As pessoas não existem
Para Santana Lopes, os lisboetas e os seus problemas não existem. Só existem as ficções criadas pelo seu «staff» para manter ocupados os residentes e os passantes… Verifica-se, aliás, desde há dois anos um fenómeno estranho: ele está sempre na comunicação social. Mas tem como pano de fundo uma cidade de Lisboa ficcionada, em que a realidade não interessa e os problemas verdadeiros da capital não têm qualquer peso. O que pesa, o que tem relevo, o que faz páginas de jornal e minutos de televisão é a ficção fabricada diariamente numa central de comando com sede nos Paços do Concelho.
O que leva destaque são as fantasias do sr. Lopes, que, de tão ficcionado, mais parece o «Santana Flopes», do «Contra-Informação». Ali, a fantasia sobrepõe-se à realidade. A realidade nem sequer existe. Não há problemas. As pessoas reais não existem.
Muitos directores da actual comunicação social vão atrás de agendas de ficção e de magia marcadas nos Paços do Concelho.
Ao fim de dois anos de tamanho embuste, as pessoas reais chegam até a duvidar sobre o que é a realidade: se esta ficção de uma Lisboa feita de éter e de cartazes, ou se serão mesmo reais os problemas que sentem, e que estão noutro plano, este nada virtual…
Antes deste fenómeno, os livros diziam que ninguém pode enganar todos durante todo o tempo. Mas, se muitas direcções de jornais e televisões gostam de ser enganadas, o engano pode durar muito tempo.
Pode durar anos, como se vê. Ora, no caso vertente, o que importa ao sr. Santana Lopes é que o engano dure mais dois anos. Só mais dois anos. Está quase, quase.
Só um exemplo
Para dar um exemplo (muitos outros podiam ser aduzidos), veja-se o caso do contrato e da saga do Parque Mayer e do arquitecto Frank Ghery. Ele já valeu, nos jornais, e com base em «fontes», qualquer coisa como cem milhões de euros.
Já foi objecto de comentários de Santana Lopes no sentido de que «se for demasiado caro pode haver recuperação do Parque com projecto de outro autor». Já valeu 28 milhões de euros. Já foi assinado em Outubro; depois em Novembro; depois «dentro de um mês»; agora poderá ser brevemente. Já foi apresentado à porta fechada aos membros da Câmara; depois adiado; depois reformulado… Que novo passe de mágica aí vem?
E depois, nestes casos, quando algo lhe corre mal ou quando já não consegue disfarçar mais o embuste, lá nos aparece no ecrã Santana Lopes a fazer o beicinho ingénuo, na sua aparente surpresa, em mais uma rábula hipócrita a prometer sempre mais alto. São verdadeiros Jogos Olímpicos da Ficção.
Honra seja feita: grande e permanente esforço faz o homem!
Continuará o abuso?
As «fontes próximas do presidente da CML» comandam portanto as agendas de redacção, com marcações de jornalistas, câmaras e microfones, e páginas inteiras dedicadas a ficções – e isto, sucessivamente, cansativamente, desde Janeiro de 2002 (há dois imaginativos mas longuíssimos anos).
Quando será que as direcções alinhadas se fartam desta saga? Até quando vão tantos responsáveis abusar da credulidade e da paciência dos seus leitores, ouvintes e espectadores? Até quando vai durar o conluio entre o sr. Lopes e os donos dos jornais, rádios e televisões? Até quando vão estas «mentirolas» sobrepor-se à vida real da Cidade, à análise da realidade, à informação útil e ligada às pessoas, ligada aos lisboetas, aos problemas da Cidade.
Problemas esses que, infelizmente se arrastam também há dois anos e cujas soluções nem sequer se vislumbram.
Vamos a contas
Passaram dois anos sobre as eleições autárquicas. É tempo de prestar contas. O que é que Santana prometeu? O que é que cumpriu? Começamos pelos transportes.
Promessa de Santana Lopes: «Recuperar eléctricos tradicionais e implementar carreiras de longo alcance; melhorar a rede de carreiras de autocarros».
O que acontece é exactamente o contrário: Santana Lopes apoia os despedimentos da Carris, e o corte sistemático de carreiras de eléctricos e de autocarros, sobretudo aos fins-de-semana, deixando bairros inteiros isolados e sem transportes. E está pronto para integrar no património da CML uma Carris em desmantelamento, para depois a vender a privados e compensar assim o défice dos cofres municipais.
Post-Scriptum – Recentemente, perante alegadas ilegalidades na obra do Túnel do Marquês, veio a público em sua defesa o ministro das Obras Públicas. Santana não sabia justificar-se? O que fica para a história é que passaram, um ao outro, um atestado de menoridade. Lamentável.
O que leva destaque são as fantasias do sr. Lopes, que, de tão ficcionado, mais parece o «Santana Flopes», do «Contra-Informação». Ali, a fantasia sobrepõe-se à realidade. A realidade nem sequer existe. Não há problemas. As pessoas reais não existem.
Muitos directores da actual comunicação social vão atrás de agendas de ficção e de magia marcadas nos Paços do Concelho.
Ao fim de dois anos de tamanho embuste, as pessoas reais chegam até a duvidar sobre o que é a realidade: se esta ficção de uma Lisboa feita de éter e de cartazes, ou se serão mesmo reais os problemas que sentem, e que estão noutro plano, este nada virtual…
Antes deste fenómeno, os livros diziam que ninguém pode enganar todos durante todo o tempo. Mas, se muitas direcções de jornais e televisões gostam de ser enganadas, o engano pode durar muito tempo.
Pode durar anos, como se vê. Ora, no caso vertente, o que importa ao sr. Santana Lopes é que o engano dure mais dois anos. Só mais dois anos. Está quase, quase.
Só um exemplo
Para dar um exemplo (muitos outros podiam ser aduzidos), veja-se o caso do contrato e da saga do Parque Mayer e do arquitecto Frank Ghery. Ele já valeu, nos jornais, e com base em «fontes», qualquer coisa como cem milhões de euros.
Já foi objecto de comentários de Santana Lopes no sentido de que «se for demasiado caro pode haver recuperação do Parque com projecto de outro autor». Já valeu 28 milhões de euros. Já foi assinado em Outubro; depois em Novembro; depois «dentro de um mês»; agora poderá ser brevemente. Já foi apresentado à porta fechada aos membros da Câmara; depois adiado; depois reformulado… Que novo passe de mágica aí vem?
E depois, nestes casos, quando algo lhe corre mal ou quando já não consegue disfarçar mais o embuste, lá nos aparece no ecrã Santana Lopes a fazer o beicinho ingénuo, na sua aparente surpresa, em mais uma rábula hipócrita a prometer sempre mais alto. São verdadeiros Jogos Olímpicos da Ficção.
Honra seja feita: grande e permanente esforço faz o homem!
Continuará o abuso?
As «fontes próximas do presidente da CML» comandam portanto as agendas de redacção, com marcações de jornalistas, câmaras e microfones, e páginas inteiras dedicadas a ficções – e isto, sucessivamente, cansativamente, desde Janeiro de 2002 (há dois imaginativos mas longuíssimos anos).
Quando será que as direcções alinhadas se fartam desta saga? Até quando vão tantos responsáveis abusar da credulidade e da paciência dos seus leitores, ouvintes e espectadores? Até quando vai durar o conluio entre o sr. Lopes e os donos dos jornais, rádios e televisões? Até quando vão estas «mentirolas» sobrepor-se à vida real da Cidade, à análise da realidade, à informação útil e ligada às pessoas, ligada aos lisboetas, aos problemas da Cidade.
Problemas esses que, infelizmente se arrastam também há dois anos e cujas soluções nem sequer se vislumbram.
Vamos a contas
Passaram dois anos sobre as eleições autárquicas. É tempo de prestar contas. O que é que Santana prometeu? O que é que cumpriu? Começamos pelos transportes.
Promessa de Santana Lopes: «Recuperar eléctricos tradicionais e implementar carreiras de longo alcance; melhorar a rede de carreiras de autocarros».
O que acontece é exactamente o contrário: Santana Lopes apoia os despedimentos da Carris, e o corte sistemático de carreiras de eléctricos e de autocarros, sobretudo aos fins-de-semana, deixando bairros inteiros isolados e sem transportes. E está pronto para integrar no património da CML uma Carris em desmantelamento, para depois a vender a privados e compensar assim o défice dos cofres municipais.
Post-Scriptum – Recentemente, perante alegadas ilegalidades na obra do Túnel do Marquês, veio a público em sua defesa o ministro das Obras Públicas. Santana não sabia justificar-se? O que fica para a história é que passaram, um ao outro, um atestado de menoridade. Lamentável.