Ligações explosivas
Não é raro termos a impressão de que nos olham duvidosamente quando avançamos a suspeição – quanto a nós legítima – de que não há fumo sem fogo; de que, nestas coisas grandes da política do capital haverá fumos de corrupção e armadilhas tenebrosas. Por isso, frequente se torna não aflorar esse terreno perigoso que é o da suspeita, deixando que o tempo e que outros, menos suspeitosos que nós, deslindem os casos e venham, de provas na mão, exibir o que se tornava óbvio. Sem deixarmos de denunciar o que é flagrante, cuidamos de não sermos aqueles alarmistas que se arriscam ao descrédito de berrar pelo lobo quando – bem o sabemos – a fera ainda se demora a espreitar no escuro.
Foi assim no 11 de Setembro. Com pinças, não escrevemos que o atentado contra as torres de Manhattan, com os seus milhares de vítimas, serviam a preceito aos desígnios imperiais de Bush e companhia. Mais tarde vimos a hipótese das cumplicidades e das «desinformações» ser colocada onde menos se poderia esperar – em Washington.
O mesmo se passou com o atentado de Madrid, em 11 de Março. Se não corremos, como alguns, atrás do isco de Aznar e Rajoy, a culpar a ETA, também não acusámos a parelha espanhola de saber já de tudo e de usar a preceito um massacre que se virou contra o feiticeiro. A pergunta «A quem serve o atentado?», não fomos nós que a lançámos. O povo espanhol se encarregou disso, manifestando a sua dúvida e, na dúvida, derrotou o PP.
Agora é o próprio e insuspeito jornal El Mundo a publicar o que antes se suspeitava. Que a polícia sabia muito bem – ou devia saber – quem estava por detrás do atentado. Dois dos detidos por facilitar os explosivos usados no massacre eram informadores da polícia! Trata-se do marroquino Rafá Zuher, que terá conseguido ao terrorista Jamal Zougan os 200 quilos de explosivo plástico. Rafá, um delinquente de pouca monta, era informador de um capitão da Guardia Civil. Terá sido ele que, segundo El Mundo, conheceu o fornecedor do material, um ex-mineiro de nome Suárez Trashorras, que vendeu a Jamal o explosivo a troco de 6000 euros e 25 quilos de haxixe. Este Suárez também era, ele próprio, informador da Polícia Nacional espanhola.
A coisa passou-se aqui ao lado, mas a imprensa portuguesa andava muito distraída, apesar dos berros indignados do ex-ministro do Interior, Angel Acebes, quando o novo ministro acusou o anterior governo de «imprevisão política». Os berros foram muitos, mas não chegaram a Portugal, com os jornais a festejarem o «alargamento»...
Foi assim no 11 de Setembro. Com pinças, não escrevemos que o atentado contra as torres de Manhattan, com os seus milhares de vítimas, serviam a preceito aos desígnios imperiais de Bush e companhia. Mais tarde vimos a hipótese das cumplicidades e das «desinformações» ser colocada onde menos se poderia esperar – em Washington.
O mesmo se passou com o atentado de Madrid, em 11 de Março. Se não corremos, como alguns, atrás do isco de Aznar e Rajoy, a culpar a ETA, também não acusámos a parelha espanhola de saber já de tudo e de usar a preceito um massacre que se virou contra o feiticeiro. A pergunta «A quem serve o atentado?», não fomos nós que a lançámos. O povo espanhol se encarregou disso, manifestando a sua dúvida e, na dúvida, derrotou o PP.
Agora é o próprio e insuspeito jornal El Mundo a publicar o que antes se suspeitava. Que a polícia sabia muito bem – ou devia saber – quem estava por detrás do atentado. Dois dos detidos por facilitar os explosivos usados no massacre eram informadores da polícia! Trata-se do marroquino Rafá Zuher, que terá conseguido ao terrorista Jamal Zougan os 200 quilos de explosivo plástico. Rafá, um delinquente de pouca monta, era informador de um capitão da Guardia Civil. Terá sido ele que, segundo El Mundo, conheceu o fornecedor do material, um ex-mineiro de nome Suárez Trashorras, que vendeu a Jamal o explosivo a troco de 6000 euros e 25 quilos de haxixe. Este Suárez também era, ele próprio, informador da Polícia Nacional espanhola.
A coisa passou-se aqui ao lado, mas a imprensa portuguesa andava muito distraída, apesar dos berros indignados do ex-ministro do Interior, Angel Acebes, quando o novo ministro acusou o anterior governo de «imprevisão política». Os berros foram muitos, mas não chegaram a Portugal, com os jornais a festejarem o «alargamento»...