O protegido
Pedro Santana Lopes está devidamente seguro e garantido: há pelo menos um ano que beneficia da protecção do Corpo de Segurança Pessoal da PSP. Tem guarda-costas. Dois, pelos menos. Diariamente. O dia todo, de noite ou de dia, faça chuva ou faça sol. Ande o homem pelo túnel das Amoreiras a espreitar as escavações ou a descobrir em Lisboa o décimo sexto local onde prevê instalar o futuro casino, circule pela noite lisboeta a fazer o circuito das discotecas ou esteja a comentar o país em pormenor, o mundo em particular e o universo em geral num dos inevitáveis programas de televisão que, também inevitavelmente, continuam a ser postos à sua disposição. Encontre-se numa conferência de imprensa em Monsanto a explicar como se revitaliza o parque arrancando-lhe as árvores ou num encontro de autarcas no Algarve a ensinar como se governa autarquias à distância ou por procuração, ande a dar entrevistas para anunciar que é candidato a candidato na algo longínqua candidatura à Presidência da República ou esteja mesmo, por feliz acaso e preciosos momentos, no gabinete dos paços do concelho da Câmara Municipal de Lisboa onde, por ocupar o cargo de presidente, consta que se fundamenta o pedido e a concessão da tal protecção do Corpo de Segurança da PSP.
José Vitorino, presidente da câmara municipal de Faro - correligionário de Pedro Santana Lopes e outro robusto talento na galáxia política nacional -, já se queixou que ele próprio viu recusado um pedido de segurança pessoal em tudo semelhante ao que, aparentemente, Santana formulou e obteve há cerca de um ano. Na viçosa franqueza que o caracteriza, Vitorino explicou logo porque solicitara protecção policial: estava a ser «ameaçado de morte».
Pelos vistos, as autoridades policiais e o Governo não concordaram com as ameaças, sobretudo porque as não identificaram, reconheceram ou, sequer, suspeitaram.
Ao contrário, Pedro Santana Lopes não diz por que solicitou a protecção policial, afirma mesmo que «é matéria reservada», ninguém explica porque lha deram, nunca nada se viu, no seu animado quotidiano, que vagamente se assemelhasse a uma qualquer espécie de ameaça para além das que ele próprio exerce sobre a objectividade e o bom senso e, contudo, há já um ano que arrasta na sua vibrante trajectória pelo menos dois polícias especificamente treinados, e à razão de mais de 200 contos mensais por cada um deles. Pagos, obviamente, pelo erário público.
Assim, tanto o País como José Vitorino estão perplexos sob uma interrogação comum.
O País pergunta por que está a pagar uma segurança pessoal a Santana Lopes sem saber porquê.
José Vitorino pergunta por que, sabendo ele porquê, não lhe dão também uma segurança pessoal.
Nesta delimitação, a discrepância de tratamento entre as duas personalidades não pode estar na qualidade de presidente de câmara de Santana Lopes – Vitorino é igualmente presidente da câmara, ainda por cima notoriamente «ameaçado de morte». Quanto mais não seja, segundo a sua opinião.
Aliás, há mais de 300 presidentes de câmara em exercício no país, milhares que já exerceram o cargo desde a implantação do Poder Local democrático pelo 25 de Abril e, até hoje, nenhum solicitou ou obteve qualquer protecção policial.
A não ser José Vitorino, que a viu recusada apesar de a reclamar aos berros numa conferência de imprensa.
E Pedro Santana Lopes, que a recebeu, apesar de pedida à sorrelfa e sem justificações que se vissem.
A discrepância tem outras razões.
Essencialmente, Vitorino afirma-se sob ameaça. Santana ameaça afirmar-se. Sabe-se lá o quê - é «matéria reservada». Seja como for, o Governo compra-lhe a rábula… e põe o país a pagar a despesa.
José Vitorino, presidente da câmara municipal de Faro - correligionário de Pedro Santana Lopes e outro robusto talento na galáxia política nacional -, já se queixou que ele próprio viu recusado um pedido de segurança pessoal em tudo semelhante ao que, aparentemente, Santana formulou e obteve há cerca de um ano. Na viçosa franqueza que o caracteriza, Vitorino explicou logo porque solicitara protecção policial: estava a ser «ameaçado de morte».
Pelos vistos, as autoridades policiais e o Governo não concordaram com as ameaças, sobretudo porque as não identificaram, reconheceram ou, sequer, suspeitaram.
Ao contrário, Pedro Santana Lopes não diz por que solicitou a protecção policial, afirma mesmo que «é matéria reservada», ninguém explica porque lha deram, nunca nada se viu, no seu animado quotidiano, que vagamente se assemelhasse a uma qualquer espécie de ameaça para além das que ele próprio exerce sobre a objectividade e o bom senso e, contudo, há já um ano que arrasta na sua vibrante trajectória pelo menos dois polícias especificamente treinados, e à razão de mais de 200 contos mensais por cada um deles. Pagos, obviamente, pelo erário público.
Assim, tanto o País como José Vitorino estão perplexos sob uma interrogação comum.
O País pergunta por que está a pagar uma segurança pessoal a Santana Lopes sem saber porquê.
José Vitorino pergunta por que, sabendo ele porquê, não lhe dão também uma segurança pessoal.
Nesta delimitação, a discrepância de tratamento entre as duas personalidades não pode estar na qualidade de presidente de câmara de Santana Lopes – Vitorino é igualmente presidente da câmara, ainda por cima notoriamente «ameaçado de morte». Quanto mais não seja, segundo a sua opinião.
Aliás, há mais de 300 presidentes de câmara em exercício no país, milhares que já exerceram o cargo desde a implantação do Poder Local democrático pelo 25 de Abril e, até hoje, nenhum solicitou ou obteve qualquer protecção policial.
A não ser José Vitorino, que a viu recusada apesar de a reclamar aos berros numa conferência de imprensa.
E Pedro Santana Lopes, que a recebeu, apesar de pedida à sorrelfa e sem justificações que se vissem.
A discrepância tem outras razões.
Essencialmente, Vitorino afirma-se sob ameaça. Santana ameaça afirmar-se. Sabe-se lá o quê - é «matéria reservada». Seja como for, o Governo compra-lhe a rábula… e põe o país a pagar a despesa.