17.º Congresso do PCP

José Capucho (Membro do Secretariado do CC do PCP)
O Partido não fechou nem fecha para Congresso. É a realidade que comprova a afirmação.

É fundamental (...) armar política e ideologicamente os membros do Partido, para resistir a pressões externas

Ao longo das últimas semanas, em simultâneo com o debate em torno das Teses/Projecto de Resolução Política e do Projecto de alteração aos Estatutos, o PCP levou a cabo um conjunto diversificado de acções e iniciativas.
Prosseguiu-se com a acção nacional de contacto com os membros do Partido para esclarecimento de situações e actualização de dados - uma acção ainda em curso; com o trabalho de reforço da organização junto da classe operária e dos trabalhadores nas empresas e locais de trabalho; e com a particular atenção e intervenção sobre os problemas dos trabalhadores e das populações.
Acrescidamente, o Partido desenvolve todo o trabalho em torno das campanhas eleitorais nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Simultaneamente está em curso a campanha de esclarecimento sob o lema: «Consigo para vencermos este Governo» e iniciou-se a Recolha Nacional de Fundos – «Um dia de salário para o Partido».
E assim vamos continuar. A intervir sobre os problemas dos trabalhadores, do nosso povo e do País, estimulando o protesto e a luta contra a política de direita, contra a exploração; a intervir na Assembleia da República e no Parlamento Europeu em defesa dos interesses e aspirações do povo português, por uma política livre do jugo dos grandes grupos monopolistas, em defesa da nossa soberania.
O prosseguimento e o necessário alargamento da discussão das Teses/Projecto de Resolução Política, nas reuniões de organismos, em plenários e assembleias das organizações, ou em amplos plenários de quadros, como os realizados na Organização da Emigração (2 e 3 de Outubro, na Alemanha) e na Organização Regional de Setúbal (5 de Outubro, no Barreiro), envolvendo milhares de camaradas em todo o País, é o caminho, promovendo o envolvimento do maior número possível de militantes, estimulando a contribuição de cada um com a sua opinião, a sua proposta ou crítica.
No actual quadro político-partidário do nosso País, uma ampla participação nos debates, nas eleições dos delegados e de uma forma geral nos trabalhos preparatórios do Congresso, é a melhor forma de resistir à persistente e diversificada ofensiva política, ideológica e legislativa que se desenvolve contra o Partido. Ofensiva que tenderá a intensificar-se com o aproximar da data do Congresso.

Marcar a diferença

É, pois, fundamental que, a par do debate e reflexão sobre os principais problemas da situação nacional e internacional, da luta dos trabalhadores e de outras classes e camadas sociais, da organização do Partido e do seu reforço, se fortaleçam e aprofundem as diferenças entre o PCP e os outros partidos, se denuncie, se arme política e ideologicamente os membros do Partido, para resistir a pressões externas que visam impor ao Partido preceitos e funcionamentos que levariam ao seu enfraquecimento, divisão e desagregação - de que são exemplo as inconstitucionais Lei dos Partidos e a Lei sobre o financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais, e as pressões de alguma comunicação social sobre a nossa vida interna. Comunicação social que com meias palavras, insinuações e falsidades, procurará incutir a dúvida em muitos membros do Partido, o desalento e a falsa ideia de que no PCP tudo é mau e caminha para pior. E que nos outros partidos é tudo muito democrático e que funciona às mil maravilhas!
Marcar a diferença, garantir que os militantes participem com a sua intervenção individual e colectiva na construção da linha política do Partido e na proposta de lista para o novo Comité Central, lista a apresentar ao Congresso do Partido pelo Comité Central cessante, é demonstrar mais uma vez que o Congresso do PCP é o Congresso do Partido e que as suas deliberações são o resultado de uma ampla, democrática e enriquecedora reflexão colectiva.
É garantir que o 17.º Congresso reafirme a natureza de classe do Partido, o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores, cujo objectivo é a construção de uma sociedade nova, libertada da exploração, das desigualdades, das injustiças e flagelos sociais do capitalismo - uma sociedade socialista.
É garantir que seja reafirmada e aprofundada a teoria revolucionária - o marxismo-leninismo, como teoria que nasce da vida e à vida responde, que nos permite explicar os processos de transformação social e os caminhos da emancipação dos trabalhadores.
É garantir que se aprofunde a nossa concepção de funcionamento, condição para uma profunda democracia, uma única direcção central e uma única orientação geral.
É confirmar o PCP como um grande partido nacional, profundamente ligado à classe operária, aos trabalhadores e ao povo e identificado com as suas aspirações e as suas lutas. Partido patriótico e internacionalista, profundamente empenhado na defesa dos interesses nacionais e totalmente solidário com os trabalhadores, os povos, as forças revolucionárias dos outros países.
É garantir que o PCP mantenha as condições para defender com êxito os interesses dos trabalhadores, do povo e do País, se mantenha uma força fundamental na defesa da democracia e da independência nacional, a força mais coerente e convicta na luta por uma alternativa de esquerda, se mantenha como o Partido que é, e não o que os nossos adversários pretendem que fosse. Como um Partido comunista digno desse nome.


Mais artigos de: Opinião

Boas intenções, perigosas ilusões

Tudo quanto possa contrariar a criminosa política do imperialismo norte-americano deve ser saudado. A situação internacional atingiu uma tal gravidade – nomeadamente no Médio Oriente onde estão a ser cometidos todos os dias crimes sem nome contra os povos iraquiano e palestiniano – e multiplicam-se de tal modo os sinais...

Discursos

Na passada segunda-feira o Primeiro-Ministro Santana Lopes falou ao País, o que levanta um problema.Não porque o que haja dito suscite dúvidas à hora em que foi ouvido – cada intervenção daquele homem tem um absoluto rigor facial: vale exactamente o que naquele momento afirma.O pior é o depois.Ou seja, o grande problema...

Censura & negócios SGPS

Não há dúvida que o Governo, usando o aparelho de Estado, o «PPD-PSD» e os «comentadores-santanetes», lançou uma operação para «calar» a arenga de M.R.Sousa na TVI. Aliás P.S.Lopes domina a técnica censória desde que foi patrão (falhado) do «Liberal» e da «Sábado», em 1989, e o PSD tem, nesta matéria, a escola de...

A benefício do inventário

Quem tenha acompanhado a vida política nacional nas últimas semanas - e poucos terão sido os que conseguiram escapar ao dilúvio - terá certamente pensado que o agitar das águas provocado pelo insólito desaguisado entre um ministro da maioria e um professor/comentador encartado da mesma maioria ia dar lugar a barrela...

Nas fronteiras do mesmo

Descontada a alteração verificada ao nível da banda sonora e da cor do cenário bem se pode dizer que o congresso do PS e os seus resultados ameaçam constituir-se numa mera reposição de um filme já visto. Quem dali esperasse um momento de reflexão sobre as razões da falência dos seus governos mais recentes, sobre a...