Há cada vez mais mulheres no mercado de trabalho

Desigualdade continua na ordem do dia

As mulheres com as mesmas capacidades profissionais dos homens ganham em média 20 por cento menos, revela a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Dos 550 milhões de trabalhadores mais pobres, 60 % são mulheres

Um estudo da OIT, divulgado na véspera do dia Internacional da Mulher, conclui que o «explosivo crescimento da força de trabalho feminina não foi acompanhado de uma verdadeira melhoria da situação sócio-económica das mulheres, nem conduziu a um salário idêntico por um trabalho igual».
Segundo o relatório, as mulheres com as mesmas capacidades profissionais dos homens ganham em média 20 por cento menos. Entre os mais desfavorecidos, a situação é ainda mais dramática: dos 550 milhões de trabalhadores mais pobres do mundo, ou seja, cujo rendimento é inferior ou igual a um dólar por dia, 60 por cento são mulheres.
De acordo com a OIT, existem actualmente 1,1 mil milhões de mulheres no mercado de trabalho, num total de 2,8 mil milhões de trabalhadores, o que representa um acréscimo de 200 milhões só na última década. É nos países de Leste que a proporção de mulheres no total dos trabalhadores é mais elevada (91 por cada 100 homens), seguindo-se os países industrializados (76 trabalhadoras por cada 100 trabalhadores). Na América Latina a proporção é de 64 para 100, o que representa uma redução de seis pontos em apenas 10 anos.
Esta crescente feminilização da mão-de-obra está longe de se reflectir em mais equidade nos salários. O estudo da OIT revela, pelo contrário, que mesmo nas profissões tradicionalmente femininas - como é o caso dos enfermeiros e dos professores -, os homens ganham mais. O mesmo sucede em actividades altamente especializadas, como a informática. As diferenças salariais agravam-se ainda mais nas profissões ditas «masculinas», chegando a ultrapassar os 20 por cento.
Entretanto, as mulheres continuam a ser a principais vítimas do desemprego. Em 2003, a falta de trabalho afectava 6,4 por cento das mulheres, contra 6,1 por cento dos homens na mesma situação, sendo de registar que as maiores dificuldades em encontrar um emprego atingiam a escala etária entre os 15 e os 24 anos.
A nível regional as disparidades são ainda maiores, como revelam os dados respeitantes à América Latina e Caraíbas, onde o desemprego feminino foi, o ano passada, de 10,1 por cento, contra 6,7 por cento entre os homens.

Estratégias para a igualdade

Assinalando o Dia Internacional da Mulher, a Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher, órgão dependente do Conselho Económico e Social da ONU, convocou mulheres de todo o mundo para discutirem novas estratégias em prol da igualdade entre homens e mulheres.
Reunidas na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, as participantes analisaram as recomendações do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, no sentido de um maior envolvimento dos homens na luta contra as desigualdades.
«É importante ver o homem não só como responsável por actos de violência, mas também como uma parte da solução ao problema», afirma um documento do Fundo de Desenvolvimento da ONU para a Mulher (Unifem).
Defendendo a necessidade de mudanças na educação dos jovens e das crianças, tanto nos locais de trabalho como em casa, a ONU recomenda que os programas de estudo, os livros e outros materiais didácticos sejam revistos de forma a eliminar qualquer estereótipo de sexo dominante.
Entre outras medidas, a organização propõe-se aproveitar as novas tecnologias, como a Internet, para estimular a transmissão de mensagens positivas sobre a masculinidade, que incluam questões relativas à não violência e à participação nas tarefas domésticas e no cuidado das crianças.


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