Promessas sem saúde
A manifestação convocada para ontem, em Lisboa, foi antecedida de denúncia pública. As promessas não estão a ser cumpridas e, afinal, a política de direita na saúde tem os efeitos esperados pelas organizações de trabalhadores.
O negócio dos privados faz mal à saúde de todos
Ao fim de dois anos de governação, os portugueses têm pior saúde, o que se revela na qualidade dos serviços, que os utentes sentem na pele, e em indicadores objectivos, que valem pela crueza dos números. Para o balanço, a CGTP-IN fez as contas às principais promessas de Durão Barroso e Luís Filipe Pereira:
– não acabaram as listas de espera, as cirurgias do programa apresentado como especial são realizadas no horário normal dos hospitais e, logo, surgiu uma nova lista;
– o défice nas contas da saúde não foi sanado, antes se agravou em 30 por cento no último ano;
– em vez de todos os portugueses terem médico de família e melhor acesso aos hospitais e centros de saúde, a «empresarialização» provoca discriminações de doentes que propiciem menores receitas ou maiores custos e, só em 12 dos 45 centros de saúde do distrito de Lisboa, há 113 mil utentes sem médico de família.
Os dados, referidos no folheto central da CGTP e na acção de denúncia pública que da União dos Sindicatos de Lisboa levou a cabo dia 2, dão mais força à decisão de realizar ontem uma concentração, com desfile entre a Maternidade Alfredo da Costa e o Ministério da Saúde. Além do movimento sindical unitário, estava prevista igualmente a participação de representantes de comissões de utentes – ou não sejam trabalhadores a grande maioria dos utentes, nesta como noutras áreas.
Fraude SA
«A história está mal contada», comentou a CGTP-IN, ao reclamar segunda-feira a realização de auditorias independentes para apurar com rigor as contas dos hospitais-empresas. Os resultados do funcionamento dos 31 hospitais que foram transformados em 34 sociedades anónimas foram divulgados oficialmente no dia 1 de Abril, mas as denúncias contra os números do ministro por parte de organizações sindicais começaram ainda na véspera.
A Federação da Função Pública alertou que ia ocorrer «mais um espectáculo de propaganda» e «publicidade enganosa», o qual se prende «com uma necessidade absoluta de manter uma situação que está provado ter fracassado completamente e de arranjar justificação para um maior financiamento nos próximos anos».
Para o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, a decisão de criar hospitais SA «é uma fraude». A acusação é fundada na contradição entre os objectivos que o Governo, na pessoa do ministro, garantiu para aquela medida e os resultados: aumento de gastos e, mesmo assim, subavaliado por critérios contabilísticos (que inflacionaram a produção); diminuição de pessoal e insatisfação dos profissionais; redução da qualidade dos cuidados (menos enfermeiros por serviço e por turno, o que terá pesado na redução do custo por doente).
Vários exemplos foram dados sexta-feira pela USL, apontando o Amadora-Sintra e os outros 5 hospitais SA criados no distrito de Lisboa.
As contas do ministro foram postas em causa igualmente por diversos responsáveis hospitalares.
Para a CGTP, «os portugueses têm o direito de saber toda a verdade» nesta matéria.
– não acabaram as listas de espera, as cirurgias do programa apresentado como especial são realizadas no horário normal dos hospitais e, logo, surgiu uma nova lista;
– o défice nas contas da saúde não foi sanado, antes se agravou em 30 por cento no último ano;
– em vez de todos os portugueses terem médico de família e melhor acesso aos hospitais e centros de saúde, a «empresarialização» provoca discriminações de doentes que propiciem menores receitas ou maiores custos e, só em 12 dos 45 centros de saúde do distrito de Lisboa, há 113 mil utentes sem médico de família.
Os dados, referidos no folheto central da CGTP e na acção de denúncia pública que da União dos Sindicatos de Lisboa levou a cabo dia 2, dão mais força à decisão de realizar ontem uma concentração, com desfile entre a Maternidade Alfredo da Costa e o Ministério da Saúde. Além do movimento sindical unitário, estava prevista igualmente a participação de representantes de comissões de utentes – ou não sejam trabalhadores a grande maioria dos utentes, nesta como noutras áreas.
Fraude SA
«A história está mal contada», comentou a CGTP-IN, ao reclamar segunda-feira a realização de auditorias independentes para apurar com rigor as contas dos hospitais-empresas. Os resultados do funcionamento dos 31 hospitais que foram transformados em 34 sociedades anónimas foram divulgados oficialmente no dia 1 de Abril, mas as denúncias contra os números do ministro por parte de organizações sindicais começaram ainda na véspera.
A Federação da Função Pública alertou que ia ocorrer «mais um espectáculo de propaganda» e «publicidade enganosa», o qual se prende «com uma necessidade absoluta de manter uma situação que está provado ter fracassado completamente e de arranjar justificação para um maior financiamento nos próximos anos».
Para o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, a decisão de criar hospitais SA «é uma fraude». A acusação é fundada na contradição entre os objectivos que o Governo, na pessoa do ministro, garantiu para aquela medida e os resultados: aumento de gastos e, mesmo assim, subavaliado por critérios contabilísticos (que inflacionaram a produção); diminuição de pessoal e insatisfação dos profissionais; redução da qualidade dos cuidados (menos enfermeiros por serviço e por turno, o que terá pesado na redução do custo por doente).
Vários exemplos foram dados sexta-feira pela USL, apontando o Amadora-Sintra e os outros 5 hospitais SA criados no distrito de Lisboa.
As contas do ministro foram postas em causa igualmente por diversos responsáveis hospitalares.
Para a CGTP, «os portugueses têm o direito de saber toda a verdade» nesta matéria.