TAP é alvo de interesses inconfessáveis

Desmantelar e privatizar

O PCP exigiu a demissão do presidente da TAP, Cardoso e Cunha, considerando-o um factor de instabilidade e de entrave à recuperação da empresa.

O Governo conduz o País a uma crise sem precedentes

Em causa, para além da apreciação negativa ao seu desempenho mais global, estão declarações recentes do presidente do conselho de administração da transportadora aérea nacional apelidando de «acto hostil à TAP» a divulgação pública dos resultados positivos da empresa.
«Afirmar, perante a divulgação de eventuais resultados positivos da empresa em 2003, que tal constitui "um acto hostil à TAP" expressa bem os objectivos que orientam
o comissário Cardoso e Cunha», afirmou o deputado comunista Lino de Carvalho, que descortinou «interesses inconfessáveis» muito para além da «arrogância e incompetência» que caracterizam a actuação daquele boy nomeado pelo Executivo de Durão Barroso.
A motivar a irritação não contida do ex-comissário da Expo 98 esteve a revelação em 13 de Fevereiro passado, por fonte oficial da empresa em declarações à Agência Lusa, de que os resultados da TAP referentes a 2003 eram superiores a 20 milhões de euros, facto esse posteriormente divulgados por vários órgãos de informação.
«Deve ser caso único no mundo que o presidente do conselho de administração de uma empresa se mostre irritado pela sua empresa apresentar lucros», observou o deputado comunista, que acabou por pôr o dedo na ferida ao sublinhar que os únicos objectivos de Cardoso e Cunha, sob orientação do Governo PSD/CDS-PP, que o nomeou, são «o desmantelamento e a privatização da empresa para a vender aos bocados» e «a continuação de uma política de despedimento dos trabalhadores».

Defender o sector público

«A evolução positiva de uma empresa pública desagrada profundamente aos evangelistas das privatizações, vendilhões do templo, para quem tais resultados põem
em causa a doutrina de que uma empresa pública só terá resultados positivos nas mãos do capital privado», acusou Lino de Carvalho, defendendo que a TAP, bem
como as restantes empresas e sectores estratégicos do Estado, devem manter-se «no sector público ao serviço de Portugal».
Recorde-se que a TAP, onde os trabalhadores não vêem os seus salários actualizados há quatro anos, passou de resultados negativos cifrados em 122 milhões de euros, há dois anos, para anunciados resultados contabilísticos positivos, em 2003, na ordem dos 26 milhões de euros.
Na resposta, em vez de aludir à atitude do responsável da TAP ou clarificar a estratégia quanto ao futuro desta, o PSD, pela voz do deputado Fernando Pedro Moutinho, limitou-se a repetir a estafada lengalenga de que os comunistas querem é fomentar «a instabilidade da empresa e a agitação social».
Denunciado por Lino de Carvalho foi ainda um conjunto de outras privatizações inseridas numa política que, advertiu, «está a conduzir o País a uma crise sem precedentes».
Citados foram os casos da Companhia das Lezírias – mais de 20 mil hectares da melhor terra produtiva agrícola do País, há muito cobiçados pela especulação imobiliária - , dos sectores estratégicos da energia e das águas (EPAL, EDP, Rede Eléctrica Nacional, Galp), das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, da Portucel, entre tantas outras.


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