Direita culpabiliza as mulheres
O primeiro-ministro opõe-se à alteração pelo Parlamento da legislação sobre o aborto e a qualquer novo referendo até final da Legislatura. Diz que esta é uma questão de consciência e que seria «incapaz de condenar uma mulher que opte por esse caminho», mas finge ignorar que é o Estado, através da lei penal, que regula (penalizando) a consciência das que decidem abortar.
Foi o que o País ficou a saber sobre o posição de Durão Barroso, corroborada pelos partidos da maioria, sobre a questão do aborto suscitada, desta feita, pelo julgamento de Aveiro. No debate mensal com o Primeiro-Primeiro, na semana transacta, em que a Europa fora escolhida para tema central, acabou por ser o aborto a dominar as atenções. Não por sua vontade, mas porque a isso foi obrigado pelo Secretário-Geral do PCP, que introduziu o tema, fazendo inflectir, a partir daí, toda a discussão.
«Não sente um frémito de indignação quando fica a saber que na segunda audiência daquele julgamento um investigador faz referências a marcas de sangue numa peça de roupa interior de uma das mulheres acusadas e informa ter a mesma sido forçada a exames ginecológicos», perguntou Carlos Carvalhas, interpelando directamente o Primeiro-Ministro a propósito do julgamento de Aveiro.
«Não sente ao menos uma ponta de remorso, de incómodo por ser um dos muitos que choram lágrimas de crocodilo perante a hipótese de mulheres serem condenadas a penas de prisão pelo recurso ao aborto fingindo não perceberem ou não saberem que precisamente a sua recusa de alterar a lei vigente que os torna politicamente responsáveis pelas investigações, pelos processos, pelos julgamentos e eventuais condenações que, para além de algum excesso de zelo, só são possíveis porque o art.º 140 do Código Penal dispõe o que dispõe?», inquiriu ainda o líder comunista perante um Primeiro-Ministro que, não sendo capaz de desfazer a incontornável contradição da sua posição, revelou estar prisioneiro do seu parceiro de coligação (ao ponto de o PSD ter desautorizado o seu porta-voz que, sobre esta matéria, antes da humilhação de ter de vir dizer que não disse o que disse, revelara publicamente abertura para apreciar a questão).
Foi o que o País ficou a saber sobre o posição de Durão Barroso, corroborada pelos partidos da maioria, sobre a questão do aborto suscitada, desta feita, pelo julgamento de Aveiro. No debate mensal com o Primeiro-Primeiro, na semana transacta, em que a Europa fora escolhida para tema central, acabou por ser o aborto a dominar as atenções. Não por sua vontade, mas porque a isso foi obrigado pelo Secretário-Geral do PCP, que introduziu o tema, fazendo inflectir, a partir daí, toda a discussão.
«Não sente um frémito de indignação quando fica a saber que na segunda audiência daquele julgamento um investigador faz referências a marcas de sangue numa peça de roupa interior de uma das mulheres acusadas e informa ter a mesma sido forçada a exames ginecológicos», perguntou Carlos Carvalhas, interpelando directamente o Primeiro-Ministro a propósito do julgamento de Aveiro.
«Não sente ao menos uma ponta de remorso, de incómodo por ser um dos muitos que choram lágrimas de crocodilo perante a hipótese de mulheres serem condenadas a penas de prisão pelo recurso ao aborto fingindo não perceberem ou não saberem que precisamente a sua recusa de alterar a lei vigente que os torna politicamente responsáveis pelas investigações, pelos processos, pelos julgamentos e eventuais condenações que, para além de algum excesso de zelo, só são possíveis porque o art.º 140 do Código Penal dispõe o que dispõe?», inquiriu ainda o líder comunista perante um Primeiro-Ministro que, não sendo capaz de desfazer a incontornável contradição da sua posição, revelou estar prisioneiro do seu parceiro de coligação (ao ponto de o PSD ter desautorizado o seu porta-voz que, sobre esta matéria, antes da humilhação de ter de vir dizer que não disse o que disse, revelara publicamente abertura para apreciar a questão).