Propinas
De mansinho, como quem não quer a coisa, vai-se instalando no País a crítica agastada à luta dos estudantes contra as propinas e concomitante aceitação não apenas das referidas propinas, como do seu aumento descomunal que, na maioria dos casos, cresce 200 e 300 por cento.
O Governo e a direita que o apoia desencadearam as hostilidades com dois argumentos não apenas fraudulentos, mas flagrantemente mentirosos.
Um, que o Estado (e portanto «todos nós» através dos impostos) paga a «exorbitância» de mil contos por estudante universitário, fazendo assim passar a ideia de que este Governo está a investir imenso na Educação.
Mentira. O que este Governo fez foi cortar criminosamente o seu já fraco investimento no Ensino, em termos comparativos, lançando a generalidade das universidades em sérios problemas de tesouraria ao nível do próprio funcionamento, o que significa dificuldades até no pagamento dos salários.
Quanto aos termos comparativos, até dá vontade de rir colocar os tais «mil contos por estudante universitário» pagos em Portugal a par dos vários milhares de contos que qualquer país da União Europeia (a começar pela nossa vizinha Espanha) investe na formação dos jovens.
O outro argumento, é que «toda a gente» na União Europeia paga propinas significativas, «não se percebendo» por que elas não hão-de existir em Portugal.
Mentira, outra vez. Há países na União, como a Alemanha ou a Dinamarca, que nem propinas têm, e na generalidade dos outros, como a Espanha ou a França (para falarmos dos mais próximos), paga-se muito menos do que actualmente em Portugal (antes, portanto, dos aumentos selvagens agora impostos), ao mesmo tempo que os salários são duas, três e quatro vezes superiores...
Isto são factos, assentes em números facilmente comprováveis e comparáveis. Basta ir à «Europa de todos nós».
E são estes factos que estão ficar arredados da pretensa discussão das propinas, deixando o Governo a esfregar as mãos de contente.
Parece é que cada vez mais gente – incluindo iluminados que pontificam nos jornais – anda alegremente a morder o isco de lateralidades como a da (flagrante) minoria de «meninos» que vão de bólide para a as faculdades, desprezando, através deles, a imensa maioria que está deslocada em cidades estranhas e a contar os tostões para comer porque, entretanto, as respectivas famílias já se esmifraram a pagar alojamentos muitas vezes deploráveis e sempre caríssimos.
A estes, e à esmagadora generalidade das famílias de um país onde o ordenado médio ronda os cem contos, é óbvio que um aumento de propinas que as atira para entre os 100 e os 180 contos/ano constitui manifesta violência.
No meio do barulho, ignora-se o escandaloso estrangulamento financeiro que o Governo está a impor ao Ensino, despreza-se o imperativo constitucional do ensino geral e gratuito, aceita-se mansamente a perversidade do capitalismo selvagem advogando que «quem quer Educação paga-a» e chega-se ao cúmulo de tratar com sobranceria (quando não mal disfarçado desprezo) as lutas protagonizadas pelos estudantes, a quem se vitupera a «ilegalidade» de encerrar escolas a cadeado, como se as lutas estudantis (ou quaisquer outras) só pudessem existir sob o consentimento e com o beneplácito dos poderes instituídos...
A estes repentinos «legitimistas» nem ocorreu ponderar que merece, no mínimo, consideração uma protesto de 15 mil estudantes, num tempo em que tudo está preparado para desmobilizar a participação em manifestações...
Cada geração rompe os seus próprios caminhos. Hoje, como no passado, os estudantes portugueses estão a fazê-lo. O «Não» às propinas é, em primeiro lugar, uma afirmação política profunda, que aponta claramente: a Educação é um investimento estratégico e prioritário. A pagar pelo País.
O Governo e a direita que o apoia desencadearam as hostilidades com dois argumentos não apenas fraudulentos, mas flagrantemente mentirosos.
Um, que o Estado (e portanto «todos nós» através dos impostos) paga a «exorbitância» de mil contos por estudante universitário, fazendo assim passar a ideia de que este Governo está a investir imenso na Educação.
Mentira. O que este Governo fez foi cortar criminosamente o seu já fraco investimento no Ensino, em termos comparativos, lançando a generalidade das universidades em sérios problemas de tesouraria ao nível do próprio funcionamento, o que significa dificuldades até no pagamento dos salários.
Quanto aos termos comparativos, até dá vontade de rir colocar os tais «mil contos por estudante universitário» pagos em Portugal a par dos vários milhares de contos que qualquer país da União Europeia (a começar pela nossa vizinha Espanha) investe na formação dos jovens.
O outro argumento, é que «toda a gente» na União Europeia paga propinas significativas, «não se percebendo» por que elas não hão-de existir em Portugal.
Mentira, outra vez. Há países na União, como a Alemanha ou a Dinamarca, que nem propinas têm, e na generalidade dos outros, como a Espanha ou a França (para falarmos dos mais próximos), paga-se muito menos do que actualmente em Portugal (antes, portanto, dos aumentos selvagens agora impostos), ao mesmo tempo que os salários são duas, três e quatro vezes superiores...
Isto são factos, assentes em números facilmente comprováveis e comparáveis. Basta ir à «Europa de todos nós».
E são estes factos que estão ficar arredados da pretensa discussão das propinas, deixando o Governo a esfregar as mãos de contente.
Parece é que cada vez mais gente – incluindo iluminados que pontificam nos jornais – anda alegremente a morder o isco de lateralidades como a da (flagrante) minoria de «meninos» que vão de bólide para a as faculdades, desprezando, através deles, a imensa maioria que está deslocada em cidades estranhas e a contar os tostões para comer porque, entretanto, as respectivas famílias já se esmifraram a pagar alojamentos muitas vezes deploráveis e sempre caríssimos.
A estes, e à esmagadora generalidade das famílias de um país onde o ordenado médio ronda os cem contos, é óbvio que um aumento de propinas que as atira para entre os 100 e os 180 contos/ano constitui manifesta violência.
No meio do barulho, ignora-se o escandaloso estrangulamento financeiro que o Governo está a impor ao Ensino, despreza-se o imperativo constitucional do ensino geral e gratuito, aceita-se mansamente a perversidade do capitalismo selvagem advogando que «quem quer Educação paga-a» e chega-se ao cúmulo de tratar com sobranceria (quando não mal disfarçado desprezo) as lutas protagonizadas pelos estudantes, a quem se vitupera a «ilegalidade» de encerrar escolas a cadeado, como se as lutas estudantis (ou quaisquer outras) só pudessem existir sob o consentimento e com o beneplácito dos poderes instituídos...
A estes repentinos «legitimistas» nem ocorreu ponderar que merece, no mínimo, consideração uma protesto de 15 mil estudantes, num tempo em que tudo está preparado para desmobilizar a participação em manifestações...
Cada geração rompe os seus próprios caminhos. Hoje, como no passado, os estudantes portugueses estão a fazê-lo. O «Não» às propinas é, em primeiro lugar, uma afirmação política profunda, que aponta claramente: a Educação é um investimento estratégico e prioritário. A pagar pelo País.