«Evolução» à portugesa
O Governo de Durão Barroso intensificou nos últimos dias a campanha em torno da propalada «evolução» em que decidiu centrar as comemorações oficiais dos 30 anos do 25 de Abril. Orquestrados pela batuta ministerial, personagens diversos do jet set da denominada sociedade civil saíram à liça para confirmar que sim senhor, que Portugal evoluiu nas últimas três décadas, pelo que estamos todos de parabéns, mesmo que haja para aí uns aspectos a carecer de correcção, coisa pouca, obviamente, e nada mais natural, que a democracia é um processo inacabado e a perfeição não existe.
Contentes consigo próprios e prolíferos no discurso redondo de quem acredita ter no umbigo o centro do mundo, tais personagens embarcam alegremente na versão do Governo segundo a qual os «excessos» da Revolução foram - felizmente - atalhados a tempo e, graças à mudança de agulha imposta há 28 anos, o País entrou nos eixos e avança decididamente na senda da «evolução».
Encantatório como o canto da sereia, o discurso fácil embala até os espíritos mais cépticos. Pena é que a realidade fique a milhas de distância, como mais uma vez se comprova com o estudo comparativo divulgado anteontem pelo Diário Económico. Fazendo o paralelo entre Portugal e os 10 países que vão integrar a União Europeia, verifica-se que a «evolução» não afecta a «coerência» demonstrada nas últimas décadas e que o País se mantém firme no fundo da tabela num sector determinante para o desenvolvimento de qualquer sociedade: os níveis de escolaridade.
Vejamos alguns exemplos. De acordo com um estudo elaborado pela Fundação Europeia da Formação, os portugueses têm os piores níveis de literacia a matemática, escrita e leitura; a taxa de abandono escolar em Portugal é três vezes superior à média registada nos países do alargamento; a percentagem média da população activa dos países do alargamento com o ensino secundário completo é quatro vezes superior à registada em Portugal; apenas 2,9 por cento da população activa portuguesa participa em acções de formação ao longo da vida; o investimento por aluno no ensino superior em Portugal é inferior ao registado nos países do alargamento.
O pior é que a «evolução» continua, aprofundando o abismo que separa Portugal dos restantes países da União Europeia.
Ao que parece, não bastam os telemóveis e os cartões de crédito, de que o Governo tanto fala, para fazer de Portugal um país de sucesso. O que leva a concluir que esta história de tirar o «R» à Revolução pode ser útil para alguns, mas não serve o País.
Contentes consigo próprios e prolíferos no discurso redondo de quem acredita ter no umbigo o centro do mundo, tais personagens embarcam alegremente na versão do Governo segundo a qual os «excessos» da Revolução foram - felizmente - atalhados a tempo e, graças à mudança de agulha imposta há 28 anos, o País entrou nos eixos e avança decididamente na senda da «evolução».
Encantatório como o canto da sereia, o discurso fácil embala até os espíritos mais cépticos. Pena é que a realidade fique a milhas de distância, como mais uma vez se comprova com o estudo comparativo divulgado anteontem pelo Diário Económico. Fazendo o paralelo entre Portugal e os 10 países que vão integrar a União Europeia, verifica-se que a «evolução» não afecta a «coerência» demonstrada nas últimas décadas e que o País se mantém firme no fundo da tabela num sector determinante para o desenvolvimento de qualquer sociedade: os níveis de escolaridade.
Vejamos alguns exemplos. De acordo com um estudo elaborado pela Fundação Europeia da Formação, os portugueses têm os piores níveis de literacia a matemática, escrita e leitura; a taxa de abandono escolar em Portugal é três vezes superior à média registada nos países do alargamento; a percentagem média da população activa dos países do alargamento com o ensino secundário completo é quatro vezes superior à registada em Portugal; apenas 2,9 por cento da população activa portuguesa participa em acções de formação ao longo da vida; o investimento por aluno no ensino superior em Portugal é inferior ao registado nos países do alargamento.
O pior é que a «evolução» continua, aprofundando o abismo que separa Portugal dos restantes países da União Europeia.
Ao que parece, não bastam os telemóveis e os cartões de crédito, de que o Governo tanto fala, para fazer de Portugal um país de sucesso. O que leva a concluir que esta história de tirar o «R» à Revolução pode ser útil para alguns, mas não serve o País.