionamento dos partidos ligados ao capital. É, como se fosse possível produzir castanhas sem os respectivos castanheiros.

Os inimigos não vão desistir

Naturalmente que é uma batalha que vai continuar, mesmo para além do nosso Congresso. Já que, temos como certo que os inimigos e adversários do Partido não vão desistir como nunca desistiram no seu objectivo de destruir este instrumento tão importante que os trabalhadores e o povo português têm ao seu dispor na luta que travam contra o capital e por uma sociedade mais justa e mais solidária. Num quadro em que vamos ter muitas outras e importantes tarefas a que teremos de dar resposta, nomeadamente, o alargar a influência do Partido junto dos trabalhadores e das massas populares, afirmando o seu projecto e os seus valores distintos dos de outras forças políticas.
A luta pela alternativa política tão necessária para avançar para um verdadeiro desenvolvimento económico, ao serviço do povo e do país. Assim como, e não menos importante o juntarmos a nossa voz e coordenarmos a nossa acção com outros partidos comunistas e forças revolucionárias de outros países na luta contra o sistema capitalista e o seu carácter desumano e parasitário, que mostra, cada vez de forma mais clara a sua incapacidade para resolver os problemas da humanidade e uma manifesta tendência para os agravar.
Nesta luta tão desigual mas simultaneamente tão motivadora têm papel determinante os militantes comunistas na sua actividade diária e nas tarefas do Partido, reforçando, renovando e rejuvenescendo os organismos. métodos e estilos de trabalho por forma a apetrechar o colectivo partidário para as grandes lutas que temos pela frente e responder aos novos desafios a que diariamente somos desafiados e dar resposta pensando e acreditando no futuro porque lutamos.


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