Debate e decisões reafirmam

Unidade com força

Com o 10.º Congresso, a CGTP-IN ficou mais forte e melhor preparada para as duras batalhas que o movimento sindical unitário e os trabalhadores têm pela frente. O debate colectivo, no anfiteatro da ex-FIL, teve momentos em que se confrontaram posições opostas. Mas o resultado acabou por ser a votação praticamente unânime das decisões fundamentais, num ambiente de grande camaradagem e determinação para a luta.

A prioridade é a intervenção pelos direitos e interesses dos trabalhadores

Refira-se, por exemplo, o que se passou com o Programa de Acção para o próximo quadriénio. Em nome da Comissão de Redacção do congresso, José Ernesto Cartaxo lembrou que uma primeira proposta foi aprovada pelo Conselho Nacional (órgão deliberativo máximo entre congressos, que tinha 135 elementos) para debate desde final de Novembro nas estruturas da central (155 sindicatos activos, 22 uniões e 10 federações, a Interjovem e a Inter-reformados); desta segunda etapa, resultaram mais de 700 propostas de alteração, que na sua maioria vieram a ser contempladas. Na proposta-síntese, apresentada ao congresso, o Conselho Nacional inclui ainda mais duas dezenas de sugestões, feitas na sua reunião de 17 de Janeiro. No congresso foram ainda recebidas, subscritas por um mínimo de 40 delegados, cerca de 30 propostas. O texto final foi aprovado, sábado à tarde, sem votos contra e com apenas 16 abstenções.
Na votação do Relatório de Actividades, realizada de seguida, as abstenções baixaram para quatro. A Plataforma para a Acção Imediata foi aprovada por unanimidade. Igualmente unânime foi a aprovação das moções sobre o 30.º aniversário do 25 de Abril e do 1.º de Maio de 1974 e sobre organização sindical. A moção sobre a situação internacional e a luta pela paz recebeu apenas um voto contra e duas abstenções. Por fim, as votações foram celebradas por um coro de mais de mil vozes, garantindo que «a luta continua» – compromisso que tem por garantia a prática persistente e consequente dos anos decorridos.
De unidade actuante e do seu fortalecimento se tratou também durante a discussão dos Estatutos, na tarde de sexta-feira. Coube a Américo Nunes – um dos dirigentes da CGTP-IN que a partir deste congresso deixam de integrar os órgãos de direcção da central, após décadas de dedicada intervenção militante – explicar os motivos por que foram recusadas propostas para alterar a regulamentação do direito de tendência, introduzir o método proporcional de Hondt na eleição do Conselho Nacional e do Conselho Fiscalizador, eleger um Presidente do Conselho Nacional, eliminar a quotização dos sindicatos para as uniões e substituí-la por orçamentos para iniciativas comuns, suportados pelos sindicatos a elas aderentes.
Mesmo esta discussão, certamente aquela que terá proporcionado algum fundamento a quem quis apresentar o congresso como uma disputa entre «maioria» e «minorias», acabou por se saldar em votações que, na especialidade, oscilaram entre 30 e 52 votos vencidos, terminando na aprovação dos Estatutos com 1 voto contra e 43 abstenções.

Conselho Nacional

Dos 147 membros do Conselho Nacional da CGTP-IN, eleito com 782 votos favoráveis, 33 votos nulos e 37 votos brancos, há 48 nomes que surgem pela primeira vez no órgão dirigente. Nestes 48, figuram 17 elementos com idades até 35 anos.
De acordo com Américo Nunes, que apresentou a lista aos jornalistas, as mulheres aumentam, de 22 para 24 por cento, o seu peso relativo; no total, são 36 as que integram o CN. Este conta agora uma idade média de 47 anos.
Na nova composição, com mais 12 lugares que o anterior organismo, passam a estar representadas mais 17 organizações sindicais (20 ganham representantes e três perdem).
Do CN fazem parte 33 quadros técnicos (22 por cento), 45 empregados (31 por cento) e 69 operários (47 por cento).




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