A coisa está preta
Numa semana dominada internacionalmente pela campanha eleitoral norte-americana, cujos reflexos na vida política doméstica são muito mais significativos do que se pode pensar, dei por mim a pensar que a democracia – tal como é entendida nas sociedades capitalistas – é um produto cada vez mais caro.
Nos EUA, a corrida à Casa Branca já vai nos quatro mil milhões de dólares sem contabilizar os gastos da semana que agora decorre, em que os principais candidatos, Bush e Kerry, vão abrir ainda mais os cordões à bolsa na derradeira tentativa de cativarem os eleitores indecisos. Irrelevante nesta contabilidade é a campanha do candidato «alternativo», Ralph Nader, que se apresenta como independente e cujos dois por cento de intenções de voto são vistos pelos democratas como um sério obstáculo à vitória de Kerry, a tal ponto que admitem recorrer à justiça (?) para o pôr fora da corrida.
A enormidade dos montantes em jogo não deixa quaisquer dúvidas quanto à essência da musculada – em dólares – da democracia americana: qualquer um pode ser presidente… desde que haja quem pague para o pôr no cargo.
E porque não há «almoços grátis», como diria o outro, a factura é sempre cobrada, mais cedo do que tarde, ou seja, há que seguir os ditames de quem oferece o caviar. Pode ser a indústria militar ou a da construção civil que a diferença, embora não sendo despicienda, nem por isso deixa margem para outra conclusão que não seja a de que, nesta democracia, quem pode paga e quem paga manda.
É bem verdade que bem vistas as coisas quem paga de facto é o povo, ou seja, os eleitores, mas para que isso seja evidente é preciso que todos abram os olhos e vejam, o que está ainda longe de suceder. A ignorância é e sempre foi o melhor aliado dos exploradores, por mais «democratas» que se afirmem.
Também por cá a democracia caminha de mão dadas com as finanças, que por acaso andam de mal a pior. A tão propalada retoma mais parece uma via de sentido único, em que a direita retoma os privilégios à custa de quem trabalha e promete mais do mesmo que tivemos durante quase meio século. A situação está tão má que até o Presidente da República, recém distinguido com um prémio de dezenas de milhares de euros, quando questionada pelo comunicação social sobre o destino que ia dar ao dinheiro, respondeu candidamente «este é para mim», explicando que a vida está difícil.
Sem prémios, aos portugueses resta jogar no euro milhões… ou abrir os olhos.
Nos EUA, a corrida à Casa Branca já vai nos quatro mil milhões de dólares sem contabilizar os gastos da semana que agora decorre, em que os principais candidatos, Bush e Kerry, vão abrir ainda mais os cordões à bolsa na derradeira tentativa de cativarem os eleitores indecisos. Irrelevante nesta contabilidade é a campanha do candidato «alternativo», Ralph Nader, que se apresenta como independente e cujos dois por cento de intenções de voto são vistos pelos democratas como um sério obstáculo à vitória de Kerry, a tal ponto que admitem recorrer à justiça (?) para o pôr fora da corrida.
A enormidade dos montantes em jogo não deixa quaisquer dúvidas quanto à essência da musculada – em dólares – da democracia americana: qualquer um pode ser presidente… desde que haja quem pague para o pôr no cargo.
E porque não há «almoços grátis», como diria o outro, a factura é sempre cobrada, mais cedo do que tarde, ou seja, há que seguir os ditames de quem oferece o caviar. Pode ser a indústria militar ou a da construção civil que a diferença, embora não sendo despicienda, nem por isso deixa margem para outra conclusão que não seja a de que, nesta democracia, quem pode paga e quem paga manda.
É bem verdade que bem vistas as coisas quem paga de facto é o povo, ou seja, os eleitores, mas para que isso seja evidente é preciso que todos abram os olhos e vejam, o que está ainda longe de suceder. A ignorância é e sempre foi o melhor aliado dos exploradores, por mais «democratas» que se afirmem.
Também por cá a democracia caminha de mão dadas com as finanças, que por acaso andam de mal a pior. A tão propalada retoma mais parece uma via de sentido único, em que a direita retoma os privilégios à custa de quem trabalha e promete mais do mesmo que tivemos durante quase meio século. A situação está tão má que até o Presidente da República, recém distinguido com um prémio de dezenas de milhares de euros, quando questionada pelo comunicação social sobre o destino que ia dar ao dinheiro, respondeu candidamente «este é para mim», explicando que a vida está difícil.
Sem prémios, aos portugueses resta jogar no euro milhões… ou abrir os olhos.