A estrela
«Aliando boa forma ao conteúdo, o que disser será, como sempre, escutado muito além das fronteiras do seu pequeno partido» - JN de 27 de Julho de 2004, pág. 51, canto superior direito, devidamente ilustrado com foto do artista a meio corpo, de braços abertos e polegares levantados.
Não é uma charada. Trata-se do anúncio da entrevista de Francisco Louçã na RPT1 com que Judite de Sousa encerrou o ciclo da ronda pelos dirigentes partidários, a propósito da situação política nacional, e que o JN decidiu pôr em destaque. Até aqui nada haveria de especial, não fora o facto de a memória não me fornecer imagens de anteriores relevos dos entrevistados que precederam o líder do «pequeno partido», não obstante pela ‘Grande entrevista’ terem passado João Soares, Paulo Portas, Carlos Carvalhas, José Sócrates e Santana Lopes. Sabendo como a memória nos prega partidas – ai a pdi, a pdi... – nada melhor do que ver claramente visto se tamanha ‘branca’ era mais uma prova da senilidade para que inexoravelmente todos caminhamos. Toca pois a consultar os jornais, uma, duas, três vezes... Nada. Tanto quanto consegui apurar, do leque de entrevistados apenas Louçã teve honras de estrela.
Pasmo. E releio mais atentamente a prosa que se reproduz de início, e pasmo outra vez. O que se antecipava no JN, sem margem para dúvidas, é que Louçã ia brilhar pela «forma e pelo conteúdo», proferir transcendentes mensagens de interesse nacional, confirmar a vocação inequívoca de grande dirigente, e demonstrar que o BE – ah o bé, o bé... – está a caminho de ser um grande partido, pelo que seria absolutamente imperdoável perder as pérolas que iam ser oferecidas de bandeja aos portugueses.
Confesso que não vi a entrevista. Meã culpa, meã culpa, meã máxima culpa. Ao ver o cartoon de Luís no PúblicoA propósito, já alguém atentou na profundidade daquela afirmação? Na sua clarividência? No seu rigor matemático? Na sua substância política?
Razão tinha o JN para o destaque. É de uma oposição como esta – séria, moderna, esclarecida, educada, pragmática, com muita verve embora com pouca base – que o país precisa para se livrar definitivamente dos comunistas e das manias dos protestos de rua e das lutas fora de moda. O capital sabe o que faz.
Não é uma charada. Trata-se do anúncio da entrevista de Francisco Louçã na RPT1 com que Judite de Sousa encerrou o ciclo da ronda pelos dirigentes partidários, a propósito da situação política nacional, e que o JN decidiu pôr em destaque. Até aqui nada haveria de especial, não fora o facto de a memória não me fornecer imagens de anteriores relevos dos entrevistados que precederam o líder do «pequeno partido», não obstante pela ‘Grande entrevista’ terem passado João Soares, Paulo Portas, Carlos Carvalhas, José Sócrates e Santana Lopes. Sabendo como a memória nos prega partidas – ai a pdi, a pdi... – nada melhor do que ver claramente visto se tamanha ‘branca’ era mais uma prova da senilidade para que inexoravelmente todos caminhamos. Toca pois a consultar os jornais, uma, duas, três vezes... Nada. Tanto quanto consegui apurar, do leque de entrevistados apenas Louçã teve honras de estrela.
Pasmo. E releio mais atentamente a prosa que se reproduz de início, e pasmo outra vez. O que se antecipava no JN, sem margem para dúvidas, é que Louçã ia brilhar pela «forma e pelo conteúdo», proferir transcendentes mensagens de interesse nacional, confirmar a vocação inequívoca de grande dirigente, e demonstrar que o BE – ah o bé, o bé... – está a caminho de ser um grande partido, pelo que seria absolutamente imperdoável perder as pérolas que iam ser oferecidas de bandeja aos portugueses.
Confesso que não vi a entrevista. Meã culpa, meã culpa, meã máxima culpa. Ao ver o cartoon de Luís no PúblicoA propósito, já alguém atentou na profundidade daquela afirmação? Na sua clarividência? No seu rigor matemático? Na sua substância política?
Razão tinha o JN para o destaque. É de uma oposição como esta – séria, moderna, esclarecida, educada, pragmática, com muita verve embora com pouca base – que o país precisa para se livrar definitivamente dos comunistas e das manias dos protestos de rua e das lutas fora de moda. O capital sabe o que faz.