Congresso da US Setúbal

Confiança e determinação

Melhorar a organização sindical e envolver os trabalhadores na contratação colectiva são frentes prioritárias para a estrutura distrital da CGTP-IN, que quer mais 20 mil sindicalizados nos próximos 4 anos.

Existe um vasto campo para aumentar a sindicalização

O 7.º Congresso da União dos Sindicatos de Setúbal reuniu cerca de três centenas de dirigentes e delegados sindicais, na passada sexta-feira, no Forum Augusto Cabrita, no Barreiro. Foi analisada a actividade desenvolvida desde Março de 2000, foram definidas as linhas de acção para o próximo quadriénio e foi eleita a Direcção para este novo mandato.
Rui Paixão, coordenador da União e membro da Comissão Executiva da CGTP-IN, na intervenção de abertura dos trabalhos, referiu as dificuldades com se confrontam os trabalhadores e as suas estruturas de classe, afirmando contudo «confiança no futuro e determinação em reforçar a nossa intervenção». Esta afirmação funda-se na «intensa e dura luta travada pelos trabalhadores», como sucedeu na greve geral de Dezembro de 2002 e em «inúmeras acções nas empresas, nos sectores, na região e nacionais».
Depois de denunciar o agravamento das desigualdades na distribuição da riqueza produzida, Rui Paixão apontou, como graves efeitos da política do Governo PSD/PP, o crescimento do desemprego – apesar das promessas do ministro Bagão Félix quando apresentou o «Plano Integrado para a Península de Setúbal», do qual «mais ninguém ouviu falar» – e a destruição do aparelho produtivo. Salientou que um capítulo do Programa de Acção contém propostas concretas do movimento sindical para o distrito.

Objectivos e meios

A Resolução político-sindical, aprovada na parte final do congresso, sintetiza em seis pontos os objectivos de luta imediatos. Entre eles incluem-se a luta contra o aumento do custo de vida e pela actualização dos salários, contra o desemprego, a precariedade e o trabalho clandestino, contra a subversão do papel do Estado na Administração Pública e nos serviços públicos, pelo direito à contratação colectiva.
«A concretização destes objectivos passa obrigatoriamente por melhorar o trabalho de organização sindical e envolver os trabalhadores na contratação colectiva», salienta-se no documento. Neste contexto, o congresso estabeleceu metas para o período até 2008: sindicalizar mais 20 mil trabalhadores, eleger 600 delegados sindicais e cem representantes em comissões de higiene e segurança no trabalho.
Saudando as lutas em curso (Emef, Soflusa, Cometna, funcionários judiciais, Merloni, hotelaria, forças de segurança e Administração Pública), o congresso apontou o caminho da intensificação do esclarecimento e da acção nos locais de trabalho, para a concretização daqueles objectivos. Na agenda ficaram assinalados os dias 6 (julgamento das mulheres acusadas de aborto, em Setúbal), 15 (acção em defesa da contratação colectiva, em Lisboa) e 22 (acção contra o desemprego e por novo rumo nas políticas sociais).
Carvalho da Silva, que interveio no encerramento do congresso, reafirmou a importância vital da contratação colectiva para os trabalhadores e para os sindicatos, acusando o patronato de actuar segundo uma estratégia que visa promover a caducidade dos contratos colectivos de trabalho. Ao falar sobre a situação nacional, referiu os polémicos concursos para colocação de professores, comentando que seria interessante conhecer a empresa que o Ministério da Educação contratou para os realizar.


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