Do Dondo a Atocha
10 de Agosto de 2001 Zenza de Itombe, 11 de Março de 2004 Atocha. Dois anos e meio separam os atentados terroristas perpetrados contra comboios de civis perto do Dondo na província de Kuanza e de ligação suburbana a Madrid. Em comum a mesma, brutal e gratuita violência, a trágica dimensão em perdas de vida (255 em Angola, 200 em Espanha), o justificado e humano sentimento de condenação que suscitam, a idêntica manifestação de pesar e solidariedade de que são credoras as vítimas e respectivas famílias.
Perante tantas e tão dramáticas semelhanças, incluindo laços culturais, surpreenderá à primeira vista tão diversas atitudes que em si suscitaram da parte de alguns. A começar pela discreta e desumana indiferença que a comunicação social atribuiu ao atentado em Zenza de Intombe, remetido para umas discretas linhas em páginas interiores e umas fugazes imagens televisivas; Prolongada na esclarecedora e deliberada omissão do grupo terrorista que o havia perpetrado, a Unita, até ao limite da confissão e reclamação por esta da sua autoria; culminada na significativa tentativa de alguns, incluindo de destacadas figuras partidárias, do PS ao PSD, para justificar o atentado bombista e para impedir uma resolução do Parlamento Europeu de condenação do acto e dos seus responsáveis.
Pelo que, perante a contrastante atitude de uns perante tão similares acontecimentos, restará a pergunta, legítima, se na sua origem estarão razões de raça, valor diverso atribuído à vida humana ou critérios de avaliação do terrorismo na base de dois escalões: o bom, aquele que pode ser tolerado porque conveniente para as estratégias políticas do poder e interesses dominantes, e o mau, aquele que malgrado servir de igual modo os que dominam, importa condenar porque legitima os seus projectos e cobre as suas responsabilidades.
O terrorismo é o que é, serve a quem serve, como a todo o momento se comprova. Merecedor de igual condenação o que resulta do fanatismo religioso, o que vive na ideologia extremista da direita ou o que se encontra assumido como política de Estado. Expressões diversas de um mesmo modo de agir mas esclarecedoramente convergentes. Todas contribuindo para impor a ordem pelo terror, buscando na outra a justificação para legitimar ocupações ou a limitação das liberdades, incentivando-se mutuamente para sobreviverem politicamente e manterem as suas ambições, de grupo ou Estado.
O terrorismo é essencialmente uma expressão intrínseca ao capitalismo, nele sobrevivendo quando erigido a conduta de Estado, a instrumento de luta contra processos progressistas e de transformação social ou a mera manifestação de desespero ou oportunismo. E portanto completamente contrário aos interesses dos trabalhadores e dos povos e em regra contra eles dirigidos.
Perante tantas e tão dramáticas semelhanças, incluindo laços culturais, surpreenderá à primeira vista tão diversas atitudes que em si suscitaram da parte de alguns. A começar pela discreta e desumana indiferença que a comunicação social atribuiu ao atentado em Zenza de Intombe, remetido para umas discretas linhas em páginas interiores e umas fugazes imagens televisivas; Prolongada na esclarecedora e deliberada omissão do grupo terrorista que o havia perpetrado, a Unita, até ao limite da confissão e reclamação por esta da sua autoria; culminada na significativa tentativa de alguns, incluindo de destacadas figuras partidárias, do PS ao PSD, para justificar o atentado bombista e para impedir uma resolução do Parlamento Europeu de condenação do acto e dos seus responsáveis.
Pelo que, perante a contrastante atitude de uns perante tão similares acontecimentos, restará a pergunta, legítima, se na sua origem estarão razões de raça, valor diverso atribuído à vida humana ou critérios de avaliação do terrorismo na base de dois escalões: o bom, aquele que pode ser tolerado porque conveniente para as estratégias políticas do poder e interesses dominantes, e o mau, aquele que malgrado servir de igual modo os que dominam, importa condenar porque legitima os seus projectos e cobre as suas responsabilidades.
O terrorismo é o que é, serve a quem serve, como a todo o momento se comprova. Merecedor de igual condenação o que resulta do fanatismo religioso, o que vive na ideologia extremista da direita ou o que se encontra assumido como política de Estado. Expressões diversas de um mesmo modo de agir mas esclarecedoramente convergentes. Todas contribuindo para impor a ordem pelo terror, buscando na outra a justificação para legitimar ocupações ou a limitação das liberdades, incentivando-se mutuamente para sobreviverem politicamente e manterem as suas ambições, de grupo ou Estado.
O terrorismo é essencialmente uma expressão intrínseca ao capitalismo, nele sobrevivendo quando erigido a conduta de Estado, a instrumento de luta contra processos progressistas e de transformação social ou a mera manifestação de desespero ou oportunismo. E portanto completamente contrário aos interesses dos trabalhadores e dos povos e em regra contra eles dirigidos.