Uribe perde referendo e Bogotá
O governo de extrema-direita do presidente Alvaro Uribe, na Colômbia, sofreu uma dupla derrota: o fracasso do referendo e a vitória da oposição em Bogotá.
Garzon reuniu o apoio das principais forças de esquerda
A eleição do sindicalista Luis Garzón para prefeito de Bogotá, no domingo, representa um claro repúdio da política de Uribe, que na véspera já havia sido forçado a reconhecer o total fracasso do referendo sobre a emenda da Constituição, tida como fundamental para aprofundar as reformas neoliberais no país.
Juan Lozano, o candidato de Uribe à prefeitura da capital, o segundo cargo mais importante da Colômbia, foi derrotado por Garzon, que obteve 47 por cento dos votos.
Candidato pelo Pólo Democrático Independente, Garzon, de 52 anos, reuniu o apoio das principais forças de esquerda, incluindo o Partido Comunista Colombiano, mas também de importantes sectores conservadores, como o Partido Liberal, que desistiu da candidatura própria em seu favor.
O cargo que Garzon vai ocupar a partir de Janeiro do próximo ano é visto como um trampolim para a presidência, facto que ganha maior relevo tendo presente que o novo prefeito de Bogotá alcançou, no ano passado, um surpreendente terceiro lugar na disputa presidencial.
De acordo com alguns observadores, o sucesso do antigo presidente da CUT - a maior central sindical colombiana - pode representar também uma alternativa à luta armada que há mais de quatro décadas combate o poder oligárquico instalado no país.
«Alguém como eu pode chegar ao poder sem usar armas», disse Garzon à Reuters, afirmando-se convicto de que «a sociedade colombiana mudou» e que «as pessoas estão cansadas de tanta agressão, de tanta polarização, tantos assassinatos».
Garzon, partidário de uma administração de centro-esquerda inspirada no modelo brasileiro do presidente Lula da Silva, afirma-se convicto de poder acabar com a resistência armada através da implementação de políticas sociais:
«Vou atacar o combustível que eles (os rebeldes) usam para justificar a guerra: os problemas sociais», afirmou Garzon.
A vergonha do referendo
Entretanto, no sábado, a resposta dos colombianos ao referendo foi elucidativa: a abstenção atingiu os 85 por cento, o que invalida os resultados. Quase nenhuma das 15 perguntas obteve os 25 por cento dos votos necessários para ser aprovada.
Para o Partido Comunista Colombiano (PCC), em comunicado divulgado no próprio dia, o «mais escandaloso foi a fraude, denunciada por diversos sectores do país».
Segundo o PCC, apesar de os primeiros resultados reflectirem o forte peso da abstenção, «de um momento para outro mudava a tendência com o argumento de que primeiro se escrutinava as mesas em que houve menor participação». Uma situação como esta não acontecia «desde 19 de abril de 1970, quando foi eleito Misel Pastrana Borrero como Presidente da República, mediante escandalosa e flagrante fraude, no governo de Carlos Lleras Restrepo», refere o documento.
A esta situação somam-se «factos tão graves como a pressão das forças policiais nas mesas de voto, como foi denunciado pelo Procurador Geral da Nação; as ameaças dos grupos paramilitares nas localidades de alta votação como Norte de Santander, Casanare, Meta, Cesar e outros; a inadmissível ingerência do embaixador dos Estados Unidos, que apelou ao combate à abstenção; a chantagem dos empresários aos trabalhadores; e a grotesca campanha presidencial que se meteu em todo o lado, inclusive distribuindo subsídios e fazendo promessas demagógicas que nunca cumprirá», denunciou o PCC, para quem «a campanha pelo referendo é uma verdadeira vergonha nacional».
Ainda segundo os comunistas colombianos, o que faz falta «é uma saída política, democrática e popular para a crise colombiana, longe do autoritarismo, do fiscalismo e do belicismo uribista». Para o conseguir, refere o PCC, a Colômbia deve «recuperar a sua autonomia, liberando-se das amarras do Fundo Monetário Internacional e do governo dos Estados Unidos, cujo embaixador em Bogotá parece o verdadeiro mandatário da república».
Juan Lozano, o candidato de Uribe à prefeitura da capital, o segundo cargo mais importante da Colômbia, foi derrotado por Garzon, que obteve 47 por cento dos votos.
Candidato pelo Pólo Democrático Independente, Garzon, de 52 anos, reuniu o apoio das principais forças de esquerda, incluindo o Partido Comunista Colombiano, mas também de importantes sectores conservadores, como o Partido Liberal, que desistiu da candidatura própria em seu favor.
O cargo que Garzon vai ocupar a partir de Janeiro do próximo ano é visto como um trampolim para a presidência, facto que ganha maior relevo tendo presente que o novo prefeito de Bogotá alcançou, no ano passado, um surpreendente terceiro lugar na disputa presidencial.
De acordo com alguns observadores, o sucesso do antigo presidente da CUT - a maior central sindical colombiana - pode representar também uma alternativa à luta armada que há mais de quatro décadas combate o poder oligárquico instalado no país.
«Alguém como eu pode chegar ao poder sem usar armas», disse Garzon à Reuters, afirmando-se convicto de que «a sociedade colombiana mudou» e que «as pessoas estão cansadas de tanta agressão, de tanta polarização, tantos assassinatos».
Garzon, partidário de uma administração de centro-esquerda inspirada no modelo brasileiro do presidente Lula da Silva, afirma-se convicto de poder acabar com a resistência armada através da implementação de políticas sociais:
«Vou atacar o combustível que eles (os rebeldes) usam para justificar a guerra: os problemas sociais», afirmou Garzon.
A vergonha do referendo
Entretanto, no sábado, a resposta dos colombianos ao referendo foi elucidativa: a abstenção atingiu os 85 por cento, o que invalida os resultados. Quase nenhuma das 15 perguntas obteve os 25 por cento dos votos necessários para ser aprovada.
Para o Partido Comunista Colombiano (PCC), em comunicado divulgado no próprio dia, o «mais escandaloso foi a fraude, denunciada por diversos sectores do país».
Segundo o PCC, apesar de os primeiros resultados reflectirem o forte peso da abstenção, «de um momento para outro mudava a tendência com o argumento de que primeiro se escrutinava as mesas em que houve menor participação». Uma situação como esta não acontecia «desde 19 de abril de 1970, quando foi eleito Misel Pastrana Borrero como Presidente da República, mediante escandalosa e flagrante fraude, no governo de Carlos Lleras Restrepo», refere o documento.
A esta situação somam-se «factos tão graves como a pressão das forças policiais nas mesas de voto, como foi denunciado pelo Procurador Geral da Nação; as ameaças dos grupos paramilitares nas localidades de alta votação como Norte de Santander, Casanare, Meta, Cesar e outros; a inadmissível ingerência do embaixador dos Estados Unidos, que apelou ao combate à abstenção; a chantagem dos empresários aos trabalhadores; e a grotesca campanha presidencial que se meteu em todo o lado, inclusive distribuindo subsídios e fazendo promessas demagógicas que nunca cumprirá», denunciou o PCC, para quem «a campanha pelo referendo é uma verdadeira vergonha nacional».
Ainda segundo os comunistas colombianos, o que faz falta «é uma saída política, democrática e popular para a crise colombiana, longe do autoritarismo, do fiscalismo e do belicismo uribista». Para o conseguir, refere o PCC, a Colômbia deve «recuperar a sua autonomia, liberando-se das amarras do Fundo Monetário Internacional e do governo dos Estados Unidos, cujo embaixador em Bogotá parece o verdadeiro mandatário da república».