Todos os anos, em Julho

José Casanova
Que remédio se não repetirmo-nos perante o repetido espectáculo que é a festança do Jardim em Chão da Lagoa? Todos os anos, em Julho, a coisa acontece, sempre com o mesmo protagonista a dar cartas; sempre com os mesmos lacaios a pegarem no andor real; sempre com o dito cujo Jardim, possuído de incontinência verbal, a cumprir o sagrado roteiro, dando a volta ao recinto e parando em cada uma das 56 barracas de comes e bebes, encharcando-se com muito tinto, poncha, uísque, cidra e cerveja e aliviando-se com palavrões, suor, arrotos e boçalidade – num espectáculo que só encontra semelhança nas festanças do rei Ubu descritas por Alfred Jarry. Sempre iguais são, igualmente, os discursos: o do Jardim, que diz o que quer que seja ele a dizer; e os dos seus homens de mão, que dizem o que ele não quer dizer. De resto, e por isso mesmo, os discursos, todos, quer o do Jardim, quer o do Ramos, quer o do filho do Ramos (há quem diga que o neto do Ramos entrará em cena no próximo ano), são um só discurso, que se traduz numa sucessão de disparates, alarvidades, tontarias, imbecilidades e, o que é pior e mais grave, de provocações, insultos ao Estado e elogios ao separatismo – coisas que já deveriam ter tido, mas não tiveram, resposta de quem de direito, não só porque com o seu discurso separatista, o presidente do Governo Regional da Madeira se coloca fora da lei, mas também porque o grotesco personagem é membro do Conselho de Estado.
A festança, que conta, habitualmente, com a presença do Chefe, ido de Lisboa ficou este ano empobrecida: Santana Lopes, não pôde deslocar-se a Chão da Lagoa. Há quem diga que as razões que impediram a deslocação têm a ver com falta de tempo do Primeiro Ministro, ai dele, envolvido na execução das múltiplas e complexas tarefas de que o Presidente da República o encarregou. Há quem pense, no entanto, que Santana, empenhado em fazer vingar o ar sério e circunspecto que tem vindo a ensaiar, achou não ser esta a altura indicada para participar no coro do Jardim – na sua memória estão presentes e vivas as imagens do Barroso, ao lado do Jardim, a cantar o hino separatista «Madeira és livre», a gritar «Viva a Madeira livre» e a afirmar, convicto, que a Madeira de Jardim «representa a verdadeira tradição da liberdade em Portugal». Não se lembrou Santana que, se calhar, foi com essas e outras que Barroso chegou a Presidente da Comissão Europeia...


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