Dia nacional de protesto

Americanos contra a guerra

Dezenas de milhar de pessoas desfilaram nos EUA, no sábado, exigindo o fim da ocupação do Iraque. «Tragam as tropas para casa, já!» foi a palavra de ordem.

55% dos americanos consideram o número de baixas «inaceitável»

O dia nacional de protesto contra a ocupação do Iraque, convocado pela coligação Answer (sigla em inglês de Agir Agora para Deter a Guerra e o Racismo) e pela organização Paz e Justiça, superou as expectativas. As ruas de Washington, Nova Iorque, São Francisco, entre outras, encheram-se de gente apostada em fazer sentir à administração Bush que está contra a sua política belicista e imperialista.
«Era uma multidão militante e determinada. Todos estavam de acordo em que a única solução para a crise iraquiana seria os EUA saírem, trazerem as tropas para casa e deixarem os iraquianos governar o seu país. A manifestação de hoje deixa-nos optimistas quanto ao futuro do movimento pacifista e progressista nos Estados Unidos», afirmou à imprensa Bill Hackwell, porta-voz da Answer.
Também Leilani Dowell, da Answer em São Francisco, manifestou seu entusiasmo. «Estamos todos encorajados pelo facto de o povo se ter expressado, ao longo dos Estados Unidos e noutros países, para mostrar à administração Bush e ao mundo que existe um movimento que cresce dentro deste país, que é contra a guerra, contra a ocupação, contra o império».
O porta-voz internacional da Answer, Brian Becker, sublinhou por seu turno que «a guerra não acabou porque o povo iraquiano não reconhece os militares dos EUA como libertadores, mas como uma força de ocupação».
Para Becker, a realidade que a Casa Branca se recusa a aceitar é bem simples: «Eles (os iraquianos) querem que deixemos (o Iraque), os militares querem sair e o povo americano não quer que eles fiquem lá».
Coincidindo com o 2º aniversário da promulgação do «Patriotic Act» - legislação que viola os mais elementares direitos dos cidadãos, aprovada após os atentados de 11 de Setembro de 2001 em nome do combate ao terrorismo -, os protestos tornaram evidente que os norte-americanos não estão dispostos a pagar o preço da ocupação do Iraque. Uma das palavras de ordem mais ouvidas foi justamente a que reclamava «87 mil milhões de dólares para a saúde e a educação, não para a guerra e a ocupação».
Quanto ao custo de vidas humanas, que não pára de crescer, a reacção é idêntica. Uma sondagem divulgada a semana passada pelo jornal Washington Post e pela cadeia de televisão ABC revela que 55 por cento dos norte-americanos já consideram o actual número de baixas «inaceitável».

O mundo contra Bush

Tóquio, Lisboa, Florença, Madrid, Sidney, Camberra, Atenas foram algumas das cidades onde no fim-de-semana se registaram protestos contra a ocupação do Iraque.
Na Austrália, as manifestações coincidiram com a visita de Bush ao país. E em Atenas, o repúdio popular pela política imperialista norte-americana assumiu tais proporções que obrigaram o secretário de Estado, Colin Powell, a cancelar uma visita à Grécia.
No encerramento desta edição, os responsáveis da Answer não tinham feito ainda um levantamento exaustivo das manifestações realizadas um pouco por todo o mundo,
mas acreditavam que as manifestações, umas grandes, outras pequenas, atingiram «pelo menos duas dúzias de países».


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